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sexta-feira, 29 de outubro de 2021

DESLIGANDO...

 


         Desligarmo-nos física, afetiva e mentalmente é muito difícil!

Só quando somos confrontados com nossa total impotência perante os outros e com alguns fatos irreversíveis da vida; só quando a dor intensa dessa realidade nos alcança, só então entendemos que precisamos mudar nossa percepção de nós mesmos, de nossas crenças, do que somos, do que devemos, do que podemos, e resolvemos nos desligar dessas partes de nós mesmos.

As perdas físicas pela morte, velhice ou de outras formas, nos confrontam com uma nova realidade. Lutamos de todo jeito para amenizar essas perdas, mas acabamos por entender que temos que aceitar o que nos parecia inaceitável! Também as perdas afetivas: o fim de casamentos por tantos motivos, as mudanças em relações muito queridas pelas transformações naturais daqueles que amamos, a emancipação e partida dos filhos, a saudade agoniante dos que se foram... Tudo isso nos machuca demais e nos faz lutar desesperadamente até entender que tudo muda, tudo se transforma e, às vezes, até se acaba!

Como sair da prisão, dessa dor que nos paralisa e nos faz agir irracionalmente, querendo fazer voltar o passado ou paralisar o Tempo e a Vida ?   A distância física pode até favorecer o desligamento do que não consigo modificar, mas a proximidade na convivência familiar nos leva a lutar e lutar ainda mais, até deprimir ou  morrer... Como nos desligar dessa agonia que nos leva ao desespero (raiva, medo, tristeza, saudade, mágoa, vergonha...) ante nossa impotência?

Primeiro preciso entender, e modificar, as crenças de que a perfeição existe e de que, por amor, tudo devemos e podemos!  Aceitar que tudo(todos) se modificam, de que nada (bom ou mau) é para sempre. E, então, ir abandonando a auto imagem de herói/heroína, de pais perfeitos com família perfeita, de princesa romântica esperando um príncipe, de escrava submissa, mas controladora... Preciso ir-me desligando das deformações de minha personalidade e das atitudes resultantes dessas crenças e do meu passado: orgulho, vaidade, egoísmo, arrogância, prepotência, vitimação, vingança, mentira, manipulação...    Mas, como ir deixando para atrás o que tanto nos agonia?

Pare de chorar, de lembrar e se lamentar pelo passado que já passou! Desligue-se das lembranças (boas ou humilhantes) e das fantasias que se tornaram impossíveis a cada momento que elas, teimosamente, voltarem... Elas nos acorrentam e nos puxam para atrás!   “Solte-se! e Entregue-se a Deus”, à Sua força amorosa! A  Vida é Agora e eu preciso ocupar-me com ela. Preciso vivê-la, mesmo que a princípio sem vontade, só por sobrevivência, só por amor a mim, só por obediência à realidade... Viver uma nova realidade nos mantem vivos!

Desligamento do impossível é a chave que abre essa prisão. É uma chave velha, enferrujada, difícil de manejar...É preciso Paciência, Persistência, Delicadeza, Firmeza... Aos poucos, vamos entreabrindo essa prisão e podemos nos deslumbrar novamente com a Vida, agora sob a visão de novas crenças, descobrindo novas possibilidades.


sexta-feira, 22 de outubro de 2021

DEFESAS

 


         Estamos sempre nos defendendo! Será que acreditamos que estamos sempre sob ataque? De onde trazemos essa sensação? Será de nossa natureza animal, embora até os vegetais criem espinhos como defesa? Ou será da necessidade de sobreviver de alguma maneira em qualquer reino da natureza? Como seres racionais e “superiores”, criamos um Ego encarregado dessa defesa, atento ao nosso físico, ao mental e ao emocional.

Inventamos defesas de todo tipo, das mais simples às mais sofisticadas:  O fingir-se de “morto”, a imobilidade, a cegueira, a “inocência”, que nos disfarçam e eximem de atitudes e responsabilidades...  O “ataque” gritado, agressivo e mal humorado, que nos fazem parecer maiores e mais poderosos aos outros, disfarçando nosso medo e insegurança... A indiferença forçada, que quer nos preservar da Dor... O silêncio, que nos preserva de desnudar sentimentos, de arriscar opiniões nas relações... A ironia, o sarcasmo, que escondem nossa insatisfação, nossa raiva, nossa inveja, sob o manto de brincadeira, sem  nos expor  ao “troco” dos outros... A fuga, o distanciamento que nos defendem do palco das “lutas” e desafios da vida... A mentira que nos livra de situações, de definições, de assumir realidades dolorosas e das consequências de nossas escolhas... O ser “bonzinho” para ser amado e não sofrer ataques... O ser a eterna vítima, para ser defendido por todos...

E tantas outras...

Nossa defesas, aprendidas no mundo e consolidadas pelo Ego, nos encarceram e isolam de nós mesmos e uns dos outros. Nossa máscaras e os papéis que representamos não nos deixam descobrir e ousar ser quem somos. Vivemos assim num palco tristemente iluminado pela luz artificial das mentiras, por medo, por covardia, para sobreviver!  Somente o impacto de uma Dor maior, a ousadia das paixões que nos arrastam ou a  força invencível do Amor podem nos levar a abrir mão das Defesas e buscar a Verdade de quem somos.

         É um processo...Quais são minhas defesas? Quais as que mais uso? “Vá com Calma, mas vá” com meu olhar curioso, corajoso e destemido, para descobri-las e poder ir aos poucos desmontando-as. Somente a Coragem, a Paciência e, principalmente, a Verdade nos libertarão!  




sexta-feira, 15 de outubro de 2021

MOMENTOS DE ENCONTRO

 


          São momentos sagrados que temos conosco mesmos, com quem ainda somos, debaixo do manto protetor que o ego criou para sobrevivermos.

 Nascemos sem lembranças do antes (A Origem Sagrada), emocional e fisicamente frágeis, dependendo do mundo externo (família) para irmos criando nossa estória psicológica, nosso ego, nossa eterna proteção que, com suas variadas máscaras, torna-se o carcereiro de nossa Alma. As máscaras tentam esconder, de nós e dos Outros, nossas emoções e características mais básicas (soberba, vaidade, raiva, inveja... egoísmo) levando-nos ao auto engano, distorcendo nossa visão, criando alguém que não somos, e tudo justificando em nome da proteção.  Mas, a Vida é um processo contínuo de desafios, “trombadas”, que aos poucos, vão sacudindo e estilhaçando essas defesas, permitindo que vislumbremos algumas de nossas verdades encobertas e distorcidas.

Precisamos então de um “colo”, de uma escuta e compreensão, que o mundo não consegue nos dar.  Precisamos por um momento de poder gritar, sem pudor, num Encontro Maior conosco, de nossos medos; medos concretos, medos abstratos, medo de viver, medo de morrer, de passar, medo de perder nossa utilidade, nosso significado... Nesse encontro desnudamos nossas agonias e confusões, tão dolorosos e que tanto nos sufocam.

         E são também esses os momentos de um encontro maior com Deus, porque, assustados, confusos e vulneráveis, é Seu Amor que nos escuta, acolhe, conforta, sustenta, fortalece e orienta.   São esses momentos que nos aproximam cada vez mais de nossa Origem Sagrada. Eles nos fazem conhecer a Gratidão e descobrir a Humildade.  Fazem conhecer minha unicidade e minha humanidade como criatura única e, como paradoxo, fazem entender e aceitar melhor a humanidade dos outros, fazendo aflorar outros valores do Amor com Solidariedade, Respeito, Compaixão...   São esses momentos especiais de encontro e entrega a Deus, que vão aos poucos nos lapidando e libertando para voos maiores.


sexta-feira, 8 de outubro de 2021

FORTALECENDO A VONTADE

 


Entendemos a felicidade como uma vida prazerosa, com nossos desejos e fantasias satisfeitos, perfeita saúde física/psicológica e nossas relações preservadas, sem perdas... Essa é a nossa Vontade! Temos expectativa que tudo vá “dar certo”, acreditamos em nosso poder pessoal!

         Mas quando a vida não se revela como o esperado, quando sofremos perdas físicas e afetivas, quando nos vemos aprisionados em uma realidade dolorosa, nós nos frustramos, temos medo, reagimos, lutamos, buscamos reverter as situações usando toda a nossa força. Contudo, nem toda a nossa Força de Vontade consegue muitas vezes vencer algumas situações. Inconformados, empregamos, então, mais força à nossa luta. E cansamos, fracassamos, nos culpamos, nos desprezamos, desistimos, perdemos a confiança em tudo e em nós mesmos...

Como fortalecer essa minha Vontade de ser livre e feliz? Antes de tudo, preciso entender que minha vontade não tem o poder de modificar os outros ou os fatos irreversíveis da vida. Mas posso usar minha Vontade para me adaptar a eles, modificando a mim mesmo e me libertando para a felicidade.

“Vá com calma, mas vá” Nossos processos interiores de aceitação e mudança são complexos e exigem Paciência para a educação e treino de uma nova postura mental.  É preciso manter o foco em nossos novos pensamentos. Atenção e vigilância com pensamentos recorrentes de medo, que nos acovardem ou com pensamentos que nos seduzam com prazeres de um passado que sabemos, ou queremos, acabado. É um processo paciente de escolha e renúncia a pensamentos antigos que podem nos ameaçar a Vontade. Precisamos de Paciência, Persistência e Atenção para redirecioná-los.

Não se compare nem se cobre com desamor pelos momentos de cansaço, revolta, vergonha, recaídas,   preguiça, descrença, desesperança...  Não brigue com você ou se menospreze! São esses os velhos modos que precisamos redirecionar!  Aceite seu tempo!  Busque reforços em grupos onde pode compartilhar dificuldades e inseguranças sem o julgamento daqueles que não sabem de sua luta interior. Seja Paciente, mas Firme, em seu propósito, em sua Vontade.  Afinal, estamos aprendendo a descobrir e exercitar a força de nossa Boa Vontade!