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domingo, 29 de agosto de 2010

SEGREDOS E MENTIRAS


Nossos Segredos funcionam como blocos compactos de energia morta nos cercando, envolvendo, aprisionando, impedindo que possamos viver e nos comunicar com espontaneidade e soltura, que estejamos inteiros nas relações.
Aprendemos a viver com segredos em nossas próprias famílias. Alguém disse:
“Na minha família não há segredos!” e outro alguém observou: “Eles existem,sim, mas são tão bem guardados que você os ignora!”.
As pessoas e as famílias têm segredos porque eles escondem erros, falhas, deslizes, que poderiam nos envergonhar. E temos tanto medo de “passar vergonha”, de trazer vergonha para a família! Afinal, acreditamos que deveríamos ser muito bons (se possível, os melhores)¸jamais falhar, para podermos ser motivo de orgulho pessoal e da família, para podermos receber o que tanto buscamos fora de nós, nos outros e na sociedade: sermos valorizados, exaltados, jamais ridicularizados ou rejeitados.
Os segredos funcionam então como arma de defesa, como tentativa de controle de situações que exigiriam enfrentamento interno e “coragem para mudar”. Mas eles são muralhas de defesa que também nos aprisionam e nos isolam na medida em que negamos aspectos de nós mesmos, da nossa história. Grandes segredos ou omissões menores representam os “não ditos”, os vazios que enfraquecem a relação. Para mantê-los precisamos estar sob constante alerta, aos pedaços. Precisamos mentir...
A Mentira é a palavra que distorce. Ela distorce quem somos, nossa historia, os fatos, o que buscamos, onde estamos. A mentira nos disfarça e se disfarça de várias formas: fingimos quem não somos, inventamos para nos justificar, para não termos que ser verdadeiros. Mesmo fisicamente juntos, estamos sozinhos, temos noção de que não somos o que dizemos, falamos, mostramos. Quanto mais mentimos, menor torna-se nosso auto respeito, nossa auto valorização e auto imagem. É também um desrespeito, uma invasão aos direitos do outro, direito de conhecer a verdade, de poder optar. Ela trás confusão, ansiedade, incerteza, decepção... Acaba a confiança, surge a insegurança.
Nas relações “o amor resiste a tudo, menos à mentira”. Então, tudo que usamos para evitar rejeição, abandono, desvalorização, desamor (os segredos e mentiras) são instrumentos que se voltam contra nós. Eles impossibilitaram o Encontro, geraram pistas falsas que levaram ao Desencontro!
Na medida em que vamos nos conhecendo, cuidando, aceitando, mudando, nos respeitando, os Segredos e Mentiras começam a nos incomodar. Eles nos fazem sentir desleais conosco mesmos, dando poder demais aos outros, obrigando-nos a trair nossa realidade para buscar aceitação e valorização deles. Naturalmente, vamos sentindo necessidade de nos revelar como realmente somos, abandonando jogos de esconde-esconde e de controle através de mentiras e omissões. Buscamos nossa integridade, então queremos estar inteiros nas relações. Descobrimos que a Verdade, um princípio espiritual, nos fortalece, liberta, dá alegria e gosto à vida. “Mantenha-o simples”, não complique as relações! Alguém disse: “Busca a verdade e ela te libertará”.
Nosso programa é de honestidade porque acreditamos que encontraremos nossa felicidade e libertação a partir do despertar de nossa dimensão espiritual e é lá que reside a clara, doce e livre Verdade.

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quinta-feira, 26 de agosto de 2010

COMUNICAÇÃO


Procuramos nos comunicar desde sempre, numa necessidade incoercível de pedir, saber, aprender, ensinar, entender, ser entendido, amar, ser amado...
Aprendemos a ser humanos no encontro com outros seres humanos e para esse encontro precisamos nos comunicar. Precisamos revelar (por gestos, falas, escritos, etc) quem somos, onde estamos, como estamos, o que buscamos, necessitamos, o que sabemos; precisamos sentir, querer saber, querer realmente saber do outro, abrir a mente e o coração para ouvi-lo.
O triste, irônico, até trágico, é que, por temermos a rejeição, o desamor, a desvalia, complicamos nossa comunicação, deixando de lado a verdade, a simplicidade, a espontaneidade, a alegria da troca. Colocamos nossas máscaras ( alegres, tristes, ameaçadoras, submissas, etc) para tentar o controle das relações, do outro...É uma disputa sem fim, que nos distancia de nossa meta, inviabilizando o Encontro, pervertendo a função da comunicação ao utilizá-la como arma a serviço do controle.
São segredos, mentiras, manipulações, ironias, sarcasmos, silêncios, gritos, sussurros, instruções contínuas, queixas, lamúrias, reclamações, cobranças, culpas...
Estabelece-se a desconfiança no “vale tudo” para ganhar, controlar. E então, ouvimos
“tudo que você falar poderá ser usado contra você”! De toda essa distorção resta a dor do desencontro, a frustração do desejo de chegarmos, estarmos juntos no encontro.
Precisamos entender a nós mesmos, nossas crenças, nossos sentimentos, o que nos leva a usar essas armas; precisamos refletir sobre seu poder destrutivo nas relações para então buscarmos utilizar outras formas de comunicação, verdadeiras, mais sadias e coerentes com a alegria e doçura que buscamos no Encontro.


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sábado, 21 de agosto de 2010

Ajudar


As tradições se constituíram através de muitas 24 horas dos grupos anônimos. Elas sintetizam a sabedoria adquirida na convivência norteada por princípios espirituais (amorosos). A quinta tradição nos chama a atenção para nosso único propósito - prestar ajuda. Ela sugere o caminho espiritual para isto: o desabrochar do amor a nós mesmos pelo exercício dos 12 Passos quando então, mais serenos e generosos, poderemos sentir compaixão por nossos companheiros e familiares tentando compreende-los e encorajá-los. Num transbordamento, cada vez maior, desse amor buscamos nos reunir para acolher e levar alívio a outras pessoas.
Ajudar é um ato, antes de tudo, de gratidão, ternura e boa vontade. É importante a coragem de nos revelarmos ou a coragem e determinação de calar nossa necessidade de dirigir, ensinar ou controlar. Quando nos revelamos, falamos de nós, de nossos acertos e desacertos, das dores que nos levaram a descobertas. Damos testemunho de acolhidas que reacenderam nossas esperanças e da nossa confiança crescente no processo da vida. Coerente com o que dizemos e ao que nos propomos nossa fala deve ser plena de honestidade, gentileza, gratidão.
Não é recomendável dar soluções e orientações aos companheiros (ainda que peçam), pois elas são individuais e, é sugerido, não apontarmos caminhos e atitudes a tomar porque devem ser descobertas e ganhos pessoais.
O programa nos sugere também uma nova crença, uma nova visão sobre o que seja ajudar. Ajudar é amar: ter compaixão, compreensão, demonstrando, um dia de cada vez, em gestos e palavras, esses sentimentos. É acolher com gentileza. É servir, é abraçar e ... é ouvir. Ouvir com simpatia, com empatia, com o coração - descobrindo nossa humanidade na humanidade dos companheiros. Ouvir ‘’inteiro’’, sem precisar ficar pensando em dar respostas, conselhos, críticas ou em confrontar a auto piedade, as confusões e os conflitos do companheiro. Ouvir entendendo que alguém está se expondo, desnudando, confiando o que tem de mais precioso - seus sentimentos. Mas, se não puder entende-lo, não faz mal, apenas o ouça e o ame.
Isto é o ajudar nas Irmandades anônimas e este é o nosso único propósito.


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terça-feira, 17 de agosto de 2010

IRONIA, SARCASMO, “BRINCADEIRAS”...


Estas são algumas das formas mais perversas de comunicação. Elas nascem de nossos medos, mágoas, inseguranças, que nos geram raiva e ressentimento e se expressam nessa agressividade disfarçada em colocações espirituosas, gozações,... Como não aprendemos a olhar para nós mesmos, não nos cuidamos, não “re-conhecemos” nossos sentimentos, então eles se fixam e se transformam em nossas “dificuldades”. Procuramos muitas vezes disfarçá-las em nossas relações, assumindo atitudes de ataque (como defesa), numa disputa pessoal onde eu quero/preciso parecer ou ser o melhor, o que sabe mais, o que pode mais.
A ironia, o sarcasmo, as gozações, funcionam então, efetivamente, como armas. Machucam, ferem, lanham, chicoteiam, expõem o Outro em seus aspectos mais vulneráveis: sua aparência, seu menor saber, seu modo de ser, de se expressar, etc. Embora possam parecer ditos finos, espirituosos, inteligentes, nada mais são que o velho deboche, que humilha e menospreza os outros numa tentativa de enganar que somos melhores. Muitas vezes compactuamos com essas atitudes, rindo, dando força ao ataque alheio, para ver se “não sobra para nós”.
São formas abusivas e até covardes, na medida em que impedem a defesa do outro e buscam disfarçar nossas garras. Ou o outro finge achar graça e não ligar (numa aceitação implícita) para disfarçar a vergonha e o mal estar de ser exposto em suas fraquezas (verdadeiras ou não) ou ele reage e é acusado de não ter “espírito esportivo”, não saber brincar, ter mau gênio, etc.
O constante uso dessa forma perversa de se comunicar pode subjugar os que estão mais frágeis (por quaisquer motivos) fixando neles uma falsa impressão de inferioridade e em nós de superioridade.
O doloroso de tudo isso é que acabamos sempre isolados em nosso pedestal de mentira e mal amados ... porque ninguém ama realmente a quem teme ou ache superior. O amor precisa de igualdade para verdadeiramente se expressar na troca, na parceria, na confiança de sermos aceitos em nosso exato tamanho e possibilidades. O amor valoriza, jamais deprecia; ele é atento, sensível no cuidado gentil com os sentimentos do outro.
Que comece comigo mesmo esse cuidado atento e amoroso com meus sentimentos para que possa ir eliminando o medo, sem precisar me defender, atacar, ... para que possa desfrutar amorosamente, respeitosamente, com gostosura, das minhas relações.


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quinta-feira, 12 de agosto de 2010

INTOLERÂNCIA E TOLERÂNCIA


A intolerância nasce de nossa incapacidade de lidar, aceitar e de nos posicionarmos ante o que é diferente do que esperávamos, do que acreditávamos correto ou do que desejávamos . Aprendemos muitas vezes a achar ser possível, no aqui e agora, um “mundo perfeito” onde as pessoas, a vida e Deus se enquadrariam à nossa visão do que é certo ou desejável.
O medo e a insegurança que advém do diferente, nos levam a uma atitude de luta, não aceitação, tentativas de mudança dos outros, do mundo “errado”. A incapacidade de efetuarmos essas mudanças nos frustra, enraivece e revolta, tornando-nos intolerantes, ainda que “virtuosos”, porque acreditamos estar combatendo o mal, os maus, o erro, os errados. E não desfrutamos de serenidade enquanto teimamos em não aceitar o que não temos o poder de modificar. Remoendo sempre o que deveria ser mudado, analisando tudo e todos com crítica e raiva surda ou gritada, vamos ficando prisioneiros de um estado pesado, de eterna cobrança, mau-humor, impaciência, irritação, secura, amargura, ...de intolerância. Não é gostoso sentirmo-nos assim. Nada muda e sofremos muito.
Em contrapartida, posso aprender a ver, acreditar e esperar de um modo mais realista, seja das pessoas ou do mundo, para poder desfrutar a gostosura da tolerância. Tolerar não é “engolir sapos”, não é se conformar com abusos, não é ser permissivo, passivo, conivente. A diferença é sutil, a linha que os separa da tolerância é tênue, mas ela existe. Nas nossas relações, a tolerância precisa ser delimitada pelo respeito. Quanto posso tolerar guardando respeito a mim, à minha dignidade? Não posso modificar os outros, mas o que posso modificar em mim, nas minhas atitudes, para resguardar esse respeito, para poder estar bem com o outro? Para poder tolerar, aceitar, entender e amar as pessoas, preciso ser firme e assertivo quando suas atitudes, seus comportamentos, forem invasivos, desrespeitosos. É respeitar meus limites para poder tolerar as diferenças e dificuldades dos outros, para poder amá-los do jeito que estão (só por hoje).
A tolerância é uma das faces do amor por isso é honesta, compreensiva, paciente, bem humorada. Ela nos trás alegria, bem-estar; ela é doce, leve e gentil. Mas, re-interando, ela se apóia no respeito a mim mesma e aos outros para estabelecer o limite do tolerável nas relações.


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segunda-feira, 9 de agosto de 2010

COMPETIÇÃO E COOPERAÇÃO


Vivemos num mundo material e competitivo. Crescemos aprendendo a acreditar naquilo que pudéssemos ver, tocar, guardar, comprar... e a acreditar que quanto mais possuíssemos (coisas/pessoas), mais teríamos poder, prestígio, valor, amor – seríamos então felizes. Desde que nascemos somos examinados, julgados, provados, comparados. Queremos ganhar a qualquer custo, ter razão, saber mais, orientar mais, possuir mais, ter a palavra final, sermos os melhores. Competição é luta (qualquer competição, com qualquer finalidade) e a linguagem da competição é a da guerra. “ Usamos a palavra como arma afiada, às vezes mortal, impossibilitando a comunicação verdadeira, a compreensão, a aproximação e o amor. De companheiros, pais, irmãos, amantes, amigos, nos tornamos adversários endurecidos, ressentidos e amargos.” A competição também nos levou ao equívoco de criar “perdedores”. Acreditamos que falhar em disputas ou simplesmente em tarefas nos tira o valor intrínseco de seres humanos únicos, originais, com potencialidades próprias. Sentimo-nos pequenos, envergonhados, humilhados, com a auto-imagem prejudicada e não merecedores de valorização e amor. Isto é tão forte que vemos escolas com o slogan “aqui se forjam vencedores” e famílias que brigam, cobram, humilham seus membros por melhores performances. E nessa cultura competitiva, de guerra, nós nos armamos, lutamos e matamos para garantir a paz!!! O vencedor torna-se invejado, arrogante, isolado, mal-amado; o vencido , ressentido e humilhado. É um triste modelo!
Podemos buscar uma alternativa; um modo de ser e estar com abertura, aceitação e respeito às diferenças; um modo de interagir mais espontâneo, criativo, amoroso. Podemos escolher a cooperação em vez da luta. Cooperar é participar, sentir-se fazendo parte, pertencendo aos grupos, às relações, sem tentativas arrogantes de convencer, sem submeter ou coagir aqueles que julgamos inferiores, menores, nem nos humilharmos ou calarmos, intimidados, perante aqueles que se arvoram melhores.
Para isso preciso “aprender a conhecer e valorizar a pessoa única e maravilhosa que sou. Entender que não preciso tentar controlar, dominar e vencer para ter valor. Acreditar na igualdade de valor de todos. Mesmo quando nossas aptidões são diferentes, o nosso valor pessoal e capacidade de participar é igual. Essa igualdade nos libera da luta, da disputa, para que possamos desfrutar da riqueza do compartilhar com coração e mente abertos, inteiros. Confiantes e desarmados podemos acolher, ser solidários, compreensivos, pacientes e respeitosos. Podemos trocar e participar de uma tomada de consciência grupal.”
A cooperação nos entusiasma e trás alegria na medida em que nos sentimos criativos, próximos, generosos, gentis e solidários. O exercício da cooperação nos faz vivenciar nossa espiritualidade; aprendemos a pensar, sentir e agir a partir de nossa dimensão espiritual.


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quinta-feira, 5 de agosto de 2010

APEGO E DESAPEGO


Quando trago sentido à minha vida me identificando com o que está fora de mim como pessoas, objetos, estilos de vida, crenças, etc, torno-me apegado a tudo isso, tenho muito medo de perdê-los. Crio uma visão fechada de como sou, como levo a vida; me apego ao passado, às “verdades”, opiniões, ao modo de ser, de julgar, de “ver”.
Quanto mais nos apegamos a tudo e todos vamos criando uma incapacidade de acompanhar o constante movimento da vida. Ela é fluida, está sempre acontecendo, mudando... e como temos medo do novo, vamos nos apegando ao que já conhecemos. Tentamos manter o passado já conhecido congelado no presente em fotos, filmes, músicas, lembranças (boas e más). Apegamo-nos ao modo de desempenharmos nossos papéis nas relações, teimando em ignorar que os filhos cresceram, que os pais envelheceram, que companheiros, parentes, amigos, pessoas, enfim, mudaram. Apegamo-nos também à juventude de nossos corpos tentando, às vezes com desespero, deter os sinais do tempo... E apegados, repetimos falando, pensando, teimando, cobrando: “sempre foi assim”, “você já não é o mesmo”, “na nossa família é assim”, “é o meu jeito:fui, sou e serei assim”, “não esquecerei jamais”, “como antigamente...”, “não vivo sem você”, “meu mundo acabou”, “sem isso eu morro”, etc...
O apego faz com que transformemos as pessoas, mesmo as mais amadas, em objetos que nos pertencem, que pertencem ao nosso mundo, à nossa vida; objetos necessários à nossa visão estática de felicidade. Por isso tememos tanto perdê-las! Como não ter medo? Como deixar de tentar controlar tudo e todos? Mesmo nos custando todo o tempo, mesmo vivendo sob um constante stress que nos adoece física e psicologicamente, que nos esvazia espiritualmente... Como sair dessa ciranda? Como desapegar se fomos ensinados a ver nas pessoas e coisas o necessário para sermos amados e valorizados? Como nos libertarmos, ou ao menos amenizarmos, o medo da perda dos nossos apegos?

A liberdade tem um preço. O preço é o trabalhoso caminho de volta e o início de um novo caminho. Acreditar e reforçar a crença, a todo instante, que sou inteiro e único, que os outros e as coisas não me completam, apenas fazem parte, durante algum tempo, do meu caminho, da minha história. Entender que “somos passantes; somos seres de passagem” e precisamos caminhar leves dos nossos apegos.
Só desapegando do passado podemos viver intensamente o presente, sentir melhor suas possibilidades. Só desapegando das soluções fechadas, perfeitas, das crenças e verdades estabelecidas, podemos enxergar novas direções se revelando, novas portas se abrindo. Só abrindo mão das expectativas antigas podemos “ver” a realidade com pessoas vivas, mudadas,mutantes, pessoas que não “víamos”porque não se enquadravam no sonho, no desejado, pessoas que não foram respeitadas/aceitas porque funcionavam apenas como objetos (amados ou detestados) na nossa história, nos nossos ideais. Só desapegando da espera eterna e ansiosa pelo sol, podemos desfrutar das gostosuras da chuva. Só desapegando do costume posso viver as aventuras e desafios do inesperado.
O desapego nos trás para o aqui e agora, trás toda uma riqueza de possibilidades para nós mesmos e nossas relações – todas as nossas relações.


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domingo, 1 de agosto de 2010

Ressentimento e Rancor


O ressentimento e o rancor atuam como blocos muito pesados aos quais nos mantemos amarrados e que arrastamos na vida tirando-lhe a graça e o frescor. Tornam um passado doído para sempre presente, num replay doentio que não nos deixa seguir adiante, que pesa, que nos aprisiona.
Na verdade, tudo se inicia com nossas falsas, ilusórias e até delirantes expectativas sobre os outros, sobre a vida, sobre Deus.
E quando nos decepcionamos, nosso orgulho não nos deixa aceitar a realidade de que não somos tão especiais ou melhores, merecedores de tudo que esperávamos e... sentimos muita raiva.
Tanta raiva que muitos preferimos disfarçá-la, nomeá-la de mágoa e assumimos o papel de amargas vítimas ressentidas. Em outros, a raiva reprimida, fixada, oculta, alimenta um eterno e surdo rancor.
E remoendo as mágoas, remoendo a raiva ficamos reféns do ressentimento e do rancor.
Nossa vida perde o viço com tanto veneno circulando em nós. Não percebemos, mas estamos aprisionados, não mais estamos no comando de nosso mundo interior, estamos sendo controlados pelo passado, por nossas mentes e corações fechados.
A boa notícia é que a chave dessa prisão está a nosso alcance! A chave que pode abrir nossas mentes e corações é a (boa) vontade de ser feliz. É poder entender que as pessoas são o que são, o que podem, e não o que queríamos que fossem... que nos atingem na medida que nós o permitimos, iludidos ou não...
É entender que a vida nos oferece não o que desejamos, mas o que precisamos...É estar atento, reconhecer as mágoas e raivas, entender como se instalaram em nós...É dar voz, compartilhar sobre esses sentimentos, não como acusações ou lamúrias sem fim, mas para deixá-los ir, transcendê-los... É fazer a cada dia a escolha de iluminar meu mundo interior com compreensão, aceitação, perdão... É aliviar-me de tanto peso para poder participar mais livre e leve da incrível dança da vida!


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