Pesquisar este blog

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

DE CIMA DO MURO



           Nesse modelo de mundo, competitivo e defensivo/agressivo, onde fomos criados e “orientados” pelos grupos que nos acolheram, ouvimos sempre que a condição para pertencermos e sermos aceitos, fosse na Família, Igrejas, Partidos políticos, clubes esportivos, empresas, etc, seria  escolhermos “um lado do muro”, vestirmos “uma camisa” e ali permanecermos para sempre, fiéis e leais! Isto seria “ter personalidade” e “lealdade ao grupo”. Não poderíamos jamais, “ficar em cima do muro” e mudar... Isto seria uma vergonha, falta de caráter, fraqueza, falsidade...

            Hoje entendo que não posso, não devo e não quero abrir mão da minha liberdade de escolha, do meu direito de modificar opiniões, pensamentos, atitudes... Esta é uma responsabilidade que preciso ter comigo mesma – garantir minha liberdade de escolher. Só assim garanto minha possibilidade de crescer, me transformar, ser co-autora de mim mesma, em vez de ser mera seguidora de “um lado do muro”.

            De cima do muro é que posso ter a visão dos dois lados, dos vários lados, de qualquer lado, da veracidade das “verdades” apregoadas como “certezas”, que um dia escolhi ou me foram passadas, mas que já não me bastam...
 Atenção! Essas “verdades”, tão defendidas e apregoadas, me aprisionam e contaminam sutilmente minha capacidade de ver, ouvir e refletir com isenção e liberdade sobre os vários lados de quaisquer questões! Estar refém de um lado, de uma razão, de uma camisa, de um rótulo, de um “partido” (familiar, religioso, político, esportivo...) na verdade me “parte”, me mutila, me apequena... E me arma, me “militariza”, me torna um militante combativo, guerreiro zangado ou irônico, eterno defensor do mesmo lado, das mesmas visões...  E isso me rouba a possibilidade de ser pró-ativo em muitas questões que poderiam me parecer também justas, merecedoras de atenção e cooperação.

            Tenho direito e necessidade de refletir com liberdade, tenho direito de mudar (ou não) de opinião, de abandonar “lados”, “certezas”, de escutar minhas dúvidas, de não “pertencer” a grupos, a tribos, a modismos...
Não adianta subir as mais altas montanhas, conhecer novas pessoas, paisagens, ler os melhores livros... se minha visão estiver condicionada, emparedada por algum “lado do muro”. Estamos vivos, somos uma Centelha Viva e tudo que vive tem movimento, muda e se transforma. Somos mutantes – a cada momento, precisamos adequar nossa visão e escolhas às pessoas que estivermos sendo. E somente livres, “de cima do muro”, podemos ser leais a nós mesmos e cumprirmos com nossos destinos em busca sempre do Melhor.