Aprendemos desde sempre a tentar nos mostrar o “melhor”,
buscando, assim, aprovação e valorização em todos os grupos onde estivéssemos.
(Família, escola, igreja, trabalho...) No afã de sermos os escolhidos, os
melhores, estamos sempre nos comparando, competindo, tentando para isso
esconder “defeitos indesejáveis” e distorcendo exageradamente nossas reais
qualidades. Precisamos que essas qualidades sejam muito vistas e validadas pelo
Mundo. Precisamos que elas sobrepujem as dos outros, sejam elas qualidades
físicas ou intelectuais. Tornamo-nos vaidosos até de valores espirituais!!!
(caridade, bondade, capacidade de perdoar...)
Assim é a
Vaidade. Ela se nutre de exagerados elogios, até bajulação, e nos lança na
contínua luta pelo prestígio, “sucesso”, poder... Ela nos aprisiona a essa
busca contínua de aplausos, elogios, incensos... e nos enche de medo a qualquer
ameaça à nossa boa imagem.
A Vaidade é
a característica que nos torna submissos aos aplausos do Mundo. Os incessantes
elogios que recebemos e/ou buscamos aquecem nosso ego, fazendo-o “baixar a
guarda” contra manipulações, amortecendo suas defesas e desconfianças, abalando
nossa clareza e nosso senso de realidade.
Elogios, endeusamento, bajulação, são sempre a melhor forma de nos
manipularem ou de manipularmos os outros. Nossa necessidade de valorização
vai-se tornando tão grande, que passamos a acreditar nas “verdades” mais
improváveis! Acabamos por perder o senso crítico e passamos a delirar no
deleite de acreditar naquilo que nos envaidece!
As relações, assim, mesmo as mais íntimas, transformam-se em jogos de
sedução e poder.
Vaidosos,
antipatizamos e “implicamos” com os que não nos elogiam ou que ameaçam nos
“fazer sombra” por suas qualidades. Acabamos por nos relacionar de forma
medíocre, sempre competitiva, através dessas máscaras que criamos e trocamos
uns com os outros. E muitas vezes nos perdemos nessa “fogueira de vaidades” em
que se transformam nossas relações.
Vaidosos, ficamos fascinados pelo “canto da sereia” e vamos
perdendo-nos de nós mesmos. Num momento
de verdadeiro “armagedom”, da luta final entre o Bem que buscamos e o Mal que
ameaça nos envolver, volta à lembrança as palavras desse “poder maldoso” num
filme que vi:
-- Vaidade humana, tu és minha maior aliada!
Como lidar
com a Vaidade, tão entranhada em nossa própria humanidade? Como não alimentar
essa fogueira, esse embate de egos assustados e tão necessitados de acreditar
em seu próprio valor?
Quanto maior nossa carência de foco interno, de um olhar
interior, carência da nossa capacidade e
vontade de nos descobrirmos, nos aceitarmos e nos valorizarmos, mais ficaremos
reféns da necessidade de aplauso do Mundo e maior será o medo de nos sentirmos menos.
Elogios reais e
simples são muito bons, são gostosos, e nosso ego, ainda tão infantil,
agradece. Só não podemos “viciá-lo”, torná-lo dependente dessa nutrição
artificial, dessa nutrição externa. A Vaidade pode nos hipnotizar e é porta de
entrada para distorções de nossa personalidade, pode nos aprisionar no
auto-engano. Atenção! O preço da liberdade é nossa contínua atenção amorosa
conosco mesmos e a certeza de sermos a incrível pessoa que somos, com
humildade, simplicidade, alegria – sem comparações, sem necessidade de
exageradas confirmações externas.