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segunda-feira, 10 de maio de 2010
SER E PERTENCER I
Esse é o nosso maior desafio, é o grande desafio do ser humano. Não podemos abrir mão nem de Ser, nem de Pertencer mas, como equilibrá-los em nossa vida?
Nascemos tão frágeis e dependentes que Pertencer era questão de sobrevivência. Precisávamos pertencer a alguém, a algum grupo (Família, qualquer tipo de família) que nos cuidasse física, psíquica e espiritualmente; precisávamos de defesa, de alimentação, de orientação, de referências, de valorização, de amor. O preço dessa Pertença era acreditar, aceitar como verdade inconteste tudo que nos ensinavam, era lealdade e obediência às regras do grupo, era a busca constante de atender às expectativas da família, a qualquer preço, mesmo ao preço de nosso pequeno Ser que tanto necessitava ser amado, sentir que existia, que tinha valor. Não éramos normalmente ouvidos ou sentidos em nossos desejos, sentimentos e possibilidades. Éramos sim, ainda que “amorosamente”, condicionados a reformular desejos e pensamentos que não fossem “certos”, a negar, bloquear e até esquecer, sob máscaras, nossos sentimentos “errados”, a comportarrno-nos da forma esperada ou a negar e mentir disfarçando nossos deslizes. Era nosso SER completamente subjugado ao PERTENCER e suas exigência, ainda que bem intencionadas. Era o indivíduo se violentando e sendo violentado tantas e tantas vezes, deixando-se abafar e sufocar sob o peso de tantos papéis a desempenhar( filhos, pais, companheiros, etc...e na comunidade, na religião, como profissionais...). Ficamos, na maioria das vezes, aprisionados nessa Pertença perversa e confusa, onde somos apenas um pedaço do grupo, sem identidade, um Ser despedaçado em sua inteireza e unicidade. Todo amor e valor que precisávamos para nos nutrir, para sermos felizes, nos foi oferecido dessa forma condicional e o preço que pagamos até hoje nos desgasta, frusta e angustia. É um preço muito alto. Não somos felizes.
Para escapar desse círculo, muitas vezes iniciamos um movimento que parece novo mas apenas muda o foco do Pertencer para o Ser. “Danem- se tudo e todos, vou atender meus interesses, de qualquer jeito, a qualquer custo...”
Se a necessidade de Pertencer nos submete, desrespeita, abafa, infelicita, também o egoísmo, a busca cega e grosseira para atender nossos interesses pessoais, também nos aprisiona e embrutece, faz de nós seres essencialmente materialistas na medida nos apossamos e usamos coisas e pessoas. Ficamos desnutridos em nossa dimensão espiritual porque não damos nem recebemos verdadeiramente amor, ficamos isolados. Não somos felizes.
Subjugados ou subjugando, estamos em desequilíbrio em nossas necessidades básicas. Acredito que a solução esteja na busca constante de entender, atender e amar o SER para PERTENCER com a mesma generosidade e alegria. Acredito que nosso movimento hoje, já adultos, deva se iniciar no resgate de um SER inteiro e sadio. “1º Eu”, “ Que comece por mim” Essa é minha responsabilidade para chegar bem, respeitoso e amoroso ao Outro, para Pertencer com cumplicidade e parceria.
SER E PERTENCER com equilíbrio é buscar entender, experimentar e respeitar minha humanidade para entender e respeitar a dos outros. É mudar para um referencial diferente de SER com responsabilidade e Pertencer com respeito às diferenças, anseios e possibilidades de cada um de nós.
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