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quinta-feira, 28 de abril de 2011

NEGAÇÃO


Por que negamos tanto? Acredito que negar seja uma tentativa que, inconscientemente, fazemos de parar ou ignorar o movimento da própria vida para não termos que lidar com o novo. Mesmo quando tudo está difícil, ruim mesmo, ainda assim, negamos a verdade, tentamos defender nossa inércia, a comodidade de permanecer com o que já conhecemos.
Negamos defeitos e tantas imperfeições! Alguns nos parecem tão terríveis que não basta escondê-los, precisamos negá-los, até de nós mesmos! Acreditamos que devíamos ser melhores, os melhores. Falta-nos humildade para aceitar o que somos, só por hoje, e sobra a humilhação e culpa por não sermos quem devíamos ou gostaríamos de ser. Então negamos; é uma resposta que nosso orgulho exige. Negamos também para nos esconder, com medo de enfrentar realidades novas e dolorosas; negamos para fugir das cobranças sociais e da necessidade de mudar.
E porque sou orgulhoso, e porque tenho medo, tomo atitudes e tenho comportamentos coerentes com esses sentimentos:
- só vejo ou ouço o que me interessa, sob o aspecto que me interessa. Distorço fatos, falas e sentimentos. “Tem pai que é cego! Fui o último a saber! Não quero saber!”...
- tenho um constante discurso de convencimento, para mim mesmo e para os outros, de tudo aquilo que tento negar.
- volto constantemente minha atenção para os outros projetando neles o que não quero ver em mim.
- desvio a atenção do que nego em mim com acusações, ataques/contra-ataques e ironias aos outros.
É hora de nos livrarmos das amarras do medo, do orgulho fútil, da prisão das fantasias que não se atualizaram, para nos lançarmos adiante.
É hora de abrir a mente, os olhos, os ouvidos, o coração, para as tantas faces de cada momento, do novo. É hora de abrir um mundo de possibilidades para nós mesmos.
Desistir de negar, parar de lutar contra o movimento da vida, aceitar a realidade, nos coloca em marcha, a caminho. Ainda que assustados, medrosos, inseguros... ,mas a caminho, mutantes, criativos, participantes, vivos!


Segestões e comentários: mariatude@gmail.com

quinta-feira, 21 de abril de 2011

TERNURA II


É a face mais doce e suave do amor.
É o sentimento que “derrete” o gelo do meu medo, a rigidez dos meus escudos e a frieza e distância de pretensas superioridades em razão de dinheiro, poder e saber. Ela retira os espinhos da minha pressa e impaciência, da raiva e frustração das minhas impotências.
Para “entendê-la”, preciso senti-la em mim, por mim. Tudo sempre começa em mim! Preciso fazer um movimento de abertura suave do meu coração, de aceitação da minha humanidade, aceitação de quem sou e como estou, só por hoje. Fazendo parte do Amor, a Ternura é doce, bem humorada, paciente...
Ela se faz acompanhar de gentileza, carinho, cuidado...
Quando me acostumo a me tratar com ternura, quando me acostumo à sua doçura, parece que a taça transborda e sou levada a identificar-me mais facilmente com o caminhar das criaturas à minha volta. Com os olhos de quem quer ver, mais humanizada e “adoçada”, procuro enxergar, através de suas máscaras, o medo, a insegurança, os sentimentos disfarçados ou gritados (mas não ouvidos), as alegrias e sonhos... e tudo, então, me inspira ternura!
Que paradoxo: para senti-la pelos outros, precisei que ela passasse, primeiro, por mim, aquecendo-me, dando pura gostosura à minha vida!
A ternura, embora sendo um sentimento, imaterial, nos faz sentir sua textura maravilhosa até no físico: ela é suave, morna e macia!


Sugestões e comentários: mariatude@gmail.com

sexta-feira, 15 de abril de 2011

USO EXTERNO

Como posso me classificar? Sou inteira/completa ou só sirvo para uso externo? Qual o grau da minha integridade? Em minha proposta de caminhar cada vez mais ao encontro de quem sou, é importante essa reflexão! Ainda revelamos, naturalmente, faces diferentes em diferentes situações, lugares, grupos. Mas quando a diferença é muito grande e constante, ela está revelando máscaras pesadas que disfarçam, negam e aprisionam quem somos. Sirvo só para uso externo quando mostro minha melhor face, a sedutora (simpática, gentil, prestativa, paciente, gentil...), apenas para os “de fora”, para pessoas que pouco conheço, pessoas que desejo atrair mostrando “serviço”, querendo fazer boa figura. Quando, porém, deixo de lado essa face boa ao tratar com as pessoas de convívio mais próximo, pessoas que me amam; quando, sentindo-me, talvez, mais segura do seu amor, do meu lugar no coração dessas pessoas, revelo-me agressiva, irônica, distante, mal humorada, impaciente... estou, na verdade, deixando cair a máscara, revelando uma fragmentação no caráter, revelando quem verdadeiramente sou, ou quem ainda não sou. Não adianta culpar os íntimos maltratados pelo nosso maltrato! Estamos mostrando, então, que só servimos para uso externo! Cabe a cada um de nós estabelecer e honrar nossos limites nas relações mais antigas, criando respeito para podermos nos tornar realmente íntimos, para podermos levar a essas relações as boas maneiras, a gentileza, a ternura, a alegria... para podermos vivenciar e exercitar a nossa boa face, para seguirmos no nosso propósito de inteireza e integridade. Sugestões e comentários: mariatude@gmail.com

sábado, 9 de abril de 2011

COM GOSTO // SEM GULA

Muitos acreditamos que obteremos nossa felicidade com a posse de coisas, pessoas, de tudo que o mundo tem para nos oferecer. Em razão disso nos entregamos a uma busca exagerada de todos esses “itens” externos. Gulosos, queremos muito, queremos mais. A gula é isso: o uso, consumo e acúmulo excessivo do que é bom, do que é gostoso, do que poderá dar gosto à nossa vida (material). Comprar, fazer, beber, jogar, comer (coisas e pessoas!), trabalhar, divertir, etc. Sempre buscando mais, passamos correndo pela vida, tendo sempre tanta pressa em desfrutar de coisas e sensações, que já não conseguimos mais digeri-las. Quando não consigo desfrutar o que tenho, tudo começa a tornar-se superficial e sem gosto. Sinto-me então confusa! Busquei tanto e sinto agora cansaço, frustração, tédio, vazio! É hora de saborear! Um lema me sinaliza “Vá com calma”, pare de correr, deixe a ansiedade da pressa, do “tem que”, do “devia/podia”... Abandone a angústia de necessitar mais, demais, do super, dessa busca eterna, sem fim... Preciso de um tempo para estar atenta à vida, para realmente ver, ouvir, sentir... Preciso me permitir fazer gostosamente o que gosto, ou até nada fazer!... Preciso de um tempo sem pressa para poder curtir minhas alegrias e me permitir chorar minhas dores. Outro lema me sugere “Mantenha-o simples” para viver com temperança, sem exageros, sem gula, com gosto, com gozo. Atentos a esses lemas, poderemos ir despertando para um outro nível de nós mesmos – o espiritual. Nele, podemos desfrutar com serenidade o momento, a vida. Sugestões e comentários: mariatude@gmail.com

domingo, 3 de abril de 2011

INTIMIDADE

Ando me perguntando: qual o grau de intimidade que tenho com as pessoas mais próximas em minha vida? Intimidade é sentir-me cada vez mais espontâneo, a vontade, confiante, numa relação cada vez mais transparente, livre, com profundidade. Estou conseguindo “estar” com essas pessoas dessa forma, tentando mostrar-me e vê-las fora de nossos papéis (familiares, profissionais ...), por baixo das “camisas” e “máscaras” que usamos no desempenho desses papéis? A intimidade nas relações requer, antes de tudo uma jornada interior, honesta e amorosa, que me leve a ser íntimo comigo, que me faça conhecer o conforto e segurança que desfruto quando começo a me conhecer, aceitar e amar. A partir daí nasce naturalmente o desejo de chegar ao outro, de compartilhar minhas descobertas, minha humanidade, e a possibilidade de também aceitar a humanidade dele. Gostaria que ele também chegasse assim desarmado, buscando intimidade, mas não posso cobra-lá ou impô-la. Ela será espontânea, ou não será intimidade. Porque confundimos amor com posse (material), porque queremos possuir o amor(imaterial) , ele se esvanece e só nos resta, cada vez mais, a “posse do objeto” do nosso amor (“meus filhos”, “meus pais”, “meu companheiro”...). Estamos tão próximos pelo sangue, pelo casamento, pelo sexo, pelos papéis familiares, que acreditamos poder e dever invadir seus espaços, desrespeitar seus corpos, sua vontade, seus pensamentos, seus sentimentos...acreditamos que isso é intimidade! Ocupados assim com os outros, não nos ouvimos e sentimos, não criamos intimidade, realmente, com quem somos. Distantes de nós mesmos, passamos a nos relacionar sem clareza, sem soltura, sem verdade. Nossos desejos e sentimentos vão se tornando cada vez mais secretos e nós, distantes. É um triste paradoxo: porque somos tão próximos, forçamos uma “intimidade “ invasiva que só nos afasta. As relações perdem profundidade e transparência, tornam-se nebulosas, superficiais, defensivas... Às vezes, assustado, dá vontade de gritar: Por favor, um pouco de “cerimônia”! Esta cerimônia, na verdade, é a necessidade de respeito, de limites na relação, para que possamos confiar, nos revelar, nos chegar verdadeiramente e desfrutar a delícia da intimidade. Sugestões e comentários: mariatude@gmail.com