O desejo de ser feliz nos persegue (ou perseguimos ele) e por esse desejo fugimos, todos, da dor das perdas e ansiamos pelo prazer e pela alegria.
Nas relações amorosas em Família, aprendemos “verdades”, que nos servem de base para a busca dessa felicidade. O que nela ouvimos nos prepara para formarmos crenças e “certezas”, muitas vezes delirantes, fantasiosas, equivocadas! Algumas “certezas” vamos perdendo dolorosamente nos confrontos com a realidade da vida, embora com um custo emocional menor do que as “certezas” que envolvem nossas relações amorosas mais básicas, mais intensas.
A dependência física e emocional que temos no início de nossas vidas nos fazem criar laços de amor/apegado, aumentando ainda mais a força dessas certezas. Acreditamos, e temos mesmo a “certeza”, que nossos pais sabem tudo, que são justos e imparciais, que não irão falhar, errar... Acreditamos também que nossos pequenos filhos, tão dependentes e amorosos, jamais nos trocarão ou abandonarão, jamais serão “ingratos” com os pais que tanto os amam... E na fase adulta, quando descobrimos o amor/paixão, descobrimos, também, a “certeza” que esse amor jamais acabará, jamais arrefecerá...
Temos a “certeza” de que a fidelidade desses laços jamais passará, que tudo se manterá inalterado, que todos estaremos congelados nesse modo de amar e acreditar. Mas o tempo nos arrasta, nos amassa, nos modifica a todos, num eterno moldar... O amor permanece, mas nós, os amorosos e amantes, nos modificamos e modificamos nosso modo de amar e ser amado. As certezas fantasiosas vão se enquadrando nas possibilidades de nossa humanidade
Parece tão lógico, mas como é doloroso ser confrontado com a perda das ilusões infantis e juvenis e ver nossas expectativas ruírem ante o absurdo de nossas “certezas equivocadas”. Amamos pessoas em constante transformações e não seres imutáveis, congelados nos retratos, sorridentes e alegres, das nossas fantasias!
Nossos pais não eram super heróis, mas por isso mesmo, foram ainda mais incríveis... Nossos filhos, adoráveis meninos perdidos de nós pelo tempo, estão para sempre nos oferecendo a possibilidade de amar, de forma diferente... Nossos amantes apaixonados não conseguiram manter inalterados os nossos sonhos dourados (nem nós os deles!), mas estão, como nós, aprendendo a amar para além da paixão.
Num Universo em constante transformação fica como única “certeza certa”, um Poder Maior Amoroso Perfeito e Imutável. Todas as mais “verdades” são crenças e percepções humanas, falíveis... São certezas mutantes, que vamos descobrindo e transformando conforme crescemos e evoluímos.
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