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sexta-feira, 24 de agosto de 2018

FAÇA E DIGA , ENQUANTO É TEMPO !



          Embora não queiramos pensar no assunto, estamos aqui só de passagem, na Terra e em nossas relações uns com outros... E o nosso tempo está passando!

          Preciso estar atenta! A Vida é agora! Estou deixando pendências para depois? Estou “pendurando” atitudes, decisões, encontros, reencontros, aproximações... com pessoas importantes da minha vida?    Preciso fazer e dizer do meu amor, do valor que têm para mim, de minha saudade, da minha vontade de voltar a estar mais próximos...  Amanhã poderemos estar definitivamente longe pelo silêncio, afastados pelo descaso, acomodados na distância!

          O silêncio, os “não ditos”, os ressentimentos recorrentes e cultivados em lembranças tristes, talvez tenham azedado nossas relações, mas deixaram um vazio amargo onde antes habitavam sonhos e momentos felizes com irmãos, amigos, familiares, amantes... Escondido em meu coração, existe o desejo de que tudo fosse diferente, mas vou sempre adiando o agir, lhes falar, me chegar ...   E agora eu me dou conta! Amanhã poderá ser tarde demais...  Nas misteriosas decisões do tempo na Vida, talvez não exista um depois!

          Mantendo atenção e respeito no que me é possível, preciso sair dessa indecisão preguiçosa e medrosa. Não importa o tamanho e o peso dos desencontros passados e sim o desejo do encontro, A Vida á Agora, e nesse momento ainda tenho esse tempo para um reencontro, do jeito que der para ser... Vou tentando, engolindo tolos orgulhos, raivas, ressentimentos, rancores, medos... O que busco é tão melhor!

           E repito para mim: “Não deixe tanta vida prá depois”!
           A Vida sempre, é Agora !

sexta-feira, 17 de agosto de 2018

MOTIVAÇÕES



        As motivações que me levaram aos erros, hoje me parecem mais claras, mais explicadas por meu comodismo, meus medos, minha covardia perante situações muito difíceis, minha vaidade e orgulho... meu egoísmo, enfim.  Essas motivações, tão entranhadas em minha humanidade ainda tão primária, explicam, mas não justificam, as minhas atitudes! Entendo isto hoje e busco me perdoar, mas não posso ser complacente e desonesta comigo mesma. Não posso justificar o injustificável, argumentando  que o mundo é injusto, que eu merecia mais, que não quero carregar esse ônus, que preciso ser feliz...
       Tendemos a justificar nossos atos, manipulando a verdade, distorcendo os fatos para adequá-los às nossas necessidades, acusando os outros ou as injustiças e distorções sociais, e até a Natureza !  Na verdade, pertencemos a grupos humanos, somos criados e influenciados por eles, mas, ainda assim, somos seres únicos, livres e responsáveis por nossas escolhas e atitudes. Muitos abrem mão dessa responsabilidade, optando por ser apenas eternos repetidores ou eternos confrontadores, aprisionados aos grupos dos quais fazem parte. 
       Refletindo sobre motivações e justificativas, é um grande paradoxo que, hoje, finalmente num momento de grande conscientização e responsabilidade pela Vida, pelos seres vivos de todas as espécies da Natureza, resolvamos fazer uma exceção e nos justificarmos advogando o direito de destruir a vida de um Ser Humano, apenas porque sua vida se revela “inoportuna”!
       As sociedades humanas, guiadas pelas razões do ego e pela força, sempre foram injustas com as mulheres, mais vulneráveis, oprimidas, exploradas e subjugadas pelas leis dos mais fortes. Mas, hoje, em muitas sociedades que evoluíram em direção à Liberdade e ao Respeito ao Outro, as mulheres podem gritar e exigir uma igualdade de direitos. Então, torna-se tristemente irônico, incoerente e absurdo, que agora sejam elas que advoguem o direito de calar e se livrar dos mais vulneráveis, porque são “não desejados”, porque são  “inoportunos”, são “intrusos” em seus corpos, por força de uma “Natureza injusta”!     É uma solução mais prática, de novo a solução do mais forte...
        Censurar as  distorções sociais, não conseguir fazer valer minha voz nas relações com meu parceiro ou com minha família, não conseguir enfrentar meus medos, “vergonha”, vaidade, não querer abrir mão de projetos mais urgentes, porque não consegui administrar melhor meu corpo  e meus desejos, etc... tudo isso, num dado momento da vida foi demais para mim!  Mas, o fato de ter cedido às minhas dificuldades, procurando uma saída mais prática e salvadora ( para mim), não deve me levar a advogar e justificar minha fuga e meu abuso sobre um vulnerável indefeso.   
        Numa visão egóica e puramente racional poderia me justificar, gritando que sou dona do meu corpo, ignorando a realidade da Natureza, que me fez guardiã e depositária de outro corpo, desse “excesso” não desejado ou inoportuno. Essa visão poderia me isentar de toda responsabilidade. Mas, se hoje me reconheço como  um ser espiritual, buscando valores éticos e amorosos, preciso fazer uma releitura de minhas atitudes e escolhas do passado, olhando com honestidade, sem atalhos e justificativas, minhas motivações e opções, tentando me perdoar por aqueles  que prejudiquei, tentando fugir da dor, tentando ser “feliz”.
           Muitos dos medos e fraquezas do passado ainda existem em mim, com maior ou menor intensidade. Minhas escolhas do passado não devem me assombrar e açoitar em culpas para sempre, porque o passado não volta, mas não devo minimizá-las justificando-as, num processo triste de auto engano, que me leva à  estagnação.  As sociedades precisam encarar a necessidade de suas próprias mudanças, educando as mulheres para os cuidados de prevenção com sua sexualidade, protegendo-as, conscientizando-as, em vez de, novamente e como sempre, abafar, calar, abortar... os mais fracos!

sexta-feira, 10 de agosto de 2018

SEPARAÇÕES


       Toda nossa vida é um processo contínuo de separações!  Mas. apesar de fazerem parte constante de nosso caminhar, elas ressoam forte em nosso interior.  Mesmo quando já são até desejadas, elas nos sacodem, talvez  porque nelas nós experimentemos uma ruptura com o passado  (sonhado, desfrutado ou detestado), mas conhecido, e porque teremos, então, que nos defrontar com o desafio de novas situações.
        A Natureza em seu processo constante de evolução nos empurra, através das separações em nossas diferentes relações, para um contínuo caminhar.  Deixamos o conforto (bom ou mau) do modo já estabelecido e somos tomados por emoções conflitantes de medo, desamparo, saudade, culpas... e/ou de medo, excitação, curiosidade, expectativas, esperança... Cada separação é momento de transição, de confusão inicial, de liberação e de dor.
         Separações... A primeira, ao nascermos, forçados pela natureza, deixando o útero aconchegante e protegido para um mundo frio e desconhecido. Mais tarde, somos forçados pela família a deixar seu colo protetor para novos espaços, novas pessoas e novos aprendizados na escola... É o início de mais saídas e separações, que se renovarão para sempre. Novas saídas, novas separações, novas escolas, novas relações... Dói na família, dói em nós. Queríamos estar sempre juntinhos!  Mesmo nas separações gostosas para passeios, férias, viagens... no momento das despedidas, nosso coração dói e nós nos emocionamos, choramos, disfarçando ou não.  E as separações do fim da adolescência e da escola, quando ainda éramos mais protegidos, saindo, então, para o mundo adulto e duro da disputa e qualificação para os empregos?  Em cada um desses  momentos nos perguntamos:  E agora? Dói o medo da insegurança, mas que, aos poucos, vai transformando-se em experiência e autoconfiança.
        Também as separações que acontecem após nossas escolhas e entregas afetivas, antes ofuscadas pelo enamoramento e a paixão e depois decorrentes de um olhar mais lúcido e doído para a realidade... E no casamento, o choro dos pais por sentir um vazio sem volta e o dos filhos também, ainda que amenizada pela promessa de uma aventura amorosa e venturosa, “para sempre”...  Mas, em muitas vezes sobrevém a separação do “fim do sonho”, fim  de um processo de desamor, desgaste, mágoa, raiva, agonia... E, mesmo nessa separação “desejada”, ainda assim choramos com saudade dos sonhos perdidos e pelo fim de tudo que não foi...  E agora? “Pé no chão”, nova realidade, novas possibilidades, vida que continua...  
        E a aposentadoria, a separação de toda uma finalidade onde apoiamos nossos dias? Tanto a desejamos... E agora? Alegria,  confusão, susto, apatia... A necessidade de um reaprender nesse  novo tempo, de um novo olhar para velhas relações e  a descoberta de novos sentidos e prioridades na vida.
        As separações mais difíceis são pela morte física daqueles que tanto amamos... De nosso mundo material, da forma como nos relacionamos, com tanto apego no amor, parece-nos, então, a ruptura total e final! Dor, medo, vazio, não conformação, desespero... E agora? Só nos resta caminhar, continuar como pudermos, aprendendo nesse novo caminho novos significados para a vida e a morte, à espera, certamente, de um reencontro...
         A dor das separações talvez se explique também pelo medo de nos sentirmos sós e desamparados num novo momento.  Em nossa humanidade incerta e vacilante, buscamos sempre companhia, nos apegamos a pessoas, coisas e situações.  Em qualquer separação  sempre dizemos: Até breve! Volta logo! Fica com Deus!   Vai com Deus! Parece que queremos amenizar o impacto  da separação   desejando que uma Força e uma Orientação Maior nos acompanhe e, ao mesmo tempo, que permaneça com quem amamos  !  Acredito que é porque somos únicos, temos um caminho e um caminhar únicos  o que, de alguma forma, nos torna sozinhos, mas sentimos que temos uma Origem Sagrada e Única, que nos iguala e nos une.
          Após cada separação, em meio a dores pequenas ou imensas, fica sempre a pergunta – E agora?    Assustados e apegados, precisamos das separações para nos sacudir e nos fazer “pegar no tranco!   Esse Agora pode ser, então, um vazio diferente, vivo, cheio de  desafios e de novas possibilidades...