Os fortes choram choros contidos, bloqueados, às vezes
escorregados, fugidios, furtivos... Choros assustados e assustadores para eles
mesmos, choros que lhes ameaçam ser como o rompimento de uma imensa barragem
que, uma vez excedida, tudo alaga, incontida, avassaladora, parecendo tudo
arrastar, até tudo se acabar...
Os fortes
sofrem! Sofrem como qualquer um! Têm medos, ansiedades, carências, mágoas,
tristezas, desesperos... todos silenciosos, calados, mudos. Eles só se permitem,
às vezes, demonstrar suas raivas, revoltas... porque parece que esses
sentimentos combinam melhor com o que se espera de sua força! Os fortes mostram
aos outros uma máscara muitas vezes fria, dura, retesada pelo esforço de
mantê-la. Dos outros, recebem elogios pela força ou censuras pela indiferença.
Os fortes sofrem, mas sua dor não é percebida e eles sentem-se profundamente
sós!
Os fortes
estão sempre divididos entre o que desejam e até necessitam (mas temem sentir
e, mais ainda, demonstrar) e ser apenas “gente”. Queriam ser abraçados,
acarinhados, consolados, cuidados... mas, ao mesmo tempo, tudo isso os faz
sentir ameaçados por sua fragilidade assim exposta, revelada... Estão cansados
de ser fortes, cansados de ter que tomar iniciativas, atitudes, decisões; de
ter que cuidar dos fragilizados, de ter que atender às expectativas de todos à
sua volta... apenas porque são fortes! Estão cansados, queriam apenas relaxar,
poder chorar, pedir ajuda, receber cuidados, atenção, proteção... Queriam ser
percebidos mais intimamente em suas necessidades e carências afetivas... Como
sair desse impasse?
Como
conseguir sua inteireza? Como assumir suas características de fragilidade e
força, às vezes tão antagônicas? Como abrir mão do orgulho de ser o mais forte,
da vaidade de ser “uma rocha”? Como desistir do controle de ser aquele que
orienta, que decide, que comanda, que direciona? Como desistir dos rompantes de
raiva, que amedrontam os outros, que servem de válvula de escape das
necessidades íntimas tão sufocadas? Como ousar se permitir ter necessidade de
carinho, afeto? Como admitir sentir medo, saudade, dúvidas...?
Sair desse
impasse interior requer processos e procedimentos também interiores: Humildade, honestidade, auto respeito... e
“Coragem para mudar” na construção paciente e perseverante de uma auto
estima que privilegia o que realmente
sou e o que posso – “Só por hoje”.