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terça-feira, 17 de agosto de 2010

IRONIA, SARCASMO, “BRINCADEIRAS”...


Estas são algumas das formas mais perversas de comunicação. Elas nascem de nossos medos, mágoas, inseguranças, que nos geram raiva e ressentimento e se expressam nessa agressividade disfarçada em colocações espirituosas, gozações,... Como não aprendemos a olhar para nós mesmos, não nos cuidamos, não “re-conhecemos” nossos sentimentos, então eles se fixam e se transformam em nossas “dificuldades”. Procuramos muitas vezes disfarçá-las em nossas relações, assumindo atitudes de ataque (como defesa), numa disputa pessoal onde eu quero/preciso parecer ou ser o melhor, o que sabe mais, o que pode mais.
A ironia, o sarcasmo, as gozações, funcionam então, efetivamente, como armas. Machucam, ferem, lanham, chicoteiam, expõem o Outro em seus aspectos mais vulneráveis: sua aparência, seu menor saber, seu modo de ser, de se expressar, etc. Embora possam parecer ditos finos, espirituosos, inteligentes, nada mais são que o velho deboche, que humilha e menospreza os outros numa tentativa de enganar que somos melhores. Muitas vezes compactuamos com essas atitudes, rindo, dando força ao ataque alheio, para ver se “não sobra para nós”.
São formas abusivas e até covardes, na medida em que impedem a defesa do outro e buscam disfarçar nossas garras. Ou o outro finge achar graça e não ligar (numa aceitação implícita) para disfarçar a vergonha e o mal estar de ser exposto em suas fraquezas (verdadeiras ou não) ou ele reage e é acusado de não ter “espírito esportivo”, não saber brincar, ter mau gênio, etc.
O constante uso dessa forma perversa de se comunicar pode subjugar os que estão mais frágeis (por quaisquer motivos) fixando neles uma falsa impressão de inferioridade e em nós de superioridade.
O doloroso de tudo isso é que acabamos sempre isolados em nosso pedestal de mentira e mal amados ... porque ninguém ama realmente a quem teme ou ache superior. O amor precisa de igualdade para verdadeiramente se expressar na troca, na parceria, na confiança de sermos aceitos em nosso exato tamanho e possibilidades. O amor valoriza, jamais deprecia; ele é atento, sensível no cuidado gentil com os sentimentos do outro.
Que comece comigo mesmo esse cuidado atento e amoroso com meus sentimentos para que possa ir eliminando o medo, sem precisar me defender, atacar, ... para que possa desfrutar amorosamente, respeitosamente, com gostosura, das minhas relações.


Sugestões e comentários: mariatude@gmail.com

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