São
delírios, desequilíbrios afetivos do ego, que nos empolgam e nos arrastam...
Fazem parte da imaturidade do nosso ego e distorcem nossa capacidade de “ver”,
de analisar, de fazer escolhas com um mínimo de isenção. São desvios e exageros
das “necessidades” do nosso ego. Respondem às nossas carências afetivas, à
defesa orgulhosa de nossas certezas e se revelam nas nossas escolhas amorosas, profissionais,
políticas, ideológicas, culturais e religiosas.
Pela
intensidade de sua força, tornam-se perigosas em nosso mundo de relações, por
si mesmo já tão complexo e difícil. Odiamos com paixão tudo que parece ameaçar
nossas escolhas, tão impregnadas de nós. Nas áreas mais sensíveis, nos
identificamos tão completamente com nossas escolhas, amorosas ou não, que
reagimos com agressividade e ”surdez” a qualquer observação contrária ao nosso
anseio. Ficamos “cegos”, incapacitados de aceitar o que não se enquadra em
nossas paixões. Não há lógica na paixão, apenas identificação com nossas
carências amorosas, nossos sonhos, nossas fantasias, nossos medos/ódios... O que percebemos como ameaça às nossas
certezas e escolhas, nós detestamos intensamente! O que amamos e a quem amamos, é o certo, até perfeito. Estamos apaixonados!
Na verdade,
as paixões, retratos de nossa imaturidade afetiva e racional, momentâneas ou
não, tendem a se deixar transformar com as experiências e as verdades a que o
tempo nos submete. Elas esmaecem e até passam... Entramos num processo de
análise, de aceitação e valorização da realidade como ela vai revelando-se.
Abandonamos os delírios da paixão. Mais livres, aprendemos a avaliar, observar,
escolher, para que possamos, finalmente, apenas desfrutar, deixar ir, ou,
finalmente, amar... porque só aprendemos a amar quando abrandamos nossas
paixões e deixamos de ver e sentir o outro como apenas nosso...!
Então,
poderemos lembrar com nostalgia e até bom humor, algo encabulados, as delícias,
as agonias e os desmandos que curtimos, sofremos e fizemos sob a força de
nossas paixões.
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