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segunda-feira, 14 de novembro de 2016

QUANDO A ESPERANÇA TEM PRESSA...




          ALGUÉM de muita sabedoria, há muito tempo, em terras muito longínquas, já nos sinalizava para o cuidado que deveríamos ter com nossos desejos  muito intensos e ansiosos, que envolvem coisas, situações, nações, pessoas muito queridas... Quando a esperança tem pressa, quando ela já perdeu a leveza da aceitação da vida e da entrega confiante a um Poder Maior, é porque foi atropelada e distorcida por esse desejar demais. Ela se transformou em anseio delirante, em expectativa angustiada e nos aprisionou numa agonia sem fim, até sermos, finalmente, sacudidos pelo choque com a realidade – a desejada ou a temida.

            Existe o desejo envolvendo pessoas queridas, situações familiares, profissionais, políticas, religiosas, nacionais... ao qual nos entregamos com a certeza, sob nossa visão, do que é certo, do que é o melhor, do que creditamos que é o justo, que nos trará alegria,  tranquilidade, segurança, amor... No entanto, deveríamos manter esse desejo de modo confiante, simples e humilde, como a Esperança, sem a tola arrogância de pensar que só nosso desejo, e no nosso tempo, será a resposta certa para essas questões.

            E existe um outro desejo, delirante de agonia, comandado pelo medo de que algo de ruim aconteça...ou piore! Muitas vezes, nossa visão, e anseio, de uma vida feliz e idealizada, já foi ferida. Só nos resta a “esperança desesperada” de que tudo, finalmente, melhore ou o desejo apavorado de que nada jamais venha a piorar.  Recaídas... Retrocessos... Revezes... Ficamos envolvidos nesse turbilhão de desejo, expectativa e medo e, quando ao fim nos decepcionamos, confrontados com uma realidade adversa ao nosso desejo, nos desesperamos, tendemos a distorcer a intensidade da dor e nos deixamos arrastar para um círculo negativo, vicioso, de desamparo, desânimo, tristeza, raiva, medo, mais medo, muito medo - de tudo piorar ou de se perder do nosso controle – a curto ou a longo prazo. Antecipamos a dor e o horror. E nos vemos num “fundo de poço” onde só “enxergamos” escuridão. 

            Na verdade, a realidade, desejada ou temida, é o que é, SÓ POR HOJE! Medos e desejos pertencem ao amanhã. São uma criação cruel e irreal de nossa imaginação. São verdadeiras armadilhas de nossa mente condicionada ao passado e ao futuro e ainda muito incapacitada para viver e aceitar o Agora. Precisamos de firmeza para não nos deixar levar de modo desorientado para o “céu” ou para o horror. SOLTE-SE!

            Precisamos de um tempo para acalmar nosso coração, tão entristecido pelos desejos frustrados. Precisamos chorar, deixar liberar no pranto um pouco das dores de nossas expectativas goradas. VÁ COM CALMA, mas vá!

            Confie e ENTREGUE-SE ao consolo de um Poder Maior, Poder de Sabedoria Maior, Daquele que é o Senhor do Tempo! Dele virão o consolo, a força, o ânimo, a certeza de que tudo tem um propósito de aprendizado nesse tão complexo caminhar nosso, de nossos queridos, de nosso país, da humanidade. Dessa entrega virá a certeza de que todos nós, a seu tempo e modo, com Ele, atravessaremos nossos desertos e vales sombrios, porque  O SENHOR É MEU PASTOR...

            O Ser feliz é aquele que não deseja, apenas aceita e vive cada momento! Isso nos parece utópico, absolutamente distante e impossível da nossa realidade atual, mas é a direção que nos foi sinalizada. UM DIA DE CADA VEZ, podemos, ao menos, ir tentando segurar a intensidade de nossos desejos, podendo assim descobrir a humildade na entrega e a gostosura da Esperança -  serena e sem pressa.

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