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quinta-feira, 9 de junho de 2016

SOLIDÕES




           Vivemos muitas solidões!  Na verdade existem muitas formas de reagirmos ao “estar só”, muitas formas de sofrermos, ou desfrutarmos, nossa solitude.

            Talvez a solidão mais dolorosa seja a de nos vermos sós, abandonados, preteridos, esquecidos, por aqueles que, acreditávamos, nos completavam e davam significado às nossas vidas. E um dia eles se foram, levados pelos ventos da vida ou pelo irremediável da morte, deixando-nos despedaçados, faltando pedaços, com “buracos”, com vazios... Nessa solidão, abatidos por imensa dor e ainda reféns dessa crença equivocada, vemos nossa vida perder o significado, o sentido, porque tudo dependia deles...  Continuar sozinhos, agarrados eternamente em agonia ao vazio deixado pelos pedaços que estão faltando, dói demais! É terrível essa Solidão!

            Existe, também, a Solidão do orgulho e do poder, quando subjugamos, quando nos colocamos acima dos outros, quando despertamos inveja porque “somos mais e melhores”... Sentimo-nos, então, isolados, sem companhia de “iguais”, de simples semelhantes.

            Existe a Solidão do caminhar com apegos a bens que sabemos serem  finitos. A solidão do caminhante que só acredita nas conquistas desse mundo finito, em companhia de pessoas que ele acredita serem apenas finitas. A Solidão de um caminhar para o fim de tudo, com perdas e perdas... até o fim. Um caminhar cada vez mais solitário, sem a perspectiva do eterno, do Infinito.  Um caminhar sem a companhia, a presença, a força, o conforto, a orientação... de um Poder Maior de Puro Amor. A Solidão de um caminhar sem Deus!

            Existe a Solidão inerente à nossa unicidade. Somos únicos, particulares criaturas, criações de um Criador Maior. E isso, de alguma forma nos diferencia e isola. Ninguém sente e pensa, realmente, como sinto e penso; ninguém viveu a minha história, as minhas circunstâncias, com minha bagagem de defeitos e qualidades únicos.  Queremos e precisamos compartilhar com outras criaturas, também únicas, tudo que somos e sentimos. Precisamos dessas trocas para crescer, para ensinar e aprender, para nos confortar, para não nos sentirmos tão sós... Mas sabemos que apenas em parte poderemos ser entendidos e sentidos, apenas em parte conseguiremos nos identificar uns com outros! Apenas em nossa humanidade e em nossa Origem Sagrada! Essa nossa Solidão precisa ser aceita, entendida e respeitada, mas ainda assim, suavemente, ela dói...

            Mas existe uma Solidão serena, a ser saboreada, quando aprendemos a estar conosco mesmos, descobrindo, aceitando/perdoando, curtindo e gostando dessa pessoa especial que somos; quando aprendemos a ter carinho, ternura e paciência bem humorada conosco. Mas atenção, quando entendemos que somos completos e que, mesmo sós, estaremos livres, com intimidade e em nossa  gostosa companhia, poderemos ter a tentação de nos isolarmos!  Não vale a pena, porque, sempre guardando nosso espaço, poderemos desfrutar, também, da incrível criatividade de Deus em suas muitas outras criaturas! 

 A dor de qualquer Solidão nos aponta para sair do isolamento que nos congela e desumaniza e desistir da agonia da busca para nos “completar” com o Outro; nos aponta para deixar a mágoa e escolher o doar, o compartilhar... E também para aceitar a nossa solitude e nos permitir desfrutar do próprio silêncio...  As Solidões  devem nos sinalizar para uma relação mais equilibrada, sadia e livre conosco mesmos, com o Outro e com Deus.

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