Vivemos
muitas solidões! Na verdade existem
muitas formas de reagirmos ao “estar só”, muitas formas de sofrermos, ou
desfrutarmos, nossa solitude.
Talvez a solidão mais dolorosa seja
a de nos vermos sós, abandonados, preteridos, esquecidos, por aqueles que,
acreditávamos, nos completavam e davam significado às nossas vidas. E um dia
eles se foram, levados pelos ventos da vida ou pelo irremediável da morte,
deixando-nos despedaçados, faltando pedaços, com “buracos”, com vazios... Nessa
solidão, abatidos por imensa dor e ainda reféns dessa crença equivocada, vemos
nossa vida perder o significado, o sentido, porque tudo dependia deles... Continuar sozinhos, agarrados eternamente em
agonia ao vazio deixado pelos pedaços que estão faltando, dói demais! É
terrível essa Solidão!
Existe, também, a Solidão do orgulho
e do poder, quando subjugamos, quando nos colocamos acima dos outros, quando
despertamos inveja porque “somos mais e melhores”... Sentimo-nos, então,
isolados, sem companhia de “iguais”, de simples semelhantes.
Existe a Solidão do caminhar com
apegos a bens que sabemos serem finitos.
A solidão do caminhante que só acredita nas conquistas desse mundo finito, em
companhia de pessoas que ele acredita serem apenas finitas. A Solidão de um
caminhar para o fim de tudo, com perdas e perdas... até o fim. Um caminhar cada
vez mais solitário, sem a perspectiva do eterno, do Infinito. Um caminhar sem a companhia, a presença, a
força, o conforto, a orientação... de um Poder Maior de Puro Amor. A Solidão de
um caminhar sem Deus!
Existe a Solidão inerente à nossa
unicidade. Somos únicos, particulares criaturas, criações de um Criador Maior.
E isso, de alguma forma nos diferencia e isola. Ninguém sente e pensa,
realmente, como sinto e penso; ninguém viveu a minha história, as minhas
circunstâncias, com minha bagagem de defeitos e qualidades únicos. Queremos e precisamos compartilhar com outras
criaturas, também únicas, tudo que somos e sentimos. Precisamos dessas trocas
para crescer, para ensinar e aprender, para nos confortar, para não nos
sentirmos tão sós... Mas sabemos que apenas em parte poderemos ser entendidos e
sentidos, apenas em parte conseguiremos nos identificar uns com outros! Apenas em
nossa humanidade e em nossa Origem Sagrada! Essa nossa Solidão precisa ser
aceita, entendida e respeitada, mas ainda assim, suavemente, ela dói...
Mas existe uma Solidão serena, a ser
saboreada, quando aprendemos a estar conosco mesmos, descobrindo,
aceitando/perdoando, curtindo e gostando dessa pessoa especial que somos; quando
aprendemos a ter carinho, ternura e paciência bem humorada conosco. Mas
atenção, quando entendemos que somos completos e que, mesmo sós, estaremos
livres, com intimidade e em nossa
gostosa companhia, poderemos ter a tentação de nos isolarmos! Não vale a pena, porque, sempre guardando
nosso espaço, poderemos desfrutar, também, da incrível criatividade de Deus em
suas muitas outras criaturas!
A dor de qualquer
Solidão nos aponta para sair do isolamento que nos congela e desumaniza e
desistir da agonia da busca para nos “completar” com o Outro; nos aponta para
deixar a mágoa e escolher o doar, o compartilhar... E também para aceitar a
nossa solitude e nos permitir desfrutar do próprio silêncio... As Solidões
devem nos sinalizar para uma relação mais equilibrada, sadia e livre
conosco mesmos, com o Outro e com Deus.
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