Enquanto acreditamos,
somos Inocentes. Mas existem várias Inocências!
É linda a inocência da criancinha que nada sabe, que não se
preocupa com o saber e o não saber – apenas acredita no que vê, ouve e sente.
Ela se encanta e nos encanta porque nos faz “ver” seu mundo, ainda puro e
ideal. Essa inocência inicial parece traduzir início, algo ainda
virgem, não escrito...
Quando
crescemos “perdemos a inocência” ao entrarmos em contacto com pessoas e
situações reais, tão diferentes do ideal que desejávamos e do que nos
ensinavam. Vamos aprendendo que o que parece ser nem sempre é! Descobrimos que as
pessoas não são confiáveis da forma ideal que gostaríamos que fossem – elas
falham!
A “perda da inocência” é sempre muito dolorosa porque nos
faz cair das alturas das fantasias, das nossas ilusões mais caras, até o piso
concreto da realidade. Muitas vezes, para fugir desse confronto tão doído,
tendemos a negar essa realidade nos aspectos que agridam demais nossas
idealizações mais caras e nos agarramos a uma outra “Inocência” - cega, distorcida, que nos impede de ver a
realidade menos bonita em situações ou nas pessoas que mais amamos. Essa “inocência” nociva nos impede de ter
acesso à realidade e à conseqüência
maravilhosa de nos fazer enxergar novas possibilidades, reais, que a vida oferece. Ela nos nega a experiência, a
sabedoria... Ela nos acorrenta à agonia de vivermos “inocentes” nas alturas dos
sonhos, sempre prestes a cair...
Existe
também a “inocência tola” dos que “se acham” com muito saber. Saber que recebem
de muita informação, de diferentes fontes que alimentam seu intelecto, sua
racionalidade. Informações interessantes, cumulativas, pouco vividas, menos
ainda sentidas... Informações que trazem poder, muita razão, muito saber e tão
pouca sabedoria...
Existe,
enfim, a “Inocência dos puros de coração”, daqueles que sabem da fraqueza dos Homens,
aprendem a lidar assertivamente com eles, mas acreditam em seu potencial de criaturas portadoras da Luz de Deus.
É a Inocência daqueles que, buscando um saber, finalmente entendem que tão
pouco sabem... A Inocência daqueles que ainda se deslumbram com a beleza da
natureza, com a bondade das pessoas... A Inocência daqueles que voltam a
sorrir, mesmo entre lágrimas, porque acreditam
no processo da vida, porque acreditam
numa Sabedoria Maior... A Inocência daqueles que procuram olhar/ver o momento e
tudo de novo que ele nos traz, que procuram vivê-lo com a sabedoria que os
transformou, mas com o mesmo deslumbramento da Inocência das crianças!