Eu não
sabia, mas o que nos uniu foram nossas carências, nossas fantasias românticas,
nossas necessidades projetadas um no outro e satisfeitas com as qualidades que,
um e outro, aparentavam possuir. Seduzíamos e nos deixávamos seduzir no jogo
gostoso do “amor”.
Apaixonámo-nos por fantasias, aparências, carências,
ilusões... e ficamos zangados, frustrados e ressentidos quando tudo ficou
diferente. Tudo e todos estavam mudados! Mas como só temos olhos para o outro,
é nele que buscávamos o culpado!
Tão unidos estávamos pelo “amor” que não enxergávamos o óbvio
-Éramos diferentes! Viemos de famílias diferentes, com crenças e valores de
todo tipo, também diferentes. Tínhamos histórias e ambições diferentes...
Precisávamos de espaço (respeito) para sermos o que realmente éramos ou o que queríamos
ser como indivíduos, mas nossas crenças românticas nos impunham um amor apegado
e sufocante...
Nossa comunicação, filha dessa crença e desse amor egóico, de
luta, disputa e submissão, ficou, com o tempo, a serviço da “guerra”: controle,
cobranças constantes, críticas maldosas, mentiras, manipulações, silêncios de
abandono e punição, traições... A relação tornou se um campo árido, cheio de espinhos,
onde todos se defendiam, se atacavam e “davam o troco”, com agressividade ou
venenosa sutileza... E tudo isso nos separando...
É muito doloroso! Onde foi que nos perdemos? Como foi? Talvez
precisemos mudar o foco de nossa atenção e olhar para o nosso próprio papel
nessa agonia. Afinal, só podemos mudar a nós mesmos! Olharmo-nos como duas
pessoas diferentes, que talvez ainda queiram se amar!
Preciso começar a enfrentar meus medos antigos, a
experimentar a humildade abrindo mão aos poucos de meu orgulho e vaidade, que
escondem inseguranças mútuas; ter um
olhar mais imparcial, verdadeiro, amoroso e tolerante... Preciso aprender a me
comunicar com verdade, sem jogos e mentiras, dizendo quem sou e onde/como
estou, sem cobranças, se quiser estar aberta a um bom encontro!
Quero mudar e não sei se o outro está pronto para isso, se deseja isso! Mas quero fazer a minha parte, porque viver essa relação adoecida entre egos, não mais me completa. Quero aprender a Amar com Generosidade, Parceria, Respeito e Alegria Afinal, como já disse alguém, nascemos para aprender a Amar!