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domingo, 30 de janeiro de 2022

CUSTO E BENEFÌCIO

 


          Hoje muito falamos em custo e benefício das coisas que adquirimos e atitudes que tomamos, mas na verdade nossas escolhas se basearam muito mais nos benefícios pelos quais ansiamos/fantasiamos e   pouco pensamos nos custos, ou então os minimizamos!  

           Somos impulsionados pelo gosto e o gozo dos benefícios sonhados ou até já saboreados. Somos também tentados e manipulados pela força do nosso mundo materialista, que nos oferece, através das várias mídias, provas gostosas de um novo viver e desfrutar, de um livre pensar e agir independente de outras considerações.   É a busca de um benefício irresponsável e egoísta onde só visamos nosso prazer imediato ou nossas fantasias a longo prazo. “Sinto muito, mas vou atropelá-los!”  Na ânsia do benefício para aliviar nossas carências afetivas e materiais achamos válido, por amor, por medo ou por dinheiro/poder/prazer. empreendemos a fuga, a covardia, a traição, o abandono, a dor de nossas pessoas mais queridas   Tudo vale para sermos felizes! O custo veremos depois...

Mas o custo vem sempre atrelado ao benefício, A conta/custo chega e é preciso que estejamos preparados para ela. O custo são as consequências de nossos atos, que, quando envolvem outras pessoas são impossíveis de avaliar ou prever. A dor e o prejuízo que causamos nos sacodem e começam a amadurecer nossa consciência. Começamos a ter uma percepção maior do entrelaçamento do Eu/Outro.

Alguns custos tentamos pagar, buscando minimizar os prejuízos, principalmente na parte afetiva. Mas o passado não volta para consertarmos e as dores que deixamos e fizemos voltam, muitas vezes, a nos assombrar com seus desdobramentos.

Conforme amadurecemos, precisamos nos perdoar pelo egoísmo que nos empolgou, transformando culpa em responsabilidade de reduzir, a cada dia, as dores dos danos causados.

         Viver bem é analisar com serenidade, compaixão e responsabilidade o custo/benefício das nossas próximas escolhas.  



domingo, 23 de janeiro de 2022

QUEBRA DE IMAGEM

 


         Durante toda a vida fomos construindo uma imagem de nós mesmos - para nós e para o mundo. Essa imagem foi influenciada por nossos sonhos, por fantasias de força, sucesso e beleza, mas massacrada, mascarada, e moldada, muitas vezes, por experiências negativas, pelas crenças e expectativas da Família, da Escola, da Igreja...  Essa imagem foi sendo também distorcida por nossas qualidades e defeitos, negados ou exagerados, como defesa ante nossos medos e anseios.

Acreditamos nessa imagem, mas passamos a usá-la no mundo, muitas vezes, adequando-a conforme o grupo que queríamos impressionar para sermos aceitos, queridos e valorizados. Essa imagem construída por nossas máscaras é mais moldável, mas também nos aprisiona e nos submete às circunstâncias e às relações. Não ousamos ser nós mesmos e nos revelarmos com mais naturalidade, porque não nos sentimos confiantes, sempre ameaçados pela vergonha, pela necessidade de agradar e ser sucesso, pelo medo de não sermos aceitos e valorizados. Contudo, sentimo-nos um pouco de “mentira”, vexados, nessa percepção dupla de nós mesmos!

Não conseguiremos quebrar essa imagem distorcida nem a imagem inventada, maquiada, enquanto não tivermos um olhar mais verdadeiro de nosso interior. Essas imagens, afinal, é que nos defendem de nosso olhar crítico e do olhar do mundo cruel, que tanto nos cobra.!   Esse olhar interior precisa ser honesto e firme, mas muito gentil e amoroso, para que eu não me engane e fuja pela fantasia.

 Como tudo em mim, é um processo. Um processo que me humanize - nem herói, nem perdedor Um processo que me ensine a mudar quando preciso e a ousar quando estiver mais confiante. É um processo que desequilibra, assusta... mas é libertador!

          Aos poucos, mais confiantes e fortalecidos, poderemos enfrentar a “quebra de imagem”, agora na passarela do mundo. Sermos nós mesmos ante os pais, os filhos, o companheiro, os amigos... na Igreja, no Trabalho, na Sociedade. É bastante difícil, é o desafio maior, mas o mais libertador! Estamos a caminho! Haja auto confiança! Haja Auto estima! 

domingo, 16 de janeiro de 2022

O AMOR ACEITA E ESPERA

 


         O Amor  espera pelo tempo de cada um de nós! É preciso esperar para que nós possamos nos encontrar e, realmente,  desfrutar a gostosura do Amar....Mas, o grande desafio a esse Amor maior, é que temos pressa! Não queremos e não sabemos esperar! E não aceitamos nada diferente do desejado.

Amamos o Outro com a agonia de quem quer saborear o fruto sem esperar o tempo que amadurece... Amamos com a possessividade medrosa que aprisiona, que vigia, cuida,  cobra... e, tantas vezes, acaba se afastando do fruto ( do encontro) que não conseguiu amadurecer!

Amamos os filhos com o deslumbramento de quem acredita que criou algo tão mimoso e querido, acreditando que poderemos moldá-los para o melhor, e nos assustando quando parecem trair nossas expectativas mais caras.   Amamos os pais, os amantes, os parentes e amigos com a “certeza amorosa” de quem os vê “perfeitos”, acreditando que atenderão às nossas expetativas e nossas necessidades afetivas! E nos magoamos com a decepção deles serem ainda tão humanos  E nosso amor se ressente, mingua e, às vezes, até morre!   

Somos todos diferentes! Estamos em eterna transição e, a cada momento, demonstramos defeitos e características próprias. Temos capacidades, possibilidades, prioridades diferentes.  Para amar sem agonia, mesmo que com a dor egoísta de não ser a prioridade do Outro, preciso lembrar-me disto a cada encontro. Amar requer aceitar o Outro, qualquer Outro, onde ele está e como ele “é/está” e ter Paciência para esperar seu tempo. Aliás, construir e desfrutar de auto amor requer esta mesma aceitação e espera do nosso tempo.

Ainda amamos em curto prazo, perdidos em fantasias e desejos, ainda amamos com o ego, um amor que é “infinito enquanto dura”! Mas o Amor a nós mesmos e ao Outro,  que nos delicia, respeita, liberta e  alegra, é o que se eterniza num compartilhar contínuo de amorosa Aceitação e Espera!




domingo, 9 de janeiro de 2022

Orgulho, Vaidade, Egoísmo

 


           Como os Mestres nos sinalizam, são esses os entraves principais à nossa libertação e crescimento. O Orgulho, que nos mantem presos no autoengano, a Vaidade, que nos cega e deslumbra e o Egoísmo que tudo nos justifica, porque “temos motivos e somos especiais”. O Orgulho e a Vaidade, disfarçados ou não, andam juntos e têm como consequência o Egoísmo (Eu mereço).

             O orgulho nos faz crer que somos Mais: inteligentes, cultos, fortes, bonitos, espertos ... Mais sensíveis à dor alheia, mais solidários, mais verdadeiros. Nossa dor é maior, merecemos mais atenção! Entendemos mais e melhor os problemas do Outro, da família, do país, do mundo... Somos críticos, julgadores, e até usamos de tolerância condescendente com os pobres de espírito! Vaidosos, usamos de ironia rascante para tornar pequenos os argumentos e as pessoas; satirizamos opiniões, religiões, crenças, diferenças culturais... e com nosso maior saber intelectual, frio, sem vida, tornamo-nos, sem sentir, arrogantes e prepotentes, presunçosos...

             Como acreditamos saber Mais, acreditamos ser os merecedores do poder, das decisões e de maior valorização. Recebemos aplausos que nos envaidecem e nos fazem acreditar ainda mais em nossa superioridade! Temos muito medo de perder esses aplausos que, afinal, reforçam nosso orgulho em nossa autoimagem distorcida. Temos dificuldade de aprender, porque não ouvimos, não refletimos com isenção, porque já sabemos tudo! Temos muitas vezes um discurso de igualdade generosa e condescendente para esconder essas distorções do nosso ego.  Justificamos nosso egoísmo ao abusar e invadir a vida e o direito dos outros, porque “sabemos o que é melhor para todos”! Soberbos, vaidosos e egoístas somos. na verdade, movidos por essas características defeituosas do nosso ego.

              É importante observarmos esses aspectos do Orgulho, da Vaidade e do Egoísmo em nós mesmos e na nossa vida de relação nos grupos que frequentamos; Família, Igrejas, Trabalho.    O quanto somos orgulhosos em nossas decisões, em nossas atitudes e escolhas?  O quanto somos levados pela vaidade? Quanto de nossos sentimentos dolorosos existem por nos sentirmos tocados em nosso orgulho e nossa vaidade? O que nos move quando agimos atropelando os outros em seu valor e seus direitos? Por me sentir tão “especial”, consigo avaliar realmente as dores, os medos, as necessidades e prioridades das pessoas?

             Enquanto não descobrirmos esses aspectos em nós mesmos (Orgulho-Vaidade-Egoísmo), estaremos distanciados e teremos muita dificuldade de, realmente, chegarmos uns aos Outros com Humildade,  com Alegria, com Respeito, Igualdade...




domingo, 2 de janeiro de 2022

QUANDO AS PESSOAS CEDEM DEMAIS

 



Ceder por Boa Vontade, carinho, compaixão, solidariedade faz parte do amar e do amor! Mas, atenção, isso pode tornar-se uma forma exagerada de se relacionar!  E  tudo que é demais foge ao equilíbrio! Quando as necessidades e desejos dos Outros nos absorvem, tornam-se sempre prioritárias em nossa vida, em nossos dias, isso demonstra que perdemos a capacidade de cuidar de nós mesmos e nosso foco tornou-se apenas externo.

Vários fatores nos aprisionam nesse desequilíbrio nas relações. Várias crenças nos levam a acreditar que para sermos bons e generosos devemos sempre, e a qualquer preço, pensar nos outros e não em nós mesmos. Cedemos para não sermos “egoístas”!

Acreditamos que, por amor, para sermos amados e valorizados, devemos atender aos desejos, e até aos caprichos, dos que amamos- filhos, pais, amantes, irmãos, amigos... não importando quanto sacrifício material, físico, emocional, mental estejam nos custando.

Cedemos por medo! Medo de perdermos o amor, medo de sermos rejeitados, medo de perdermos nessas disputas afetivas.   Cedemos demais numa desesperada tentativa de Controle!

Cedemos para não nos sentir culpados pelas decepções dos outros. A culpa nos paralisa porque acreditamos que deveríamos ser perfeitos ao atender aos outros, principalmente aos que amamos.

Cedemos por comodismo, para não ter que dar limites aos abusos e aos abusados, adiando sempre as atitudes firmes para o respeito e o espaço que precisamos. 

Mas todo esse sacrifício, tantas vezes doloroso, irresponsável conosco, tem um custo emocional, embora tentemos negar isto aos outros e a nós mesmos. Esgotados, sem receber muitas vezes o reconhecimento que gostaríamos, vamos nos tornando reféns da mágoa, do ressentimento, da raiva... e nos afastando, nos isolando!

Cedemos tanto, sem medida. porque ainda não acreditamos numa nova crença que nos diz- Primeiro Eu! Que comece por mim, e comigo, o cuidado que devo à pessoa única que sou. Nascemos com esse propósito - nos amar, cuidar, conhecer, crescer, nos transformar... Primeiro Eu não é egoísmo! Egoísmo é querer que nos sirvam ou ceder tanto que os tornemos insensíveis e egoístas!  

          Na verdade, precisamos cuidar de nós mesmos, para que, então, sadios e serenos, possamos amar melhor os outros!