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sexta-feira, 17 de agosto de 2018

MOTIVAÇÕES



        As motivações que me levaram aos erros, hoje me parecem mais claras, mais explicadas por meu comodismo, meus medos, minha covardia perante situações muito difíceis, minha vaidade e orgulho... meu egoísmo, enfim.  Essas motivações, tão entranhadas em minha humanidade ainda tão primária, explicam, mas não justificam, as minhas atitudes! Entendo isto hoje e busco me perdoar, mas não posso ser complacente e desonesta comigo mesma. Não posso justificar o injustificável, argumentando  que o mundo é injusto, que eu merecia mais, que não quero carregar esse ônus, que preciso ser feliz...
       Tendemos a justificar nossos atos, manipulando a verdade, distorcendo os fatos para adequá-los às nossas necessidades, acusando os outros ou as injustiças e distorções sociais, e até a Natureza !  Na verdade, pertencemos a grupos humanos, somos criados e influenciados por eles, mas, ainda assim, somos seres únicos, livres e responsáveis por nossas escolhas e atitudes. Muitos abrem mão dessa responsabilidade, optando por ser apenas eternos repetidores ou eternos confrontadores, aprisionados aos grupos dos quais fazem parte. 
       Refletindo sobre motivações e justificativas, é um grande paradoxo que, hoje, finalmente num momento de grande conscientização e responsabilidade pela Vida, pelos seres vivos de todas as espécies da Natureza, resolvamos fazer uma exceção e nos justificarmos advogando o direito de destruir a vida de um Ser Humano, apenas porque sua vida se revela “inoportuna”!
       As sociedades humanas, guiadas pelas razões do ego e pela força, sempre foram injustas com as mulheres, mais vulneráveis, oprimidas, exploradas e subjugadas pelas leis dos mais fortes. Mas, hoje, em muitas sociedades que evoluíram em direção à Liberdade e ao Respeito ao Outro, as mulheres podem gritar e exigir uma igualdade de direitos. Então, torna-se tristemente irônico, incoerente e absurdo, que agora sejam elas que advoguem o direito de calar e se livrar dos mais vulneráveis, porque são “não desejados”, porque são  “inoportunos”, são “intrusos” em seus corpos, por força de uma “Natureza injusta”!     É uma solução mais prática, de novo a solução do mais forte...
        Censurar as  distorções sociais, não conseguir fazer valer minha voz nas relações com meu parceiro ou com minha família, não conseguir enfrentar meus medos, “vergonha”, vaidade, não querer abrir mão de projetos mais urgentes, porque não consegui administrar melhor meu corpo  e meus desejos, etc... tudo isso, num dado momento da vida foi demais para mim!  Mas, o fato de ter cedido às minhas dificuldades, procurando uma saída mais prática e salvadora ( para mim), não deve me levar a advogar e justificar minha fuga e meu abuso sobre um vulnerável indefeso.   
        Numa visão egóica e puramente racional poderia me justificar, gritando que sou dona do meu corpo, ignorando a realidade da Natureza, que me fez guardiã e depositária de outro corpo, desse “excesso” não desejado ou inoportuno. Essa visão poderia me isentar de toda responsabilidade. Mas, se hoje me reconheço como  um ser espiritual, buscando valores éticos e amorosos, preciso fazer uma releitura de minhas atitudes e escolhas do passado, olhando com honestidade, sem atalhos e justificativas, minhas motivações e opções, tentando me perdoar por aqueles  que prejudiquei, tentando fugir da dor, tentando ser “feliz”.
           Muitos dos medos e fraquezas do passado ainda existem em mim, com maior ou menor intensidade. Minhas escolhas do passado não devem me assombrar e açoitar em culpas para sempre, porque o passado não volta, mas não devo minimizá-las justificando-as, num processo triste de auto engano, que me leva à  estagnação.  As sociedades precisam encarar a necessidade de suas próprias mudanças, educando as mulheres para os cuidados de prevenção com sua sexualidade, protegendo-as, conscientizando-as, em vez de, novamente e como sempre, abafar, calar, abortar... os mais fracos!

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