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sexta-feira, 10 de agosto de 2018

SEPARAÇÕES


       Toda nossa vida é um processo contínuo de separações!  Mas. apesar de fazerem parte constante de nosso caminhar, elas ressoam forte em nosso interior.  Mesmo quando já são até desejadas, elas nos sacodem, talvez  porque nelas nós experimentemos uma ruptura com o passado  (sonhado, desfrutado ou detestado), mas conhecido, e porque teremos, então, que nos defrontar com o desafio de novas situações.
        A Natureza em seu processo constante de evolução nos empurra, através das separações em nossas diferentes relações, para um contínuo caminhar.  Deixamos o conforto (bom ou mau) do modo já estabelecido e somos tomados por emoções conflitantes de medo, desamparo, saudade, culpas... e/ou de medo, excitação, curiosidade, expectativas, esperança... Cada separação é momento de transição, de confusão inicial, de liberação e de dor.
         Separações... A primeira, ao nascermos, forçados pela natureza, deixando o útero aconchegante e protegido para um mundo frio e desconhecido. Mais tarde, somos forçados pela família a deixar seu colo protetor para novos espaços, novas pessoas e novos aprendizados na escola... É o início de mais saídas e separações, que se renovarão para sempre. Novas saídas, novas separações, novas escolas, novas relações... Dói na família, dói em nós. Queríamos estar sempre juntinhos!  Mesmo nas separações gostosas para passeios, férias, viagens... no momento das despedidas, nosso coração dói e nós nos emocionamos, choramos, disfarçando ou não.  E as separações do fim da adolescência e da escola, quando ainda éramos mais protegidos, saindo, então, para o mundo adulto e duro da disputa e qualificação para os empregos?  Em cada um desses  momentos nos perguntamos:  E agora? Dói o medo da insegurança, mas que, aos poucos, vai transformando-se em experiência e autoconfiança.
        Também as separações que acontecem após nossas escolhas e entregas afetivas, antes ofuscadas pelo enamoramento e a paixão e depois decorrentes de um olhar mais lúcido e doído para a realidade... E no casamento, o choro dos pais por sentir um vazio sem volta e o dos filhos também, ainda que amenizada pela promessa de uma aventura amorosa e venturosa, “para sempre”...  Mas, em muitas vezes sobrevém a separação do “fim do sonho”, fim  de um processo de desamor, desgaste, mágoa, raiva, agonia... E, mesmo nessa separação “desejada”, ainda assim choramos com saudade dos sonhos perdidos e pelo fim de tudo que não foi...  E agora? “Pé no chão”, nova realidade, novas possibilidades, vida que continua...  
        E a aposentadoria, a separação de toda uma finalidade onde apoiamos nossos dias? Tanto a desejamos... E agora? Alegria,  confusão, susto, apatia... A necessidade de um reaprender nesse  novo tempo, de um novo olhar para velhas relações e  a descoberta de novos sentidos e prioridades na vida.
        As separações mais difíceis são pela morte física daqueles que tanto amamos... De nosso mundo material, da forma como nos relacionamos, com tanto apego no amor, parece-nos, então, a ruptura total e final! Dor, medo, vazio, não conformação, desespero... E agora? Só nos resta caminhar, continuar como pudermos, aprendendo nesse novo caminho novos significados para a vida e a morte, à espera, certamente, de um reencontro...
         A dor das separações talvez se explique também pelo medo de nos sentirmos sós e desamparados num novo momento.  Em nossa humanidade incerta e vacilante, buscamos sempre companhia, nos apegamos a pessoas, coisas e situações.  Em qualquer separação  sempre dizemos: Até breve! Volta logo! Fica com Deus!   Vai com Deus! Parece que queremos amenizar o impacto  da separação   desejando que uma Força e uma Orientação Maior nos acompanhe e, ao mesmo tempo, que permaneça com quem amamos  !  Acredito que é porque somos únicos, temos um caminho e um caminhar únicos  o que, de alguma forma, nos torna sozinhos, mas sentimos que temos uma Origem Sagrada e Única, que nos iguala e nos une.
          Após cada separação, em meio a dores pequenas ou imensas, fica sempre a pergunta – E agora?    Assustados e apegados, precisamos das separações para nos sacudir e nos fazer “pegar no tranco!   Esse Agora pode ser, então, um vazio diferente, vivo, cheio de  desafios e de novas possibilidades...  

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