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domingo, 27 de novembro de 2016

JUSTIFICATIVAS




          Por que me justifico tanto?  Por que me justifico com os outros, comigo mesmo, com Deus?   Sinto que essas justificativas estão ligadas ao medo e à vergonha de não estar à altura do que se espera de mim. É consequência da não aceitação de minhas “fracas”  e reais possibilidades naquela circunstância, da minha crença idealizada que deveria ser mais, fazer mais, acertar sempre. Quando não, sinto-me errada, culpada... e tento me explicar e justificar! Muitas vezes, também quando falho ou erro, tento logo me eximir da responsabilidade pelas justificativas. E quando me sinto acuada pelas expectativas alheias, imaginadas ou verdadeiras, busco logo me justificar, porque quero ser aceita e valorizada. Mas também procuro justificar minhas atitudes e escolhas porque meu orgulho não me deixa admitir que posso estar enganada. Não quero ser menos do que desejo para mim, não quero ser menos do que esperam de mim! Afinal, tento me explicar para ser melhor compreendida, aceita, amada e valorizada!

            Na verdade, tudo se explica, sempre há um “porquê” que causa os nossos pensamentos, emoções, comportamentos, reações... Mas confundimos explicação com justificativa! Oque explica, nem sempre justifica”!!  O grande perigo é começar a justificar o que não é justo, é justificar o que eu acho errado, é justificar minhas atitudes de medo, covardia, agressividade, arrogância, desonestidade... explicando-as pelas minhas dificuldades naturais e humanas ou pelas minhas necessidades de defender minhas ideias, de querer orientar os outros, de querer cuidar do bem dos outros...

            Tudo explica, mas nada deverá justificar o que, para mim, é injustificável ou errado, o que agride, em minha consciência, a noção de certo/errado, do bem/mal. 

            Não devo me deixar levar para o auto engano de me justificar, não devo de ser desleal a mim mesmo, à minha verdade, culpando os outros, às circunstância da vida, a Deus. Posso entender os “erros” dos outros, posso “perdoá-los”... só não posso justificá-los.  Também revendo o meu passado, confrontando-me com meus erros, cada vez com mais experiência e maturidade, posso entendê-los, ver explicações humanas para eles, mas não devo justificá-los, torná-los justos e certos. Posso até perdoá-los, posso me perdoar, perdoar minhas fraquezas, meus medos, covardias, carências... Só não posso justificá-los, desqualificá-los... Se o fizer, estarei me enganando, me confundindo, perdendo meu rumo na direção aos valores melhores em que acredito.

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