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sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

SER E PERTENCER III



           Somos “originais de Deus”, somos seres únicos, mas nascemos e vivemos em grupos. Em nossa unicidade, evoluindo, precisamos descobrir, revelar, desenvolver, usufruir e compartilhar nossos dons únicos, nossos sonhos, idéias, nossas habilidades, saberes e sabedoria, nossos “passados”... Precisamos corrigir e nos libertar de nossas dificuldades e desvios, particulares, só nossos, mas tão igualmente humanos! Somos assim, também, seres sociais, seres grupais. Precisamos de pertença, precisamos sentir que pertencemos, que fazemos parte de grupos, quaisquer grupos, muitos grupos: a Família, Escola, Igreja, Clubes, Trabalho, Cidadania, Humanidade... Esse é o nosso grande, talvez maior, desafio: conciliar, equilibrando e utilizando para um melhor ganho, esses nossos aspectos, aparentemente antagônicos. Somos “diferenças agrupadas” por uma Sabedoria Maior para que, na troca diária, possamos nos enriquecer nesse desafio.

            Na Família, nosso primeiro e primordial grupo, precisamos da nutrição de nos sentirmos acolhidos, amados, valorizados... E caminhamos desnutridos, apequenados, quando nos sentimos rejeitados, preteridos, “não vistos e não ouvidos”... Nela, somos levados a descobrir e interagir com as diferenças. Lá, recebemos as primeiras informações, instruções, crenças sobre tudo e todos, valores... e aprendemos a ser leais a tudo isso. Somos, assim, ensinados a “pertencer” àquele grupo e, na maioria das vezes, infelizmente, deixamos de lado nossos dons, nosso roteiro interior próprio, sufocando e negando sentimentos, abrindo mão, sem saber, de “pedaços de nós”!

Cada Indivíduo, cada um de nós, precisa da Família, do grupo. Mas precisamos que esse grupo esteja coeso, unido, amoroso e coerente com seu propósito básico, que é servir de ninho onde possamos sobreviver, crescer e florescer como seres em processo de evolução e libertação. Afinal, a Família, o ninho, o grupo (qualquer grupo), precisa de Unidade para continuar a existir, para não se dissolver, para não perder seus membros. Daí a importância de preservá-lo, preservar essa Unidade para nós mesmos, para que possamos usufruir da riqueza de pertencer com os nossos “diferentes”. Preservar a Unidade não é pensarmos igual, não é sermos obrigados a repetir comportamentos e orientações do grupo! A Unidade necessária é a unidade de propósito, na busca e vivência de princípios amorosos que nos permitam crescer e sermos felizes.

            Ainda estamos iniciando o aprendizado de Ser e Pertencer. Ainda temos dificuldade de respeitar e de fazer respeitar quem somos; temos dificuldade de sermos assertivos. Ao contrário, achamos natural invadir e  desrespeitar, em nome da intimidade e do amor e tendemos a rejeitar quem não se submete ao nosso controle. Temos dificuldade de entender a necessidade da Verdadeira Unidade e a responsabilidade de cada um nessa coesão. Ainda não entendemos que precisamos “educar” nosso próprio Ego brigão/manipulador/controlador, sem subjugá-lo ou submetê-lo, em vez de querer “educar” o dos outros.

            Os Grupos Anônimos, na sabedoria preservada em suas tradições, nos alertam para a importância de se cuidar dessa Unidade e sugerem a busca da vivência de princípios espirituais pelos que fazem parte dos grupos; isto serve para quaisquer grupos humanos. A espiritualidade é que favorece a integridade e saúde do Grupo, na medida em que enriquece cada Um de nós. 

É sugerido que valorizemos a Ordem e a Igualdade de direitos no grupo, o Respeito aos limites dos participantes e a Clareza na delimitação de papéis; que cada um Respeite seu próprio espaço... É sugerida a Valorização e Respeito à Unicidade, ao modo de ser de cada um, à necessidade que todos temos de sermos ouvidos e de podermos expressar nossa Verdade... É sugerido o Cuidado na Comunicação - com gentileza, sem gritos, sem críticas, sem ironias, sem pressão para convencimento, sem cobrança, mas com assertividade... É sugerido que se Mantenha a Mente Aberta, Escutando e Aprendendo, aproveitando o que o grupo tem a oferecer. Só assim, nessa relação dialética lúcida e amorosa, enriquecemos o Grupo/Família e seremos enriquecidos por ele.

            É sugerido que Eu faça a minha parte, “Que comece por Mim” com “Coragem para Me mudar”, sem querer modificar outros membros do meu Grupo, dando e recebendo deles o que puderem... Enfim, é importante a lembrança de mantermos os Princípios Espirituais/amorosos acima das personalidades, do personalismo, do ego/ismo.