Somos “originais de Deus”, somos seres únicos, mas nascemos e vivemos em grupos. Em nossa unicidade,
evoluindo, precisamos descobrir, revelar, desenvolver, usufruir e compartilhar
nossos dons únicos, nossos sonhos, idéias, nossas habilidades, saberes e
sabedoria, nossos “passados”... Precisamos corrigir e nos libertar de nossas
dificuldades e desvios, particulares, só nossos, mas tão igualmente humanos!
Somos assim, também, seres sociais, seres
grupais. Precisamos de pertença, precisamos sentir que pertencemos, que
fazemos parte de grupos, quaisquer grupos, muitos grupos: a Família, Escola,
Igreja, Clubes, Trabalho, Cidadania, Humanidade... Esse é o nosso grande,
talvez maior, desafio: conciliar, equilibrando e utilizando para um melhor ganho,
esses nossos aspectos, aparentemente antagônicos. Somos “diferenças agrupadas”
por uma Sabedoria Maior para que, na troca diária, possamos nos enriquecer
nesse desafio.
Na Família,
nosso primeiro e primordial grupo, precisamos da nutrição de nos sentirmos
acolhidos, amados, valorizados... E caminhamos desnutridos, apequenados, quando
nos sentimos rejeitados, preteridos, “não vistos e não ouvidos”... Nela, somos
levados a descobrir e interagir com as diferenças. Lá, recebemos as primeiras
informações, instruções, crenças sobre tudo e todos, valores... e aprendemos a
ser leais a tudo isso. Somos, assim, ensinados a “pertencer” àquele grupo e, na
maioria das vezes, infelizmente, deixamos de lado nossos dons, nosso roteiro
interior próprio, sufocando e negando sentimentos, abrindo mão, sem saber, de
“pedaços de nós”!
Cada Indivíduo, cada um de nós,
precisa da Família, do grupo. Mas precisamos que esse grupo esteja coeso,
unido, amoroso e coerente com seu propósito básico, que é servir de ninho onde
possamos sobreviver, crescer e florescer como seres em processo de evolução e
libertação. Afinal, a Família, o ninho, o grupo (qualquer grupo), precisa de
Unidade para continuar a existir, para não se dissolver, para não perder seus
membros. Daí a importância de preservá-lo, preservar essa Unidade para nós
mesmos, para que possamos usufruir da riqueza de pertencer com os nossos “diferentes”.
Preservar a Unidade não é pensarmos igual, não é sermos obrigados a repetir
comportamentos e orientações do grupo! A Unidade necessária é a unidade de propósito, na busca e vivência
de princípios amorosos que nos permitam crescer e sermos felizes.
Ainda
estamos iniciando o aprendizado de Ser e Pertencer. Ainda temos dificuldade de
respeitar e de fazer respeitar quem somos; temos dificuldade de sermos
assertivos. Ao contrário, achamos natural invadir e desrespeitar, em nome da intimidade e do amor
e tendemos a rejeitar quem não se submete ao nosso controle. Temos dificuldade
de entender a necessidade da Verdadeira Unidade e a responsabilidade de cada um
nessa coesão. Ainda não entendemos que precisamos “educar” nosso próprio Ego
brigão/manipulador/controlador, sem subjugá-lo ou submetê-lo, em vez de querer
“educar” o dos outros.
Os Grupos
Anônimos, na sabedoria preservada em suas tradições, nos alertam para a
importância de se cuidar dessa Unidade e sugerem a busca da vivência de
princípios espirituais pelos que fazem parte dos grupos; isto serve para
quaisquer grupos humanos. A espiritualidade é que favorece a integridade e
saúde do Grupo, na medida em que enriquece cada Um de nós.
É sugerido que valorizemos a Ordem e a Igualdade de direitos no
grupo, o Respeito aos limites dos
participantes e a Clareza na
delimitação de papéis; que cada um Respeite seu próprio espaço... É sugerida a Valorização e Respeito à Unicidade, ao
modo de ser de cada um, à necessidade que todos temos de sermos ouvidos e de
podermos expressar nossa Verdade...
É sugerido o Cuidado na Comunicação - com
gentileza, sem gritos, sem críticas, sem ironias, sem pressão para
convencimento, sem cobrança, mas com assertividade... É sugerido que se Mantenha
a Mente Aberta, Escutando e Aprendendo, aproveitando o que o grupo tem a oferecer.
Só assim, nessa relação dialética lúcida e amorosa, enriquecemos o Grupo/Família
e seremos enriquecidos por ele.
É sugerido
que Eu faça a minha parte, “Que comece por Mim” com “Coragem para Me mudar”, sem querer
modificar outros membros do meu Grupo, dando e recebendo deles o que puderem...
Enfim, é importante a lembrança de mantermos os Princípios Espirituais/amorosos acima das personalidades, do
personalismo, do ego/ismo.