É a dor ainda não chorada, a dor não gritada, a dor
mascarada por um riso que não acha graça, de indiferença fingida, de superação
total...
Por que eu, ainda, a tenho sufocado? De novo, eu me questiono:
Será a “certeza” de que minha dor não será entendida?
Será o medo de “mexer” com ela, de encará-la de frente?
Será a insegurança ou a vergonha orgulhosa de não querer
expô-la aos outros, o medo de quebrar minha imagem construída?
Será a pretensão de poupar os outros, de decidir por eles se
querem ou não se emocionar, compartilhar...
Eu
escolhi/aprendi a agir como pudesse para controlar minha dor. Não queria
senti-la, nem revelá-la. Mas o custo dessa luta é muito alto!
E é uma luta perdida, tentando controlar o incontrolável –
dimensões de mim mesma! Fujo tanto da dor e dói do mesmo jeito! Assim
“controlada” parece que dói ainda mais, gritando para ser liberada. A dor é o alarme
soando, gritando-me que estou viva, que existo também através de meus
sentimentos, que preciso dar-lhes voz, respeitá-los, respeitar minha
humanidade.
Tenho
tentado enfrentar meu medo de sofrer, o medo de ser quem sou nas circunstâncias
de minha vida. Mas como é difícil me desarmar, abrir mão das defesas que me
habituei a construir e que agora me aprisionam!
Já entendi como essas defesas funcionam e porque foram
criadas/cuidadas para me livrar dos “perigos” da dor. Eu já entendi como essas
defesas me isolam de mim mesma, dos meus sentimentos, como me isolam das
pessoas do meu mundo! Já caminhei um bom
pedaço para entender tudo isso em mim, mas fico ainda assombrada como, apesar
desse entendimento, é difícil desistir dessa “proteção”, simplesmente abrir meu
coração e sentir... Ousar sentir, deixar
sair, me revelar, me libertar...
Entendo
agora o quanto é longo/comprido o
caminho entre a mente e o coração, entre o novo entendimento e os velhos
sentimentos. Defendemo-nos tanto... E agora, como liberar essas emoções? Vejo-me, tanta vezes, arranjando desculpas
para adiar atitudes de honestidade e lealdade comigo mesma...
Hoje, mais
uma vez, escrevo, me revelo, compartilho, para me fortalecer, me encorajar,
nessa tarefa de desconstruir essas defesas para simplesmente poder desfrutar/curtir
a liberdade de, apenas, Ser quem Sou.