Ao nascer, fui atirada à arena do Mundo e me “disseram”: Jogue! Salve-se! Lute pela sua felicidade! Eu
ainda nada entendia, mas comecei a observar e fui aprendendo e aceitando as
regras do jogo. Todos jogavam duro, mesmo despistando, fosse por amor ou por
poder, para vencer, para sobreviver, num “vale tudo” de mentiras, concessões, cobranças,
blefes, invasões.. .que tanto machucavam a todos!
Estávamos todos num
labirinto, confusos, buscando saídas honrosas, agarrando e descartando escolhas
e escolhidos. Esses logo haviam se
tornado adversários naquele jogo tão estranho, onde nos batíamos com tanta dor
e era em busca da felicidade!
Eu aprendia a jogar.
Não deveria perder! Os outros, mesmo os mais queridos, talvez esses
principalmente, precisavam ser dirigidos e controlados, por amor ou sem
amor! Também deveria estar atenta para
me defender e, se preciso, contra-atacar. Deveria demonstrar meu valor nessa
luta, mas disfarçar os meus sentimentos. Tudo isso tanto me pesava, mas,
afinal, era para defender minha
felicidade!
Mas ninguém era
realmente feliz! O jogo nos tornava a todos adversários ansiosos e, em eterna
luta, nos debatíamos, confusos, num labirinto agoniado, sem saída, seguindo... porque
“a vida é uma luta”, é “assim mesmo”!
Um dia, abatida,
muito machucada, fui sinalizada que eu precisava me conhecer, me preparar para
ser uma boa jogadora num outro tipo de jogo. E venho buscando abandonar o velho
jogo de lutas e disputas, que me mantém medrosa, ansiosa, blefando, fingindo,
agressiva, aguerrida, sofrida... e, afinal, sempre perdedora na quimera de ser
feliz!
Esse “jogo” se inicia,
na verdade, com um “quebra-cabeça” que vou resolvendo comigo mesma, “quebrando”
crenças aprendidas e atitudes ensinadas pelo meu ego adestrado para as lutas do
velho jogo.
Agora já entendo, a vida
não é um jogo, mas uma caminhada... E me foi sugerido que eu utilizasse como
instrumento Passos que, como bússola de muita sabedoria, me manteriam na
direção certa – de mim mesma- para que eu não me prendesse em velhos atalhos e
não me perdesse em antigos descaminhos... Essa caminhada de descobertas, de
portas abertas, única e pessoal, deve ser feita com atenção gentil e cuidadosa,
com paciência e boa-vontade, com bom humor e amor, com respeito, lealdade e
honestidade... comigo mesma! Essa é
primeira direção! Essa é a minha vida!
E então vou me
aprontando para “jogar” com o mundo. Mas não me serve mais o velho jogo! Agora
não quero oponentes ou adversários, não quero me envolver em lutas. Não quero
disputar, estou aprendendo a compartilhar, sem vencidos e vencedores! Agora
quero parcerias e parceiros... E quando os parceiros só souberem jogar o velho
jogo, preciso exercitar minha coragem para lhes comunicar, com honestidade,
gentileza e firmeza, quais são as regras aceitáveis em nossa parceria.
Um dia de cada vez,
mesmo com as dificuldades de desaprender as velhas regras, com as recaídas em
disputas, sei que quero para mim um viver mais livre, amoroso...e
compartilhado!
A Vida não é um jogo!
É uma incrível jornada...