Como é longa
e difícil essa travessia dentro de nós! E quando chegamos, vemos que deixamos
pedaços de nós pelo caminho. O Ideal é
feito de desejos, fantasias, sonhos, ilusões... Pessoas perfeitas, amores
perfeitos, mundos perfeitos, destinos perfeitos... E eternos! Em lamentos pelo ideal, nós pensamos: Eu
queria, eu deveria, ele devia, ele bem que podia... Eu, ele, você, tudo - podia, tinha que... se amoldar ao ideal
sonhado!
Mas nada é
eterno nem estático nesse caminhar do tempo! Até os mais lindos sonhos, irreais
para nossas possibilidades humanas, se transformam (para pior ou melhor) e nos
transformamos com eles. E como dói todo esse processo, toda essa travessia
marcada pelas mudanças, pelas desilusões, decepções...
Como dói abrir mão de fantasias delicadas,
doces, de sonhos amorosos, delírios de felicidade, de riqueza, sucesso, poder, em
mundos “perfeitos”... Como dói vê-los irem se transformando, esvaindo-se entre
nossas mãos, sem que pudéssemos segurá-los... Não aceitamos, lutamos contra,
nos zangamos, não entendemos o que está havendo, nos magoamos, e ali ficamos,
até que, embora ressentidos, nos conformamos. Não conseguimos manter vivo nosso mundo ideal!
Uma nova verdade se impôs e a vida, sempre mutante, nos confronta com a
Realidade dos momentos.
É interessante descobrir que, mesmo
quando entendemos o processo e acreditamos já estar firmemente plantados na Realidade,
ainda assim somos, `as vezes, confrontados com pedacinhos de nós, fiapos de
sonhos e desejos, que ficaram lá atrás, sentimentos “ressentidos” e
escondidos, abafados em nosso caminhar. Conformados, parecendo estar aceitando
a Realidade como se apresenta, “esquecidos” do passado, ainda assim, num
repente, uma palavra, uma situação, uma comparação... faz gritar em nós um “sentimento
ilhado/amordaçado, que volta a incomodar”. Raiva, mágoa, desilusões, sonhos
gorados... voltam a doer! Ainda estão vivos e eu nem sabia!
É importante estar atento e descobrir esses
sentimentos escondidos - os ressentimentos. É importante entender as idealizações
que ainda carrego e trago para as minhas relações. Não quero contaminar as
possibilidades do presente real com as manhas, cobranças e choros do passado.
Para ser feliz em nossas relações – com filhos, pais, companheiros, amigos...não
conta o que idealizamos, mas o que eles na realidade podem ser, querem ser,
demonstram ser, a cada momento. Preciso estar atenta, observar, curtir e
valorizar o que, Realmente, faz parte desse momento, porque é isso que temos e
o que podemos.
O Ideal deve ser um norte a nos orientar,
mas o Real é o que temos para viver.
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