A Natureza em seu processo constante de evolução nos
empurra, através das separações em nossas diferentes relações, para um contínuo
caminhar. Deixamos o conforto (bom ou
mau) do modo já estabelecido e somos tomados por emoções conflitantes de medo, desamparo,
saudade, culpas... e/ou de medo, excitação, curiosidade, expectativas,
esperança... Cada separação é momento de transição, de confusão inicial, de
liberação e de dor.
Separações... A primeira, ao nascermos, forçados pela
natureza, deixando o útero aconchegante e protegido para um mundo frio e
desconhecido. Mais tarde, somos forçados pela família a deixar seu colo protetor
para novos espaços, novas pessoas e novos aprendizados na escola... É o início
de mais saídas e separações, que se renovarão para sempre. Novas saídas, novas separações,
novas escolas, novas relações... Dói na família, dói em nós. Queríamos estar sempre
juntinhos! Mesmo nas separações gostosas
para passeios, férias, viagens... no momento das despedidas, nosso coração dói
e nós nos emocionamos, choramos, disfarçando ou não. E as separações do fim da adolescência e da escola,
quando ainda éramos mais protegidos, saindo, então, para o mundo adulto e duro
da disputa e qualificação para os empregos? Em cada um desses momentos nos perguntamos: E agora? Dói o medo da insegurança, mas que,
aos poucos, vai transformando-se em experiência e autoconfiança.
Também as separações que acontecem após nossas escolhas e
entregas afetivas, antes ofuscadas pelo enamoramento e a paixão e depois
decorrentes de um olhar mais lúcido e doído para a realidade... E no casamento,
o choro dos pais por sentir um vazio sem volta e o dos filhos também, ainda que
amenizada pela promessa de uma aventura amorosa e venturosa, “para
sempre”... Mas, em muitas vezes sobrevém
a separação do “fim do sonho”, fim de um
processo de desamor, desgaste, mágoa, raiva, agonia... E, mesmo nessa separação
“desejada”, ainda assim choramos com saudade dos sonhos perdidos e pelo fim de
tudo que não foi... E agora? “Pé no
chão”, nova realidade, novas possibilidades, vida que continua...
E a aposentadoria, a separação de toda uma
finalidade onde apoiamos nossos dias? Tanto a desejamos... E agora? Alegria, confusão, susto, apatia... A necessidade de um
reaprender nesse novo tempo, de um novo
olhar para velhas relações e a descoberta
de novos sentidos e prioridades na vida.
As separações mais difíceis são pela morte física daqueles
que tanto amamos... De nosso mundo material, da forma como nos relacionamos,
com tanto apego no amor, parece-nos, então, a ruptura total e final! Dor, medo,
vazio, não conformação, desespero... E agora? Só nos resta caminhar, continuar
como pudermos, aprendendo nesse novo caminho novos significados para a vida e a
morte, à espera, certamente, de um reencontro...
A dor das separações talvez se explique também pelo medo de
nos sentirmos sós e desamparados num novo momento. Em nossa humanidade incerta e vacilante,
buscamos sempre companhia, nos apegamos a pessoas, coisas e situações. Em qualquer separação sempre dizemos: Até breve! Volta logo! Fica
com Deus! Vai com Deus! Parece que queremos amenizar o
impacto da separação desejando
que uma Força e uma Orientação Maior nos acompanhe e, ao mesmo tempo, que
permaneça com quem amamos ! Acredito que é porque somos únicos, temos um
caminho e um caminhar únicos o que, de
alguma forma, nos torna sozinhos, mas sentimos que temos uma Origem Sagrada e
Única, que nos iguala e nos une.
Após
cada separação, em meio a dores pequenas ou imensas, fica sempre a pergunta – E
agora? Assustados e apegados,
precisamos das separações para nos sacudir e nos fazer “pegar no tranco! Esse Agora pode ser, então, um vazio
diferente, vivo, cheio de desafios e de novas possibilidades...
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