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terça-feira, 13 de agosto de 2019

QUANDO EU CHEGUEI...



Quando, finalmente, chegamos a um Grupo de apoio, estávamos, na verdade,  chegando de uma longa e terrível caminhada! Caminhada de muita luta em defesa do que acreditávamos ser nosso papel na vida uns dos outros: pais que deveriam ser perfeitos em conduzir filhos, filhos que deveriam atender às expectativas dos pais e ser dóceis repetidores de seus modelos familiares, companheiros e amantes que deveriam fazer a eterna satisfação e  felicidade de seus pares...  E ainda, atender às expectativas de nós mesmos, e de todos, para sermos valorizados e amados.   Se falhássemos era a derrota, a vergonha, a culpa... Era, também, a uma caminhada que se transformara numa luta mortal com as dependências físicas, emocionais e mentais que nos obcecavam e acorrentavam.
Quanta dor nessa luta ao tentarmos o impossível: Ser livres e ao mesmo tempo atender (e controlar) os desejos e fantasias uns dos outros. Usamos de todas as armas – cobranças, concessões absurdas, mentiras, manipulações, agressões de todo tipo, punições, auto punições...  O cansaço e o desespero nos levaram a desequilíbrios em todos os nossos níveis, inclusive a fugas químicas, e daí a dependências físicas, emocionais e mentais ainda maiores... Lutando por buscar fora de nós e/ou nos outros, o prazer, o sentido de nossas vidas e nossa felicidade, tínhamos, na verdade, perdido o controle de nós mesmos!  Éramos uma nave à deriva, descontrolada, desnutrida, humilhada, desesperançada... Querendo ser livres, amados e amantes, nos vimos prisioneiros numa luta sem fim...
Então, um dia, pela Graça de Deus, e com nosso orgulho “amaciado” pela dor, chegamos a um Grupo de Mútua Ajuda de 12 Passos. Lá, fomos acolhidos e recebemos carinho, respeito, valorização.   Pudemos “baixar a guarda”, depor armas, porque estávamos entre iguais, em dor e propósito. Pudemos ouvir, então, que não éramos incompetentes na vida, mas sim impotentes para enfrentar a doença química ou para modificar as pessoas. E toda nossa atenção e cuidado, deveríamos ter com a única pessoa sobre qual tínhamos  poder e responsabilidade – nós mesmos. Era uma mudança radical de foco! Em vez de tentar ser aceito e controlar o de fora, deveríamos ter uma nova escuta e um atento olhar interior – Primeiro EU!  Tudo era novo e precisamos de Mente e Coração Abertos para apreciar aquele banquete libertador que nos era oferecido!
Esse era um banquete espiritual! Um Poder Superior de Pura Sabedoria e Amor se fazia presente entre nós na compaixão, na honestidade, no respeito, na cooperação, gentileza, na aceitação, na paciência, na alegria... E a cada reunião éramos assim nutridos em nossa dimensão espiritual! E a cada reunião fomos aprendendo a conhecer nosso ego mal ensinado, para poder ir educando-o à luz da espiritualidade, para poder ir libertando-nos das cadeias do orgulho, da raiva, do ressentimento ... Para irmos  transformando toda nossa dolorosa humilhação em serena humildade...
Foi assim quando eu cheguei! É assim, ainda, UM Dia de Cada Vez!. Caminhamos, em eterna recuperação e libertação de nós mesmos, num maravilhoso processo, rumo ao melhor!

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