Quem vem lá? Quem são essas pessoas que passam por mim? Quem
são vocês, que param, que ficam comigo, que até vivem comigo?
Olho e o que vejo são apenas as máscaras que estamos
usando...
Máscaras para a igreja, para o trabalho, para o clube, para
a rua, para os vários papéis familiares... Máscaras variadas: sorridentes,
amorosas, ameaçadoras, chorosas, indiferentes...Nas ruas, passamos uns pelos
outros como robôs sem alma, máscaras impessoais sem olhos, sem vida... Não nos
olhamos, pouco nos percebemos ou falamos – estamos todos sós, isolados,
defendidos... No entanto, é tão gostoso (terno, suave, confortável...) quando
podemos nos mostrar e também vislumbrar um pouquinho do outro – com sentimentos
reais e gentis sob nossas máscaras sociais. Por outro lado, também pode ser até
assustador nos defrontarmos com o desamor ou ressentimento de alguém, quando,
por momentos, esse alguém, por descontrole ou por vontade, revela o que se
esconde sob sua máscara.
Quem vem
lá? Quem é você? Quem sou eu? O que escondem essas máscaras?
Atrás de cada rosto existe uma história, existem sonhos abandonados,
decepções disfarçadas e medos, muitos medos – medos de infância, medos adultos,
medos aprendidos/ensinados, medos familiares, medos sociais... medo de não ser
aceito, valorizado, medo de não ser amado. É muito difícil, triste, solitário, manter
esse “Ser de Faz de Conta”, esse viver sempre alerta para escolher a máscara
certa para cada ocasião; e o conviver se torna superficial, maquiado, mesmo com
quem mais amamos.
Nesses
bailes da vida, quero dançar mais leve, solta, verdadeira. Para isso, preciso
ir, aos poucos, conhecendo o que se esconde sob as minhas máscaras. Só assim, me entendendo e aceitando, vou poder
ir-me fortalecendo, me respeitando e me libertando desses “esconderijos” de
mim. Eles têm me defendido, mas também me afastado de minha espontaneidade,
minhas dores e alegrias, de minha luz... e das pessoas!
Quero ter
coragem para me permitir olhar nos olhos do Outro, chamando-o, silenciosamente,
para também se libertar, para ousar revelar, quando quiser ou puder, sua
humanidade, esse seu mundo oculto que ele ainda esconde atrás de sua máscara.
“Enquanto vou tentando ir
libertando-me de minhas máscaras, passo por ti, buscando teus olhos... E te
espero e me enterneço com tua humanidade tímida e ainda tão defendida.”