Desde que
nascemos fomos “adestrados” a acreditar e pensar conforme as crenças, as
certezas, os costumes e as tradições, de nossa família e de nossa cultura. Não
cogitávamos de pensar diferente sobre as “verdades” que nos eram impostas,
ainda que por amor, ainda que para o nosso bem. Quando tentávamos, éramos
criticados, rejeitados e até castigados por deslealdade à família... Pensar e
ser diferente chocava a Família e a expunha à vergonha por não ter sabido “educar”.
Famílias muito rígidas em suas crenças, quando as transformam em dogmas, cobravam mais rigidamente de seus membros. E aquele que fosse naturalmente rígido e levasse tudo muito a sério, estava fadado à dor extrema e a uma imaturidade emocional e mental, porque a vida é movimento e exige flexibilidade e escolhas.
A Família quer o melhor para seus membros, quer perfeição nos papéis que lhes atribuem, ainda que baseados em impossibilidades. A Família acredita que pode, e deve, modificar uns aos outros pelo bem comum. Acredita que pais, mães, irmãos... têm a tarefa sagrada de modificá-los, torná-los vencedores, perfeitos em seus papéis na vida e fazê-los felizes, sob o ponto de vista de suas crenças!!! É uma missão impossível, mas não se sabe!!! E tentamos, tentamos, e tentamos, mudando estratégias de controle, deixando de viver para tentar controlar e os “salvar”... Muitos morrem tentando!
Outros deprimem, se revoltam, se quebram, se anestesiam com químicos, ou adoecem, sem vida, tentando se adaptar aos papéis, às expectativas que lhes são cobrados. Sentem-se menos, sentem-se desleais, inadequados, rejeitados, fracassados...
Como sair dessa prisão que faz tanto sofrer a todos? Como fazer diferente? Como deixar cada um viver sua própria vida, aprender com suas próprias experiências? Como desligar desse apego, desses dogmas, que em nome do Amor estão nos infelicitando tanto? Posso? Devo? Preciso ouvir que posso de outras pessoas que estejam vivendo esse mesmo impasse interior e familiar, preciso compartilhar em grupos de mútua ajuda, ouvir e dizer das minhas dúvidas e dores, que são as mesmas! Preciso trocar as dúvidas por novas descobertas, para me confortar e ir descobrindo meu caminho, respeitando minhas possibilidades, aprendendo a me ouvir e a respeitar os outros.
As Crenças são nosso primeiro chão. Elas nos dão segurança, mas também podem nos blindar, como as muralhas de um castelo, que nos defendem, mas também aprisionam. Crescer e ser adulto nos leva a transpor essas muralhas e refletir sobre nossos papéis, nossas possibilidades, nossa realidade, nossa responsabilidade conosco e com os outros.
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