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domingo, 26 de fevereiro de 2012

“ALEGRIA”, ALEGRIA



               Todos queremos ser felizes e a Alegria é inerente à Felicidade.
A Alegria faz parte de nossas necessidades mais altas, de nossas necessidades espirituais. Precisamos da Alegria para nos nutrir; uma nutrição que vai muito além de nossa dimensão física. Ela traz gostosura, brilho e leveza à nossa existência. Ela é serena, mas poderosa, e nos fornece uma força que se traduz em vitalidade, que nos impulsiona pelo nosso caminhar afora. Ela é uma das facetas da Energia Amorosa Maior que habita nossa Dimensão Espiritual; deve emergir naturalmente dessa dimensão, transbordar para todo nosso Ser e se revelar em todas nossas interações com o mundo à nossa volta.

            No entanto, vivemos tão condicionados e aprisionados às nossas dimensões física e egóica, tão voltados a esse voraz e competitivo mundo “de fora”, que perdemos quase completamente nossa capacidade de acessar nossa dimensão espiritual, onde habita a Alegria. Desesperados, desnutridos, passamos, então, a buscá-la artificialmente, exageradamente, em coisas, eventos, pessoas, químicos... Nessas ocasiões de festas, festejos, férias e feriados,chega a ser triste ver a distorção desta “alegria” que se revela em gritos, risos excitados, gargalhadas estridentes, em comemorações exageradas de vitórias em competições acirradas, brigadas, em gozações debochadas... Essa é a “alegria” dos tristes, dos confusos... ela é um arremedo, uma “alegria genérica”, que precisa ser aditivada, incrementada, com muita comida, muita bebida, muito sexo, muita adrenalina ...e que, afinal, só nos traz desequilíbrio, desorientação,desconforto ... ressaca! Queríamos nos banhar em Luz e só conseguimos a claridade artificial gerada por muitas lâmpadas que a todo tempo se apagam e requerem mais outras...
É uma “alegria” forçada, “prá tudo se acabar na 4ª feira...”!

            É triste, também, uma “alegria” ácida, pretensamente virtuosa, que apenas critica, condena e se contrapõe à primeira, que se nutre de aparências, rituais... Uma “alegria” de julgar, condenar, sentir-se maior, melhor, mais espiritualizado, mais “humilde”!!!

            Acredito que em nossa caminhada, ainda tão iniciantes que somos, carentes de Alegria, acabamos nos contentando com esses momentos de “alegria” artificial. Mas, como continuamos a caminho, já vislumbramos e eventualmente desfrutamos a Alegria “naturalmente alegre”, espontânea, que nasce de instantes de interiorização, compartilhados ou não. Ela é simples, serena, sem bronca, sem crítica, sem acidez, sem simulação, sem ironia, sem exagero, com equilíbrio e muita gostosura. Nós a sentimos quando assistimos ou participamos, sem aditivos artificiais, de momentos de pura entrega à dança, à música, ao sexo nas nossas relações especiais, às atividades físicas ... ou na contemplação da beleza de criações humanas e as da Natureza, tão incrivelmente criativa. Nós nos deleitamos com a Alegria de podermos rir junto com as pessoas (e não das pessoas!) com tolices, gaiatices... Curtimos a Alegria nos encontros, nos reencontros, nas descobertas, nas partilhas... Descobrimos a Alegria de sermos solidários, gentis, verdadeiros, generosos, ternos... De nosso interior, ela se doa ao mundo através do brilho de nosso olhar e do nosso sorriso. Ela nos ilumina e convida para participarmos com mais leveza do grande baile da vida.

            A Alegria é um dom divino. Ela faz parte da nossa herança sagrada de filhos de um Poder Superior Amoroso e certamente bem humorado. Com Calma, Um dia de cada Vez, iremos aprendendo a acessá-la com simplicidade, escolhendo ser cooperativos, a “aceitar o que não podemos modificar”, a abrir mão das disputas e razões egóicas e preferir apreciar qualidades, belezas, gostosuras em nós mesmos, nas pessoas, na vida... Assim, teremos cada vez menos necessidade de “alegrias” alternativas e desfrutaremos cada vez mais da verdadeira Alegria em nossas vidas.

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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

QUANDO “QUEBRAMOS”



             Somos centelhas de uma Luz Maior e, como as crias que, instintivamente, buscam o encontro com a vida, com a mãe, nós também buscamos, fatalmente, o encontro com nossa Matriz. No entanto, nesse percurso, criaturas ainda frágeis que somos, por algum tempo nos perdemos, muito sofremos e muitas vezes “quebramos”. Somos muito dependentes uns dos outros porque não aprendemos, ainda, a acessar a luz interior que nos liga à Luz Maior. Nessa dependência, queremos muito, até precisamos, agradar aos outros para recebermos o amor que aquece nossas vidas e o valor que garante brilho à existência – eles nos fazem acreditar que assim seremos felizes. É uma busca tão ansiosa, muitas vezes tão desesperada, que o medo de falhar, de perder esse amor e o brilho que nos sustentam, transforma-se num fantasma terrível a nos assombrar.

            Figuras de adoração pública são pessoas que perderam suas identidades humanas para simbolizarem a beleza, a alegria, o heroísmo, a arte... Elas habitam nosso imaginário, nos oferecem magia e gostosura num mundo tão áspero, frio, duro... e nos levam a ter expectativas irreais, desumanas, com suas possibilidades. Então, elas muitas vezes “quebram”... Nós, pessoas mais “comuns”, no dia a dia de nossas relações em família, no trabalho ou em quaisquer atividades, sofremos e fazemos sofrer a pressão das mesmas expectativas, ainda que num âmbito mais restrito. Figuras públicas padecem do medo da perda de valorização e do esquecimento e cada um de nós padece dos mesmos medos na relação com esse nosso público particular, com os nossos amores.

            A expectativa traz o medo, uma ansiedade constante, muitas frustrações, mágoa, vergonha... Essa angústia permanente, muitas vezes pode fazer uma pessoa “quebrar” – perder o rumo, buscar alívio e esquecimento da dor e da luta nos químicos... Tão fragilizados, despedaçados, quebrados, eles se tornam que, “A não ser pela graça de Deus” e recebendo o amor que tão angustiadamente buscam em nós, poderão, então, ter ânimo, força e esperança para buscarem a recuperação do auto-respeito e da dignidade; para reencontrarem e retomarem o caminho em direção à nossa meta de Luz, de felicidade “não aditivada”. Um amor espontâneo, terno, generoso, sem condições ou expectativas, é a pura energia divina que necessitam para se redescobrirem como filhos de um Poder Superior.

            Amar é aceitar.  É respeitar espaços e limites uns dos outros, sem adoração, sem pedir ou exigir provas ou melhores desempenhos, sem colocar em risco e sofrimento aqueles que amamos.

            Atenção! Cuidado com as pessoas, principalmente as mais queridas! Elas não são nossos objetos de apego!  Pessoas podem até “quebrar”! E é muito doloroso o custo da recuperação, da “reparação”!

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sábado, 18 de fevereiro de 2012

CULPA DE MÃE....E DE PAI



             Desempenhamos vários papéis durante nossas vidas e nos foi dado um roteiro de como desempenhá-los. Aos pais foi dada a tarefa de receber, amar, proteger e orientar outras criaturas, os seus filhos. Poderosos laços afetivos foram sendo construídos e reforçados ao longo desse convívio. Mas nos ensinaram e acreditamos, equivocadamente, que essa tarefa, se perfeitamente executada, deveria impedi-los de errar ou sofrer. Se falhássemos nessa “missão impossível”, a vergonha e a culpa seriam para sempre nossos algozes. No entanto, os filhos erram, os filhos sofrem, os filhos têm suas próprias histórias, construídas através de suas próprias escolhas, necessidades e possibilidades. E nós temos nossos próprios limites para acertar e errar. Dessa interação de humanidades, equivocadamente baseada em crenças idealizadas, irreais e de amor apegado, quantos erros, quantas dores, quantas culpas! A consciência de nossas falhas humanas (medos, omissões, agressões...) se afigura imperdoável ante essas crenças e nos açoita com a culpa. A culpa e o remorso, que nos fustigam num replay interminável, ficam aderidos a nós e aumentam o horror de não poder impedir a dor de quem amamos e ter que presenciá-la, impotentes, nos cobrando como incompetentes.Para conviver com essa agonia, arranjamos desculpas, distribuímos outras culpas, evitamos pensar, nos negamos às lembranças...

Podemos, finalmente, entender racionalmente que precisamos nos perdoar, pois não poderíamos ter sido perfeitos e onipotentes, capazes de direcionar o destino dos outros, mesmos de quem tanto amamos. Entendemos que precisamos ser humildes e abolir uma crença ideal, arrogante e perfeccionista que nos leva à culpa. Mudando essas crenças evito julgamentos, críticas e evito desenvolver novas culpas quando falhar. Aprendo que é preciso aceitar erros, transformando culpas em responsabilidade em mudar, fazer melhor, aprender com erros, me transformar.

Mas, e as velhas culpas que ficaram do passado? Converso comigo repetidamente, me relembrando o novo modo de pensar, mas isso não me livra desse sentimento terrível, agoniante, aderido como um visgo, que se recusa a sair, que sufoca, que parece nos açoitar de tanta dor? Nosso mundo interior parece funcionar como um lago que tentamos manter sereno, aparentemente límpido, mas ao confronto com as lembranças que remexem o fundo, levanta-se todo o lodo, emerge a culpa e grita a dor. “Sentimento ilhado, louco, amordaçado, volta a incomodar...”

Não adianta querermos fugir de nós, dos nossos sentimentos mais antigos. Só através do compartilhar, nos permitimos revolver esse mundo escondido, levantar as dores e deixá-las ir saindo, como as águas não represadas, que seguem, fluem... Preciso falar, gritando minha dor, abrindo meu peito, chorando, abrindo mão do meu orgulho até transformar minha humilhação escondida em Humildade que traz serenidade. Preciso elaborar  o luto de não ter conseguido ser quem eu queria ter sido para meus filhos,  consolando-me com o silêncio dos que me ouvem e me acolhem. “Um pouco de cada vez”, esse nosso lago interior poderá ir-se libertando desse fundo escuro de culpas, tornado-se cada vez mais, verdadeiramente, límpido e sereno, deixando transparecer nosso interior, já então mais renovado, leve, pleno de boa vontade para, “Um dia de cada vez”, nos responsabilizarmos em sermos melhores.

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terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

A VOCÊS - LONGE DAQUI



             O quanto estamos longe ou perto uns dos outros?
Costumamos avaliar a distância em termos físicos, materiais, em metros e  quilômetros. Quando assim pensamos a distância, quando ela nos parece imensa, difícil de transpor no momento, ela nos faz “gritar” a saudade. Parece que sentimos mais a saudade em função da distância do que do tempo! A distância nos faz sentir falta da presença pelo impedimento físico de nos tocarmos, nos vermos, nos falarmos... Quanto maior, mais nos assusta, nos machuca, nos remete às lembranças, ao desejo de chegar, de voltarmos a estar fisicamente juntos, de voltar ao ninho, à origem.

            Para nós, tão identificados com o mundo material, tão carentes da presença e do contacto, a tecnologia, hoje, possibilita que nos comuniquemos de outras maneiras que amenizem o tanto que nos falta dos outros. Saber que estou compartilhando com companheiros em outras cidades, países, em lugares tão distantes, emociona, enternece e nos torna muito mais próximos. Sinto-me mais acolhida, compreendida e aceita em minha humanidade, menos isolada num mundo tão grande. Os sentimentos, as descobertas renovadas, a mente e o coração abertos, compartilhados, superam quaisquer distâncias físicas e nos unem de uma forma muito especial.

Não sei seus nomes. Não conheço seus rostos, mas vou descobrindo que não é isso que importa ou que me aproxima de vocês. Acredito que estamos ligados, no tempo e no espaço, por nossa busca de um viver mais livre e amoroso, por este nosso “bom propósito”. E quando estamos assim sintonizados, creio ser verdade que “ O Amor é uma ponte para o sempre” e “ Longe é um lugar que não existe”.

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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

COMPULSÕES



             Muito se fala e escreve sobre o uso compulsivo de químicos, sobre a necessidade compulsiva que desenvolvemos de usar químicos para conseguirmos tocar nossas vidas. São químicos que buscamos nos consultórios médicos, nas farmácias, nos bares, nas vielas, nas favelas, nos endereços de luxo, embalando festas e incrementando a “alegria” de quaisquer classes sociais. Precisamos, muitas vezes, de algo mais, um aditivo, artificial, algo que procuramos, cada vez mais e mais, numa tentativa desesperada de anestesiar as dores e os desconfortos de lidarmos conosco mesmos e com as circunstâncias da vida. É uma tentativa de tentar suprir um buraco existencial, uma falta de sentido, de propósito; uma tentativa de trazer brilho e prazer a um viver que, na verdade, deve estar nos parecendo muito confuso, sem graça e opaco.

            Existem outros químicos, no entanto, que atendem a mesma finalidade, que não trazemos de fora, não pagamos por eles e que, sem termos consciência, usamos e abusamos, criando características de dependência e compulsão. São os químicos que aprendemos a detonar em nossos organismos físicos em resposta a obsessivos chamados mentais, tentando confortar nossos anseios emocionais. O corpo é o fim da linha de processos que se originam na mente, detonam emoções e acionam respostas bioquímicas em nosso corpo. Quando isso se torna um circuito fechado, uma rede interna desconectada do Circuito Maior, acaba por nos manter aprisionados, desnutridos de Amor e Alegria e dependentes compulsivos de artifícios que nos ofereçam, ao menos, prazer e anestesia.

            Devemos estar atentos à busca e desfrute compulsivo desses químicos gerados por nós mesmos através de atividades exageradas que demonstram compulsão, prisão às nossas mentes fechadas e corpos aditivados, não nos permitindo o necessário contacto interior que poderia nos levar a livres escolhas. Podemos estar vivendo sempre com pressa, sob pressão contínua, em atividades de alto risco, corriqueiras ou não, em esportes, em trabalhos, no trânsito, em competições de qualquer tipo, jogo, em relações perigosas, destrutivas... Podemos estar tão “viciados” em adrenalina que só assim extraímos brilho ou prazer da vida, só assim sabemos viver. E damos uma “manutenção” cotidiana a essa obsessão/compulsão assistindo os mais violentos noticiários, filmes, competições esportivas, “barracos”, os personagens psicóticos de novelas... Sem esses elementos, tudo parece meio sem graça! E essa busca distorcida de prazer através dessas sintonias químicas se revela também em outras compulsões que vamos desenvolvendo (comida, sexo, poder, afeto, prestígio, dinheiro...) Essas drogas geradas por nossos organismos em obediência aos comandos obsessivos da mente e necessidade distorcida do corpo(adrenalina, dopamina, endorfina, etc) têm atuação “alopática”, disfarçando os sintomas de dor, da falta de cor e sabor da vida e camuflando o vazio interior. Ficamos aprisionados num viver agoniado, estressados, não sabendo como sair disso porque sequer nos damos conta do que está nos acontecendo.É como se, inconscientemente, pensássemos: “Queria tanto ser feliz, mas se não encontro essa tal felicidade, quero, ao menos, distrair a dor e trazer prazer e brilho à minha vida!

            O preço da liberdade é uma atenção cuidadosa, gentil, bem humorada e perseverante de como levamos nossa vida, de como nos cuidamos. É preciso “dar-se conta” da prisão para podermos buscar a liberdade.Só um olhar interno cuidadoso e honesto poderá nos revelar pensamentos e comportamentos viciados e viciosos que mantém e se mantém com o abuso desses químicos em nós. Só a descoberta, a experiência, a escolha de valores mais espirituais e amorosos para nós mesmos e em nossas relações, poderá ir subtraindo-nos da prisão egóica, do circuito fechado, para poder chegar a um Circuito mais amplo, sempre aberto a vivências mais altas, mais gratificantes e significativas para seres espirituais que somos. O equilíbrio faz parte da Felicidade. Precisamos achar o equilíbrio entre atender nossa materialidade, que busca prazer, e nossa espiritualidade que traz Felicidade. Todo esse processo precisa ser livre das obsessões e compulsões que nos cegam e aprisionam. Somos seres um processo, em contínua evolução e qualquer processo evolutivo requer liberdade, perseverança, alegria e paciência. Isto é o que dá Sentido à Vida.

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segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

SILENCIOSA EXPIAÇÃO



             Quando iniciamos nossa "incrível jornada" interior em busca de liberdade, iniciamos também um processo de silenciosa expiação. Essa não é uma viagem turística, onde visitaremos somente lugares bonitos, já acertados num roteiro pré-determinado. É muito mais um mergulho no desconhecido de nós mesmos, onde descortinamos todo tipo de paisagens, de modo inesperado e onde se misturam flashes do passado, cada vez mais iluminados pelos clarões da nossa compreensão renovada.
Ficamos a princípio vexados, culpados, intimidados, às vezes até horrorizados, com o que vamos descobrindo em nós; ficamos desejosos de parar, de voltar a levar nossa atenção para fora, para o mundo, onde só julgamos os outros e assim tudo se torna menos complicado, doendo menos e nada exigindo de nós.
No entanto, depois de iniciada, essa jornada não tem volta!

              Às vezes paro, hesito em continuar, mas acabo retomando o caminho, em obediência a um chamado maior. Já preciso, quero, me conhecer, entender meus porquês, desvendar minhas emoções mais escondidas, aprender como se originam, liberar-me delas. Não posso continuar indefinidamente atrelada a um mundo interior aprisionado. A princípio, há uma luta que se trava entre minhas heróicas fantasias sobre mim mesma e a realidade que vou desvendando. E começo a viver grandes dúvidas: até que ponto me auto-engano nesse processo? E minhas qualidades tão negadas, serão verdade? Como compartilhar tantas dúvidas, dores, descobertas, num mundo que é surdo aos sentimentos, onde tantos estamos amordaçados...? Quantos permanecemos silenciosos, isolados, expiando nossa humanidade negada ou as dúvidas de nossa caminhada solitária?  Se insistirmos em direção ao nosso objetivo libertador, se nos entregamos corajosamente ao processo da mudança, temos que enfrentar a dor da perda de crenças ultrapassadas, mas que eram nosso "chão"; a dor da perda de costumes destrutivos, mas conhecidos; a dor da perda de emoções nocivas, mas que eram nossas velhas conhecidas. Submetemo-nos conscientemente a uma "amputação psíquica e afetiva", necessária, mas muito dolorosa. É a perda, o abandono voluntário, do antigo eu para o acolhimento do novo Eu.

             Nesse propósito, passamos por momentos de desespero mudo, interior,cansativo... Parecemos a nós mesmos tão confusos, controversos, desconhecidos, desarrumados... Abrigamos o desejo do Bem, mas ainda nos sentimos frágeis ante a atração do mal... Exercitamos a nossa coragem, mas ainda somos assaltados pelo medo, pela covardia... Queremos a Verdade, mas ainda nos defendemos com a mentira... E voltam as dúvidas: Só eu sou assim? Precisa tudo ser tão difícil? Preciso estar tão isolada nestas tão confusas questões? Daí a importância de compartilhar.

           Acredito que só vocês, companheiros nessa "incrível jornada", podem entender e reconhecer essa verdadeira "expiação silenciosa". E somente nesse compartilhar que nos aproxima, que nos resgata do silêncio e do isolamento, é que melhor nos descobrimos, nos acolhemos, nos consolamos e nos fortalecemos. E nesse compartilhar também aprendemos que essa busca da liberdade e felicidade não deve ser um inquérito policial inacabável, mas sim um maravilhoso desvendar interior que, embora doloroso, possa ser entendido e aceito para ser transformador e libertador. 

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quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

PREGUIÇA



            Ela nos parece tão inofensiva, calma, “preguiçosa”... Afinal, apenas nos mantém quietos, do nosso modo, no nosso canto! É sutil, se instala de mansinho, cheia de desculpas, manhas, nos garantindo o conforto do que já é conhecido, sem querer sustos ou confrontos, chamando-nos apenas a esquecer e nos acomodar. Apesar disso, a Preguiça foi assinalada como um dos “pecados capitais”, ao qual deveríamos estar atentos e cuidadosos, e como um “defeito de caráter” a ser superado.  Por que?

            Porque a preguiça nos aprisiona, nos mantém encalhados, semi vivos ou semi mortos, conformados com um viver superficial, quase que apenas material e instintivo. Permanecemos, então, como terra pobre, pouco profunda, muito pouco fértil, sem propósito... Desistimos de alçar vôos maiores, de mergulhos profundos, apenas vamos ficando... acomodados, negando, nos desculpando, culpando alguém ou alguma circunstância. Preguiçosos, não queremos ver, ouvir, dizer, sentir, provar – o Novo.
O novo traz consigo o desafio do movimento, das re-significações, das mudanças. E é justamente isso que nos amedronta, paralisa e, de antemão, nos cansa. Preguiçosos, preferimos as zonas confortáveis do conhecido, ainda que pobres e medíocres. Preguiçosos, permanecemos então como animais de sangue frio, parados, rastejantes, “crocodilando” o mundo, à espera que algo nos venha aquecer ou que a vida nos empurre de algum jeito para, então, ainda reclamarmos – incomodados, sofridos, “injustiçados”, despreparados para enfrentar o Novo. Mas é bom lembrar: “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”!

            Somos criaturas espirituais e, ainda que numa experiência material, precisamos cumprir nossos destinos, nossa vocação, esse chamado maior para uma eterna evolução, para o encontro e libertação da Luz da qual somos portadores e depositários. A preguiça é um freio aplicado a esse propósito.Temos uma necessidade interior de pensar, indagar, buscar nossos porquês, descobrir sentimentos escondidos e libertá-los, de redefinir projetos e atitudes, de buscar alegrias e felicidade mais interiores do que as do mundo material, de nos transformar...
E a Preguiça, como uma sereia, nos hipnotizando, sussurra:
Prá quê? Deixa ficar... Não complica...
    
CUIDADO COM ELA!


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