Ela nos parece tão inofensiva, calma, “preguiçosa”... Afinal, apenas nos mantém quietos, do nosso modo, no nosso canto! É sutil, se instala de mansinho, cheia de desculpas, manhas, nos garantindo o conforto do que já é conhecido, sem querer sustos ou confrontos, chamando-nos apenas a esquecer e nos acomodar. Apesar disso, a Preguiça foi assinalada como um dos “pecados capitais”, ao qual deveríamos estar atentos e cuidadosos, e como um “defeito de caráter” a ser superado. Por que?
Porque a preguiça nos aprisiona, nos mantém encalhados, semi vivos ou semi mortos, conformados com um viver superficial, quase que apenas material e instintivo. Permanecemos, então, como terra pobre, pouco profunda, muito pouco fértil, sem propósito... Desistimos de alçar vôos maiores, de mergulhos profundos, apenas vamos ficando... acomodados, negando, nos desculpando, culpando alguém ou alguma circunstância. Preguiçosos, não queremos ver, ouvir, dizer, sentir, provar – o Novo.
O novo traz consigo o desafio do movimento, das re-significações, das mudanças. E é justamente isso que nos amedronta, paralisa e, de antemão, nos cansa. Preguiçosos, preferimos as zonas confortáveis do conhecido, ainda que pobres e medíocres. Preguiçosos, permanecemos então como animais de sangue frio, parados, rastejantes, “crocodilando” o mundo, à espera que algo nos venha aquecer ou que a vida nos empurre de algum jeito para, então, ainda reclamarmos – incomodados, sofridos, “injustiçados”, despreparados para enfrentar o Novo. Mas é bom lembrar: “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”!
Somos criaturas espirituais e, ainda que numa experiência material, precisamos cumprir nossos destinos, nossa vocação, esse chamado maior para uma eterna evolução, para o encontro e libertação da Luz da qual somos portadores e depositários. A preguiça é um freio aplicado a esse propósito.Temos uma necessidade interior de pensar, indagar, buscar nossos porquês, descobrir sentimentos escondidos e libertá-los, de redefinir projetos e atitudes, de buscar alegrias e felicidade mais interiores do que as do mundo material, de nos transformar...
E a Preguiça, como uma sereia, nos hipnotizando, sussurra:
Prá quê? Deixa ficar... Não complica...
CUIDADO COM ELA!
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