Gosto de ajudar! Gosto de ajudar, principalmente aqueles que
amo! Gosto e acredito que é meu dever ajudar a quem precisa! Gosto de cumprir bem meus papéis familiares e
outros... ajudando a todos onde esteja! Mas
hoje já me pergunto: O que é ajudar? Como ajudar?
Eu achava
que devia me adiantar a qualquer chamado, por amor, evitando que o Outro
tivesse que viver o “desconforto de pedir”. Eu não queria, nem devia, esperar
que o Outro precisasse reconhecer que tinha uma dificuldade, que precisasse
dizer o que queria para que eu pudesse auxiliá-lo, se pudesse. Acreditava, sim,
que devia correr a ajudá-lo da forma que, a mim, parecia a melhor. Queria
poupar, queria ajudar, queria solucionar!
Não
percebia que, em nome do amor ou da generosidade, eu simplesmente invadia a
vida das pessoas, principalmente, a vida das pessoas que mais amava, que eram
“meus” familiares, resolvendo à minha maneira, tudo o que achava estar “errado”.
Querendo orientar, por me sentir mais experiente, eu me
intrometia em assuntos que não eram meus e tomava decisões que não cabiam a
mim. Não percebia o quanto essa “ajuda” era invasiva e não produzia bons
resultados, na medida em que levava a uma acomodação, ainda que irritada, da
parte daqueles que recebiam a facilitação. E em algum momento, muitas vezes,
fui cobrada pelo que “deu errado”. Eu eximia o Outro de qualquer
responsabilidade por suas escolhas e por sua vida. Quando ajudava, com
concessões e facilitações gratuitas e contínuas, estava ensinando-lhe a usarem
e abusarem de quem era invasivo, mas disponível.
Quando “ajudava” fazendo pelo Outro o que era de sua
responsabilidade e competência, eu na verdade estava demonstrando que sabia
mais, podia mais e ele, não! Ele ficava apenas como devedor! Eu o apequenava e
o humilhava quando, por amor, me intrometia e o atropelava.
Hoje estou,
finalmente, descobrindo que essa “ajuda” incapacita, humilha, acomoda, impede
as pessoas de serem criativas e corajosas ante os desafios da vida.
- Estou descobrindo
que essa ansiedade, esse afã de ajudar, me intrometendo e invadindo, revela uma
crença equivocada do que seja ajudar e dos meus papéis aprendidos. Revela,
também, aspectos menos generosos de minha personalidade como arrogância,
prepotência, presunção, pretensão... aspectos que eu nem percebia ! (Tem que ser do meu jeito! Eu sei mais e
melhor! Eu te amo, você é o meu amor, eu sei o que é melhor para você! Seja
grato, eu estou me sacrificando por você... )
- Preciso aprender a
segurar minha ansiedade, meu apego, minha necessidade de ser necessária... e
todos esses aspectos do meu insuspeitado orgulho.
- Preciso aprender a
respeitar a história, os desafios e os momentos das pessoas, de quaisquer
pessoas, mesmo as que mais amo.
- Preciso aprender a
desencorajar as dependências que minhas atitudes criam nas pessoas, libertá-las
e aprender a incentivá-las ante seus desafios.
- Preciso aprender a
comunicar minha confiança na capacidade das pessoas, minha disponibilidade,
minha atenção, meu carinho, minha parceria e esperar, com respeito, um chamado!