Desde sempre fomos assombrados por ameaças familiares e religiosas de estarmos “pecando”. Perderíamos o céu, padeceríamos, talvez para sempre, no inferno! Hoje, como tudo é banalizado, mas pouco entendido, também o “pecado” infunde menos medo, embora faça parte, cada vez mais, de nosso imaginário e de nossas vidas. Mas, o que é afinal o “pecado”? A origem da palavra quer dizer – errar o alvo. Qual é o nosso alvo? O que buscamos atingir? A felicidade!
“Pecado” são crenças e atitudes que adotamos e incorporamos, com intensidade cada vez maior e que nos tiram da direção que leva ao alvo, ao nosso centro, à nossa dimensão espiritual, à nossa felicidade. Eles são muito humanos, característicos de nossa materialidade, das crenças do nosso ego, mas, quando são exacerbados, nos afastam de nossas características de seres espirituais, sendo por isso sinalizados como “pecados capitais”! Eles mantém nossa atenção fora de nós mesmos, sempre buscando fora, no mundo, comparando e competindo, atraindo-nos para o mundo material, subjugando-nos aos prazeres básicos como comida e sexo, enfeitiçando-nos com a promessas de dinheiro, poder, prestígio... Distraindo-nos de nós mesmos.
Já se disse que “pecado” é o exagero do que é bom; é a entrega intensa e cega a tudo que nos trás prazer momentâneo, fazendo-nos esquecer ou desistir de buscarmos também a Felicidade. Com o foco de atenção fora de nós, nessa busca egóica e material, nos entregamos a essas distorções que vão se transformando em defeitos de caráter.
- orgulho, a percepção distorcida do Eu. “Sou melhor, mereço mais; sou especial e diferente. Os outros, não!”
- inveja, de bens e dons do outro. Ela deixa um ranço amargo, o despeito, menos pelo que não tenho, mais pelo que o outro tem!
- avareza, apego, que me aprisiona a coisas e pessoas. Pessoas que transformo em coisas minhas (ciúme) e que aprisiono a mim. Coisas que busco sempre mais e mais, na agonia de preencher um vazio que não é material!
- raiva, que decorre da não aceitação de nossa impotência ante os fatos e as pessoas.
- gula, a busca descontrolada pelo prazer, pelo preenchimento, na tentativa da saciedade física de um vazio que é da Alma, do Espírito.
- luxúria, a ânsia na busca de um prazer que simplesmente já não satisfaz, que exige sempre mais, mais diferente, mais animal; que aprisiona, não nos preenche e cada vez menos satisfaz.
- preguiça, nos torna cegos e surdos, justificando nossa inércia, mantendo-nos acorrentados, encalhados, desviados de nós mesmos, do nosso caminho, do nosso alvo.
Todos esses “pecados”, os exageros no caráter, nos aprisionam às crenças equivocadas do ego, reforçando-as com atitudes que nos fixam apenas ao mundano nessa nossa passagem material, levando-nos à desatenção e esquecimento de nossa destinação espiritual.
Eles nos mantém, também, em constante luta interna com nossa Consciência Essencial e em luta externa por apegos materiais. Eles nos desgastam, não nutrem nosso vazio interior, não amenizam a dor difusa que sentimos pela desnutrição amorosa. O prazer sempre fugaz e ansioso que nos proporcionam é enganador, dominador, exigindo sempre mais, nos fazendo ignorar e não desfrutar o gozo suave da Suficiência mundana, que nos equilibra e liberta.
Somos seres espirituais, ainda que numa passagem material. Precisamos ser livres e, quando nos deixamos ficar sob o jugo desses “defeitos de caráter”, sofremos e nos perdemos. Relembrando, por isso eles são chamados de “pecados capitais”, porque nos desviam do alvo, de nós mesmos. Cabe a cada um de nós estar atento a estas distorções e prisões internas e saber desfrutar do material sem nos perdermos de nossa meta espiritual.
Passo a Passo, nos Entregando a um Poder Superior Amoroso, que é nossa origem e destinação, Um dia de cada vez, com Calma perseverante, Boa Vontade e Bom Humor, poderemos ir- nos descobrindo, aceitando e reunindo Coragem para Mudar, para nos livrar desses entraves em nossa caminhada, para superar esses excessos que nos desviam da liberdade interior, do nosso alvo espiritual, da Felicidade.
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