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sexta-feira, 22 de novembro de 2013

FOGUEIRA DE VAIDADES


           Aprendemos desde sempre a tentar nos mostrar o “melhor”, buscando, assim, aprovação e valorização em todos os grupos onde estivéssemos. (Família, escola, igreja, trabalho...) No afã de sermos os escolhidos, os melhores, estamos sempre nos comparando, competindo, tentando para isso esconder “defeitos indesejáveis” e distorcendo exageradamente nossas reais qualidades. Precisamos que essas qualidades sejam muito vistas e validadas pelo Mundo. Precisamos que elas sobrepujem as dos outros, sejam elas qualidades físicas ou intelectuais. Tornamo-nos vaidosos até de valores espirituais!!! (caridade, bondade, capacidade de perdoar...)

            Assim é a Vaidade. Ela se nutre de exagerados elogios, até bajulação, e nos lança na contínua luta pelo prestígio, “sucesso”, poder... Ela nos aprisiona a essa busca contínua de aplausos, elogios, incensos... e nos enche de medo a qualquer ameaça à nossa boa imagem.

            A Vaidade é a característica que nos torna submissos aos aplausos do Mundo. Os incessantes elogios que recebemos e/ou buscamos aquecem nosso ego, fazendo-o “baixar a guarda” contra manipulações, amortecendo suas defesas e desconfianças, abalando nossa clareza e nosso senso de realidade.  Elogios, endeusamento, bajulação, são sempre a melhor forma de nos manipularem ou de manipularmos os outros. Nossa necessidade de valorização vai-se tornando tão grande, que passamos a acreditar nas “verdades” mais improváveis! Acabamos por perder o senso crítico e passamos a delirar no deleite de acreditar naquilo que nos envaidece!  As relações, assim, mesmo as mais íntimas, transformam-se em jogos de sedução e poder.

            Vaidosos, antipatizamos e “implicamos” com os que não nos elogiam ou que ameaçam nos “fazer sombra” por suas qualidades. Acabamos por nos relacionar de forma medíocre, sempre competitiva, através dessas máscaras que criamos e trocamos uns com os outros. E muitas vezes nos perdemos nessa “fogueira de vaidades” em que se transformam nossas relações.
Vaidosos, ficamos fascinados pelo “canto da sereia” e vamos perdendo-nos  de nós mesmos. Num momento de verdadeiro “armagedom”, da luta final entre o Bem que buscamos e o Mal que ameaça nos envolver, volta à lembrança as palavras desse “poder maldoso” num filme que vi:
-- Vaidade humana, tu és minha maior aliada!

            Como lidar com a Vaidade, tão entranhada em nossa própria humanidade? Como não alimentar essa fogueira, esse embate de egos assustados e tão necessitados de acreditar em seu próprio valor?
Quanto maior nossa carência de foco interno, de um olhar interior, carência  da nossa capacidade e vontade de nos descobrirmos, nos aceitarmos e nos valorizarmos, mais ficaremos reféns da necessidade de aplauso do Mundo e  maior será o medo de nos sentirmos menos.
Elogios reais e simples são muito bons, são gostosos, e nosso ego, ainda tão infantil, agradece. Só não podemos “viciá-lo”, torná-lo dependente dessa nutrição artificial, dessa nutrição externa. A Vaidade pode nos hipnotizar e é porta de entrada para distorções de nossa personalidade, pode nos aprisionar no auto-engano. Atenção! O preço da liberdade é nossa contínua atenção amorosa conosco mesmos e a certeza de sermos a incrível pessoa que somos, com humildade, simplicidade, alegria – sem comparações, sem necessidade de exageradas confirmações externas.