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terça-feira, 6 de setembro de 2011

SÃO TANTAS COISINHAS MIÚDAS...


O que nos separou? Onde foi que nos perdemos uns dos outros? Nós nos amávamos tanto! Será que ainda nos amamos? Quanto nos amamos?
Quantas vezes revimos e revivemos as lembranças, procurando, indagando: - onde foi, em que pedaço do caminho, isto aconteceu? Que houve de tão grave, de tão marcante, que conseguiu nos distanciar? Fui eu? Foram vocês? Foram eles? Afinal, como foi?

            Tanto tempo procurei respostas para estas agoniadas indagações, querendo entender o que aconteceu com algumas das mais intensas, profundas, importantes, relações na minha vida.
Ainda não tenho todas as respostas, mas vou descobrindo algumas explicações. Talvez algumas das raízes longínquas e profundas desses desencontros tão doídos, onde tudo foi ficando tão superficial, vazio ou aguerrido. São tão doídos que acabamos por banalizá-los para que possamos “ir levando”: Pensamos e dizemos: É assim mesmo...

            Acredito que, por amor, estabelecemos, uns com os outros, expectativas ideais, irreais, para nossas performances na vida. A partir daí, todos temos medo de falhar e sermos menos amados, menos valorizados, talvez rejeitados ou preteridos. Usamos, então, bonitas máscaras e nos fantasiamos, uns para os outros. Mas estamos todos inseguros e, para manter o sonho, ficamos atentos e perseverantes na luta para descobrir o outro, torcê-los e adequá-los à imagem que criamos deles ou que eles nos apresentaram. Dessa luta sobrevém a frustração e a raiva de não podermos modificar-nos uns aos outros; a mágoa e o ressentimento por não sermos ouvidos ou atendidos; a vergonha e a culpa por falharmos nas tentativas e finalmente um grande cansaço e desânimo, dentro de nós, dentro da relação.
E aí, onde encalhamos, vamos ficando... às vezes conformados, às vezes revoltados, mas certamente doídos e solitários.

Todo esse estado interior se revela nos comportamentos que adotamos nas relações e que servem para retroalimentar toda essa agonia.  Revela-se e eterniza-se nas “coisinhas miúdas” do dia a dia:
- nas cotidianas cobranças pelos sacrifícios que fizemos por amor.
- nas comparações e discussões que se estabelecem para ver quem tem razão, quem é o melhor, quem é o pior
- nas críticas constantes que agridem a auto-imagem e magoam tanto
- na incapacidade de ouvirmos, realmente ouvirmos, com o coração.
- na dificuldade de nos revelarmos com honestidade
- nas provocações onde “damos o troco” pelas nossas expectativas e sonhos frustrados
- no abandono indiferente, nos silêncios que gritam nosso ressentimento
São tantas mais coisinhas miúdas... Nem foi preciso um grande desastre!
Foi assim.

            O que posso fazer, hoje? Não se apaga o passado, não se resgatam sonhos e ilusões. Nem são para serem resgatados! Eles nos levaram a tantos enganos! Mas posso entender todo esse processo equivocado e destrutivo de idealizações e fantasias e procurar estar atenta, todo o tempo, à realidade do que sou e do que posso, só por hoje, do que o outro revela querer e poder, do que eu quero para mim e do que eu não quero continuar repetindo em minhas relações. Preciso estar lembrando:
- sou responsável pelo meu bem estar nas relações, pelo respeito a mim e ao outro.
- o elogio é o perfume das relações.
- as pessoas são diferentes. Têm histórias, desejos, possibilidades diferentes
- não posso modificar ninguém, não sou responsável por suas escolhas
- se for honesta, lúcida e realista nas minhas relações, se escolher ser companheira, parceira em vez de adversária, submissa ou dirigente, poderei viver outras “coisinhas miúdas”, agora, gentis, bem humoradas, ternas, com gosto de quero mais... Serão novas rotinas; serão novas doces rotinas.

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