Por que me
justifico tanto? Por que me justifico
com os outros, comigo mesmo, com Deus?
Sinto que essas justificativas estão ligadas ao medo e à vergonha de não
estar à altura do que se espera de mim. É consequência da não aceitação de
minhas “fracas” e reais possibilidades
naquela circunstância, da minha crença idealizada que deveria ser mais, fazer
mais, acertar sempre. Quando não, sinto-me errada, culpada... e tento me
explicar e justificar! Muitas vezes, também quando falho ou erro, tento logo me
eximir da responsabilidade pelas justificativas. E quando me sinto acuada pelas
expectativas alheias, imaginadas ou verdadeiras, busco logo me justificar,
porque quero ser aceita e valorizada. Mas também procuro justificar minhas
atitudes e escolhas porque meu orgulho não me deixa admitir que posso estar
enganada. Não quero ser menos do que desejo para mim, não quero ser menos do
que esperam de mim! Afinal, tento me explicar para ser melhor compreendida,
aceita, amada e valorizada!
Na verdade, tudo se explica, sempre
há um “porquê” que causa os nossos pensamentos, emoções, comportamentos,
reações... Mas confundimos explicação com justificativa! Oque explica, nem sempre justifica”!! O grande perigo é começar a justificar o que
não é justo, é justificar o que eu acho errado, é justificar minhas atitudes de
medo, covardia, agressividade, arrogância, desonestidade... explicando-as pelas
minhas dificuldades naturais e humanas ou pelas minhas necessidades de defender
minhas ideias, de querer orientar os outros, de querer cuidar do bem dos
outros...
Tudo explica, mas nada deverá
justificar o que, para mim, é
injustificável ou errado, o que agride, em minha
consciência, a noção de certo/errado, do bem/mal.
Não devo me deixar levar para o auto
engano de me justificar, não devo de ser desleal a mim mesmo, à minha verdade, culpando
os outros, às circunstância da vida, a Deus. Posso entender os “erros” dos
outros, posso “perdoá-los”... só não posso justificá-los. Também revendo o meu passado, confrontando-me
com meus erros, cada vez com mais experiência e maturidade, posso entendê-los,
ver explicações humanas para eles, mas não devo justificá-los, torná-los justos
e certos. Posso até perdoá-los, posso me perdoar, perdoar minhas fraquezas,
meus medos, covardias, carências... Só não posso justificá-los,
desqualificá-los... Se o fizer, estarei me enganando, me confundindo, perdendo
meu rumo na direção aos valores melhores em que acredito.