Depender de
um dependente! Depender de quem já não é dono de si mesmo, dono da direção do
seu caminhar, de sua própria vontade! Estar atrelado a algo/alguém desgovernado, sem oriente, sem orientação...
Ver os obstáculos, os abismos... tropeçar, ver que vai cair, sofrer, até
adoecer e morrer, mas acreditar que não
pode evitar!
Chorar, sofrer, se desesperar pelos
descaminhos de quem amamos! Mágoas, frustrações, raiva, vergonhas, culpas...
por tudo que tentamos para corrigir sua “rota” e nada conseguimos! Falar,
explicar, tentar convencer, ameaçar, agredir, suplicar, se desesperar... e nada
adiantar!
Mentir, omitir, disfarçar, inventar, se desesperar pela “falta de
diálogo”, pela impossibilidade de nos comunicarmos, se desesperar pela
distância cada vez maior! Sentir-se em meio a um nevoeiro escuro e angustiante,
perdidos uns dos outros, em desencontro, em eterna agonia, buscando um
entendimento que não acontece...
Envergonhar-se por ser cúmplice de
tudo que rejeita, numa tentativa final de “proteger” o dependente das
consequências de suas atitudes adoecidas. Deixar-se manipular e submeter por
uma culpa escondida, sentir raiva e depois mais culpa pelo sentimento que “não
deveria” sentir!
Desesperar-se, culpando-se por
haver fracassado na missão de querer e acreditar no impossível – viver a vida
de alguém- mesmo que para salvá-lo de sua prisão, mesmo que por amor! E nesse querer impossível, ficamos ambos acorrentados,
numa luta onde “vale tudo”. E escorregamos
num mergulho mortal para o fim do amor, da felicidade, da própria vida...
Co-dependência é isso: desespero e desesperar-se!
Mas, por que essa submissão enlouquecida, que adoece e mata? Por que
insistimos até o fim, mesmo sem nada adiantar?
Porque amamos e acreditamos que esse
é o nosso dever! Porque acreditamos que precisamos dar conta de “nossa missão”
e para tanto podemos e devemos mudar o outro. Por que não podemos
“abandoná-lo”. Porque acreditamos que “Amar é sofrer”!
E também porque acreditamos que
cuidar do Outro, viver a sua vida, é que dá sentido à nossa própria vida! Porque, muitas vezes, precisamos que precisem
de nós para nos sentirmos amados e importantes! Porque precisamos fazer bem o
nosso papel para nos sentirmos valorizados... Se não, teremos sido
incompetentes, teremos fracassado!
Temos muita dificuldade em mudar
nossas crenças sobre nossos papéis nas relações. Contudo, se não mudarmos
algumas dessas crenças, jamais
conseguiremos mudar nossos sentimentos e comportamentos!
Preciso reconhecer que eu e o
dependente somos duas pessoas únicas e
diferentes, ainda que nos amemos muito! Somos seres naturalmente desligados, ainda
que ligados por laços de amor! O que nos iguala é a mesma Fonte de Luz da qual
nos originamos, a mesma necessidade de caminharmos e o mesmo direito de viver e
aprender com os desafios de nossas próprias vidas. Somos impotentes para
modificarmos uns aos outros, quaisquer outros!
Somente quando começo a entender e
aceitar essa nova crença, posso começar a me libertar, e libertar o dependente,
da minha desesperada tentativa de controle. Preciso da força da minha Luz
Interior, de filho que sou de um Poder Maior, e da força de pessoas que, como
eu, estão na mesma busca de libertação. Ainda temos dúvidas, confusões, um
grande medo e tantas cobranças de nós mesmos, do mundo e um do outro! Estando em unidos em Grupos é que poderemos
fortalecer nossas novas crenças, liberar nossos sentimentos e nos encorajarmos
a novos comportamentos.
“Co-dependência, nunca mais!”