Muitas
vezes, por puro instinto de defesa, nos afastamos ou nos resguardamos de
pessoas ou situações que nos trouxeram, ou trazem, repetidamente, muita
dor. Fugimos de pensar, de lembrar, de
nos aproximar, de nos olhar, de falar... Tudo que nos relacionava, nos incomoda,
como um enjoo físico, mental e emocional, mesmo quando acreditamos já estarem
“superados” a raiva, o susto, a decepção, a mágoa... Quando uma situação se
repete muito, incomodando e doendo muito, em algum momento parece nos havermos tornados “alérgicos” a ela. Queremos, ou
precisamos, apenas nos manter distantes. Perdemos o gosto e o jeito de nos
relacionar, de fazer tudo voltar a ser como antes. Evitamos encontros, mesmo de
olhares. Ficamos cerimoniosos, tememos a
intimidade, que antes parecia tão boa... E ficamos confusos, porque amamos tanto
aquelas pessoas! No entanto, tristemente,
é assim que, muitas vezes, nos sentimos!
É uma reação não pensada,
inconsciente, instintiva, ao que nos causa dor. É uma reação natural, mas que,
a princípio, não compreendemos e por isso nos sentimos errados, desamorosos,
culpados, por não sermos melhores, mais capazes de compaixão, de aceitação, de
perdão... Aos poucos, podemos ir
entendendo, que, apenas, fomos nos tornando “escaldados” pela dor de tudo que permitimos naquela relação: invasões,
cobranças, grosserias, manipulações, traições... Por triste ironia, por crenças equivocadas
sobre intimidade e a falta de respeito aos limites das pessoas, as relações
mais próximas, as mais queridas, são as mais atingidas por esse “fastio”
emocional.
É muito doído esse vazio entre nós e
quem amamos, embora, a princípio, precisemos e prefiramos o conforto e a
segurança desse distanciamento. Precisamos de um tempo para cuidar de nossas
feridas e, principalmente, para repensar as bases daquela relação, seja com
filhos, netos, pais, irmãos, companheiros, amantes, amigos...
Mas, se nada mudar, se
Eu não mudar, as crises se repetirão e, em algum momento, não haverá volta,
não desejarei ou aceitarei voltar... e minha vida será para sempre mais pobre e
vazia do nosso amor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Se preferir, envie também e-mail para mariatude@gmail.com
Obrigada por sua participação.