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terça-feira, 22 de março de 2011
SORRINDO
A seriedade de que me invisto para lidar comigo mesma, com os acontecimentos do dia a dia e nas minhas relações, acaba se transformando numa armadura/máscara fria que reflete rigidez interna e uma postura arrogante de razão: sempre a mais certa, a mais correta. Reflete também minha atitude e necessidade de criticar, julgar e condenar tudo e todos que não se enquadram nos meus parâmetros, tantas vezes idealizados, fora da realidade, do que seja desejável e aceitável. A seriedade revelada no rosto sério, fechado, transmite distância e frieza nas relações, quaisquer relações. Eu a uso quando acredito que preciso ser a melhor, que preciso “mostrar serviço”, mostrar “educação” e “finesse” ou criar um clima intimidador. Fico séria e distante, também, quando quero esconder meus sentimentos de insegurança, raiva, mágoa... quando quero esconder minhas vulnerabilidades. Na medida em que essa seriedade, que me foi ensinada, cobrada e adotada, passa a fazer parte, mais e mais, de minha vida, do meu modo de ser, ela tende a se tornar uma patologia, porque é patológico e doentio não procurar viver ou interagir com proximidade, espontaneidade, leveza, alegria.
Às vezes me pego tão séria, tantas vezes séria, com a fisionomia crispada, enrijecida, vincada, que me pergunto, assustada:
Por que sorrio tão pouco? Onde, quando, perdi meu sorriso?
Nas grandes perdas, nas mais sentidas desilusões, nas pequenas, mas tão constantes, lutas e competições cotidianas? Nelas todas, um pouco em cada uma?
Hoje me dei conta que quero meu sorriso de volta!
Eu ainda sei dar risadas, até gargalhadas, mas sinto que o que mais me faz falta, o mais importante, é que eu sorria, que eu relaxe, distenda meus músculos, meu rosto, distendendo para isso e com isso, a tensão interior, abandonando a constante cobrança, desarmando-me para a vida, desfrutando-a, com gosto, sem gula.
O sorriso é como posso externar minha aceitação do momento. Nas relações, funciona como acolhida, como convite e incentivo a uma aproximação menos formal, mais aquecida, mais humana. Ao sorrir, estou “dizendo” que reconheço e me identifico com a sua/nossa humanidade, que aceito nossas diferenças, quaisquer diferenças.
Sorrir me relaxa, me leva a depor amas, afrouxar máscaras e defesas; me faz sentir mais leve, gentil, participante; demonstra desejo de chegar... Favorece até o “desarmamento” do Outro!
Sorrir é conseqüência natural e faz parte de todo o processo do nosso Despertar Espiritual na medida em que expressa alguns aspectos do amor: leveza, respeito, gentileza, atenção, simpatia, ternura, abertura, alegria serena,...
Um dia de cada vez, quero lembrar a mim mesma:
SORRIA...
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