Desligarmo-nos
física, afetiva e mentalmente é muito difícil!
Só quando somos confrontados com nossa total impotência
perante os outros e com alguns fatos irreversíveis da vida; só quando a dor
intensa dessa realidade nos alcança, só então entendemos que precisamos mudar
nossa percepção de nós mesmos, de nossas crenças, do que somos, do que devemos,
do que podemos, e resolvemos nos desligar dessas partes de nós mesmos.
As perdas físicas pela morte, velhice ou de outras formas,
nos confrontam com uma nova realidade. Lutamos de todo jeito para amenizar
essas perdas, mas acabamos por entender que temos que aceitar o que nos parecia
inaceitável! Também as perdas afetivas: o fim de casamentos por tantos motivos,
as mudanças em relações muito queridas pelas transformações naturais daqueles
que amamos, a emancipação e partida dos filhos, a saudade agoniante dos que se
foram... Tudo isso nos machuca demais e nos faz lutar desesperadamente até
entender que tudo muda, tudo se transforma e, às vezes, até se acaba!
Como sair da prisão, dessa dor que nos paralisa e nos faz
agir irracionalmente, querendo fazer voltar o passado ou paralisar o Tempo e a
Vida ? A distância física pode até favorecer o
desligamento do que não consigo modificar, mas a proximidade na convivência
familiar nos leva a lutar e lutar ainda mais, até deprimir ou morrer... Como nos desligar dessa agonia que nos
leva ao desespero (raiva, medo, tristeza, saudade, mágoa, vergonha...) ante
nossa impotência?
Primeiro preciso entender, e modificar, as crenças de que a
perfeição existe e de que, por amor, tudo devemos e podemos! Aceitar que tudo(todos) se modificam, de que nada
(bom ou mau) é para sempre. E, então, ir abandonando a auto imagem de
herói/heroína, de pais perfeitos com família perfeita, de princesa romântica esperando
um príncipe, de escrava submissa, mas controladora... Preciso ir-me desligando
das deformações de minha personalidade e das atitudes resultantes dessas crenças
e do meu passado: orgulho, vaidade, egoísmo, arrogância, prepotência, vitimação,
vingança, mentira, manipulação... Mas,
como ir deixando para atrás o que tanto nos agonia?
Pare de chorar, de lembrar e se lamentar pelo passado que já
passou! Desligue-se das lembranças (boas ou humilhantes) e das fantasias que se
tornaram impossíveis a cada momento que elas, teimosamente, voltarem... Elas
nos acorrentam e nos puxam para atrás! “Solte-se!
e Entregue-se a Deus”, à Sua força amorosa! A Vida é Agora e eu preciso ocupar-me com ela.
Preciso vivê-la, mesmo que a princípio sem vontade, só por sobrevivência, só
por amor a mim, só por obediência à realidade... Viver uma nova realidade nos
mantem vivos!
Desligamento do impossível é a chave que abre essa prisão. É uma
chave velha, enferrujada, difícil de manejar...É preciso Paciência, Persistência,
Delicadeza, Firmeza... Aos poucos, vamos entreabrindo essa prisão e podemos nos
deslumbrar novamente com a Vida, agora sob a visão de novas crenças,
descobrindo novas possibilidades.
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