A Família, nosso primeiro berço, nos acolhe, nos nutre, e
nos ensina tudo que ela sabe: como viver, como conviver, como sobreviver...
Tudo em meio àquele pequeno universo com constantes confrontos e conflitos, e
tudo com amor, e tudo por amor...
Em Família vivemos...
- uma hierarquia
sempre confrontada pelas novas gerações e criticada pelas antigas.
- uma luta
surda/subterrânea ou gritada/aberta pelo poder na “direção do barco”.
- conflitos de
gênero, homens e mulheres, tão diferentes e lutando cada vez mais por direitos
iguais... ou para se sobreporem uns aos outros!
- o tempo que traz à
baila uma eterna comparação/competição: qual família de origem é melhor (ou
pior) – a minha ou a sua?
- um terreno aberto
aos “palpites”, críticas e cobranças da família mais extensa. Um terreno minado
por jogos de poder com segredos, mentiras, manipulações... “por amor”, “para
não magoar”, “porque sabemos o que é melhor para todos”!
- uma disputa
infindável entre irmãos pela maior atenção e amor dos pais, disputa/competição
confusa, onde se misturam ciúme, inveja, raiva,
lealdade, companheirismo, parceria, carinhos, cuidados...
- o
desamor/desesperança que tantas vezes se instalam e nos separam após tantos
conflitos, tantas mágoas, frustrações, ressentimentos...
E, em Família, nós só buscávamos
ser amados, ser valorizados... Queríamos ter razão, saber mais, poder mais,
receber mais, cuidar mais – daqueles que tanto amávamos! Queríamos controlar, segurar/prender junto a
nós, dirigir, orientar, nos sacrificar... Acreditávamos que éramos e que deveríamos
ser/estar “juntos e misturados” para nos sentirmos sempre unidos, apegados,
pedaços de um só bloco (euoutros) – a Família.
Mas agora nos debatíamos, cada
vez mais zangados, distanciados, confusos e magoados! Perdemos o jeito de nos
tratar com gentileza e ternura – de expressar nosso amor! Já não conseguimos
nos ouvir - só para nos defender e poder
rebater, com críticas e cobranças!
Por que ficamos assim? Afinal,
nos amamos e somos uma Família! Em que pedaço do caminho fomos nos
distanciando, nos perdendo... perdendo a alegria e a doçura de estarmos
juntos? Por que tantos conflitos? Eles
pareciam tão simples e “normais”... Foram “tantas coisinhas miúdas...quebrando
o nosso ideal...”
Preciso entender: nós não somos
euoutros! Nós somos Eu e Cada um dos outros!
Somos pessoas únicas, diferentes, que compartilham o mesmo ninho! Precisamos
estar juntos para interagirmos e crescermos, mas não misturados, plugados,
apegados!
Somos seres de passagem com histórias e escolhas diferentes,
com caminhos/destinos próprios, que nessa passagem se encontraram no mesmo
ninho familiar, por vontade própria e/ou de um Poder Maior. Esse ninho abriga
os que chegaram antes e caminharam, aprenderam, acolheram os novos,
compartilharam experiências, choraram os que se foram, continuaram...
Em Família, somos parceiros, companheiros numa aventura
cheia de desafios que nos chamam para crescer e nos libertar... Não somos
adversários ou donos, ainda que amorosos, de nossos familiares.
A visão
equivocada e apegada que temos de nossos laços, a luta pelo amor e valorização
que buscamos em nossos familiares, é que nos levam aos conflitos e ao desamor.
- preciso aprender a
Viver e Deixar viver!
- preciso tirar os
possessivos de minha visão amorosa e familiar: meu..., minha...
- preciso aprender a
cuidar de mim, com ternura, aceitação, alegria...
- preciso aprender a
me valorizar, descobrindo e festejando minhas qualidades, meus dons únicos, minha
perseverança, minhas conquistas interiores, quaisquer conquistas...
- preciso estar
atenta a mim, com honestidade e boa vontade para poder levar ao ninho,
compartilhando e interagindo, esse novo modo de ser/estar em Família.
Talvez na
minha Família não queiram mudanças. Talvez prefiram os conflitos que acham
“normais”. Talvez prefiram continuar a acreditar que “Amar é sofrer”, que
sempre foi assim...
Mas eu posso crer,
ser/estar e fazer diferente – porque sou diferente! Somos todos diferentes,
ainda que alguns não saibam ! Se não quero viver esses conflitos, viver nesses
conflitos... isto é minha escolha e responsabilidade. É só respeitar-me,
respeitá-los e viver com mais alegria e amor!