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quarta-feira, 27 de novembro de 2013

ESPERE UM CHAMADO...


           Gosto de ajudar! Gosto de ajudar, principalmente aqueles que amo! Gosto e acredito que é meu dever ajudar a quem precisa!  Gosto de cumprir bem meus papéis familiares e outros... ajudando a todos onde esteja! Mas hoje já me pergunto: O que é ajudar? Como ajudar?

            Eu achava que devia me adiantar a qualquer chamado, por amor, evitando que o Outro tivesse que viver o “desconforto de pedir”. Eu não queria, nem devia, esperar que o Outro precisasse reconhecer que tinha uma dificuldade, que precisasse dizer o que queria para que eu pudesse auxiliá-lo, se pudesse. Acreditava, sim, que devia correr a ajudá-lo da forma que, a mim, parecia a melhor. Queria poupar, queria ajudar, queria solucionar!

            Não percebia que, em nome do amor ou da generosidade, eu simplesmente invadia a vida das pessoas, principalmente, a vida das pessoas que mais amava, que eram “meus” familiares, resolvendo à minha maneira, tudo o que achava estar “errado”.  
Querendo orientar, por me sentir mais experiente, eu me intrometia em assuntos que não eram meus e tomava decisões que não cabiam a mim. Não percebia o quanto essa “ajuda” era invasiva e não produzia bons resultados, na medida em que levava a uma acomodação, ainda que irritada, da parte daqueles que recebiam a facilitação. E em algum momento, muitas vezes, fui cobrada pelo que “deu errado”. Eu eximia o Outro de qualquer responsabilidade por suas escolhas e por sua vida. Quando ajudava, com concessões e facilitações gratuitas e contínuas, estava ensinando-lhe a usarem e abusarem de quem era invasivo, mas disponível.
Quando “ajudava” fazendo pelo Outro o que era de sua responsabilidade e competência, eu na verdade estava demonstrando que sabia mais, podia mais e ele, não! Ele ficava apenas como devedor! Eu o apequenava e o humilhava quando, por amor, me intrometia e o atropelava.

            Hoje estou, finalmente, descobrindo que essa “ajuda” incapacita, humilha, acomoda, impede as pessoas de serem criativas e corajosas ante os desafios da vida.
 - Estou descobrindo que essa ansiedade, esse afã de ajudar, me intrometendo e invadindo, revela uma crença equivocada do que seja ajudar e dos meus papéis aprendidos. Revela, também, aspectos menos generosos de minha personalidade como arrogância, prepotência, presunção, pretensão... aspectos que eu nem percebia !  (Tem que ser do meu jeito! Eu sei mais e melhor! Eu te amo, você é o meu amor, eu sei o que é melhor para você! Seja grato, eu estou me sacrificando por você... )
 - Preciso aprender a segurar minha ansiedade, meu apego, minha necessidade de ser necessária... e todos esses aspectos do meu insuspeitado orgulho.
 - Preciso aprender a respeitar a história, os desafios e os momentos das pessoas, de quaisquer pessoas, mesmo as que mais amo.
 - Preciso aprender a desencorajar as dependências que minhas atitudes criam nas pessoas, libertá-las e aprender a incentivá-las ante seus desafios.
 - Preciso aprender a comunicar minha confiança na capacidade das pessoas, minha disponibilidade, minha atenção, meu carinho, minha parceria e esperar, com respeito, um chamado!