À princípio, passamos uns
pelos outros pelos dias, pela vida... Em
família, no trabalho, na rua, em quaisquer circunstâncias. Em Família, criamos vínculos de sangue, de
paixão; vínculos mais duradouros, mais fortes, de amor, ou não. Estabelecemos
parcerias com o casamento, com os filhos e com outros familiares e amigos mais
próximos. Sentimo-nos leais, cooperamos, curtimos juntos festas, visitas,
passeios e sofremos perdas, doenças...
Mas, as situações de grande
crise, põem à prova nossos vínculos mais queridos. Muitas vezes, a lealdade,
a alegria e a parceria se partem sob várias pressões, opiniões, decisões
alheias à nós.... O grupo se parte e vemo-nos isolados com alguns que ficaram.
Nesses tempos estranhos de confinamento
forçado pela ameaça à própria
sobrevivência, vimo-nos muitas vezes isolados em parcerias queridas, mas nem sempre
escolhidas para esse árduo desafio do
isolamento. À princípio, curtimos, mas depois vamos nos descobrindo mais
profundamente em hábitos, desejos, atitudes diferentes do cotidiano social... E
vêm os momentos de irritação, raiva, estranhamento com os “folgados”, com os
que pouco cooperam, com suas neuras ...mesmo nas relações mais próximas.
Nesse estágio do confinamento
podemos escolher nos debater, acusar, brigar, silenciar e ignorar uns aos
outros, nos condenando à uma prisão agoniada e zangada ou depor armas e aceitar
esse outro que só agora estamos descobrindo em profundidade com seus medos, sua
aparência mais descuidada, suas vaidades mais esquecidas, seus defeitos tão
humanos...
Nada é por acaso! Por que
estamos aqui, juntos e confinados? O que a vida quer nos fazer descobrir na
relação com essas pessoas? Continuaremos
apenas nos relacionando de modo “familiar”?
Se escolhermos a paz, iremos aos poucos aprendendo a ser parceiros com a
igualdade que nasce da dependência mútua. Com pequenas gentilezas, pequenas
tarefas em conjunto, medos compartilhados, paciência bem humorada... iremos
usufruindo de uma nova parceria, cheia de cumplicidade e camaradagem de companheiros
renovados sob nosso olhar.
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