A emoção de
rever aqueles que tanto amamos nos preenche, avassala, extravasa em lágrimas,
expande o peito, aperta e faz doer a garganta, mas faz sorrir entre lágrimas e
nos leva a repetir seus nomes, chamando, baixinho ou gritando, porque,
finalmente, chegaram... Rever, tocar,
sentir pertinho quem esteve longe e por quem tanto ansiamos, é demais!
-Rever os pequenos quando voltavam das férias,
da escola, dos passeios... já dando saudade, só porque eles estavam longe dos
nossos braços, do nosso colo!
- Rever
nossos adolescentes, desafiando regras da família e do mundo, sob constante
perigo... e ouvi-los, finalmente, chegando, a chave na porta, voltando para
casa, para a “proteção” do nosso amor!
- Rever os
mais distantes, perdidos em descaminhos ou afastados por suas escolhas, filhos
da nossa insônia, da nossa agonia... Revê-los por instantes ou, ao menos,
ouvi-los, receber notícias, de qualquer lugar ou dimensão...
-Rever os “meninos” já adultos, no mundo, em
novas casas, novas famílias...com seus desafios, tristezas e alegrias, com sua
eterna pressa... longe do ninho que
construímos e desfrutamos juntos, longe do ninho que os criou e ficou tão vazio
deles...
Revê-los em qualquer ocasião, mesmo
sob tolos pretextos, recebê-los em visitas raras, em encontros sempre corridos...
é muito bom, chega a doer! Se vierem e,
eventualmente, por qualquer necessidade, precisarem ficar mais tempo, aí então
é demais! Sentir o ninho novamente
vibrante, ver a mesa novamente cheia de vozes, risos, implicâncias,
reclamações, gozações... E nós nos preocupando se há falta de alguma coisa que
eles gostavam... E nós com a tristeza sem graça de já não saber de seus novos
gostos... É tudo tão intenso, quanto tão intensamente os amamos!
E relembro esses mesmos “cuidados
doces e tolos” que meus pais/avós tiveram comigo. E os revejo também querendo
arranjar pretextos para falar mais alguma coisa, só para retardar minha saída.
Na verdade, nossa função primária de
criá-los, já foi cumprida, com acertos e desacertos. Ela já passou, mas não
acabou! Hoje estamos, com toda a ternura
do nosso amor, disponíveis para os pequenos reencontros, para acolhê-los em
momentos difíceis, para curtir e colaborar quando solicitados, para sorrirmos
ou chorarmos juntinhos, para acatarmos os novos saberes que eles nos tragam e
compartilharmos alguma sabedoria que tenhamos amealhado pelo caminho. Acredito que dizer dos nossos sentimentos
hoje, pode fazê-los entender mais tarde, quando seus próprios ninhos estiverem
vazios, que é “assim mesmo” essa transmissão de amor e saudade entre as
gerações.
E me repito sempre: Como o Amor é “uma ponte para o sempre”,
estaremos sempre indo, mas voltando, através do tempo, das vidas... Jamais nos perderemos uns dos outros!