Olhando para fora, vemos os Outros, vemos o Mundo. Acreditamos que devemos desfrutá-los ou consertá-los para nosso melhor deleite e felicidade. Mas essa é uma crença falsa, na medida em que não podemos modificar ou controlar esse Mundo de fora. Tentar isso desde sempre, e não conseguir, nos trouxe medo, insegurança, amargura, dor...
Como conviver com essa frustração constante e agonia surda, invisível, que sentimos, mas que não conseguimos sequer detectá-la direito? Olhando sempre para fora, não prestamos atenção à origem de nossos sentimentos/pensamentos e, quando nos frustramos na tentativa de moldar o Mundo, atribuímos a culpa aos Outros, jamais à crença equivocada ou ao nosso olhar, erradamente, mal direcionado para fora.
Não sabemos lidar com esses fantasmas doídos, que não vemos, não reconhecemos e não sabemos como afastá-los. Olhando sempre para fora, buscamos no Mundo algo que nos distraia da dor, ou a anestesie. Temos um corpo físico, que reage ao que pensamos e sentimos. Através dele, com estímulos internos e externos, artificialmente exacerbados, tentamos anular o desconforto e a nossa agonia, pequena ou grande, percebida ou não.
Acreditamos que para sermos “ felizes”, precisamos de prazeres ou anestesias, que buscamos através de atividades de risco ou de jogos, liberando adrenalina para confundir o medo... Ou buscamos esses aditivos no exagero do sexo, da alimentação, do acúmulo de bens/poder, liberando as endorfinas que nos distraiam da ansiedade, do vazio... E numa sociedade apressada, cada vez mais artificial e química, buscamos nos químicos o prazer e a anestesia rápida para qualquer agonia, reconhecida ou não.
Essa “solução”, cada vez mais usada e glorificada em nossa época pelos meios de comunicação, é também e principalmente, endossada em família para as gerações mais jovens. Na verdade, nos tornamos seres anestesiados por vários tipos de drogas, compradas ou interiormente estimuladas. Acostumados assim, quando sem elas, nos parece que a vida fica esquisita, vazia, sem sentido, sem vibração, sem prazer, sem alegria... Juntos ou sozinhos, estamos anestesiados e condenados a sermos robôs bobos, alegres ou tristes, raivosos ou adormecidos, discutindo soluções para o Mundo, enquanto não conseguimos sequer acordar para nós mesmos!
Então, digo para mim mesma: Pare de se anestesiar ou buscar soluções, perguntas e respostas lá fora, no Mundo! Suas dores e agonias são suas. Sua origem, o porquê de cada uma é seu. O poder para transformá-las também é seu! Cuide-se, olhe-se e às suas dores, não fuja! Com carinho e paciência podemos ir descobrindo e desatando nossos próprios nós. Isso nos ocupa, nos encanta e preenche nossos vazios. Caminhando cada vez mais livres, poderemos curtir o que a vida nos oferece, sem necessidade de excessos, com leveza, com alegria, com simplicidade...
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