Nesse nosso mundo materialista, disputado, hostil... aprendemos
desde cedo a ir nos entrincheirando, buscando alianças e pertenças a grupos que
fortaleçam nossas defesas nas lutas que enfrentamos por dinheiro, prestígio,
poder, ideias, afetos... Tudo que poderia nos tornar “vulneráveis”, nós
procuramos resguardar, disfarçar, esconder... desde bens materiais até nossos
sentimentos, atitudes, sonhos, ideais... Mas nos vemos, afinal, aprisionados em
nossas máscaras sociais, em nossas armaduras mentais e afetivas, na defesa de
nossas “posições”....
Hoje, muitos de nós já ansiamos por
nos libertar! Poder ver a nós mesmos,
poder dizer de nós, de nossas possibilidades, de nossas características, boas
ou más... Poder flexibilizar nossas
certezas e ideologias... sem ter que estar ‘lutando contra’!
Mas o mundo ao qual pertencemos
ainda nos convoca à “lutar contra”, ainda nos mantém distraídos de nós mesmos,
de nosso processo de libertação, de descoberta de um novo modo de Ser/Estar -
com respeito, com parceria, com atitude... mas sem “lutar contra”! Esse mundo competidor nos convoca a carregar
bandeiras, mesmo sem necessariamente nos dispormos a vivê-las, cuidando só de
implantá-las, levá-las aos outros, buscar adesões - para mais lutas... Somos convocados a defender/lutar por dogmas
e certezas alheias. Somos assediados, amedrontados e convencidos por
informações, novas ou antigas, muitas vezes enganadas ou enganosas. Somos “vestidos”,
encapsulados, por novos modismos/discursos e velhos estereótipos. Somos convocados a
aceitar rótulos, a ser parte/pedaço de grupos religiosos, políticos, esportivos,
etc... onde perdemos nossa identidade amorosa de filhos de um Poder de Luz e somos levados a nos antagonizar àqueles que
não pensam, não sentem ou não agem como nós.
Tantas e, ainda, muitas vezes, nos deixamos
envolver em novas convocações às lutas! E, porque não nos olhamos, nem notamos
como atuamos: - com arrogância, nos sentindo mais fortes, mais responsáveis,
mais virtuosos... ? - com acomodação e egoísmo, querendo que outros lutem por
nós? Ou que nos sigam nas nossas lutas?
E nem
notamos também que, enquanto estivermos envolvidos em lutas externas, não
cuidamos de ser mais amorosos e responsáveis conosco mesmos, para, então, podermos
amar melhor aos outros, como iguais em nossa humanidade, com respeito, com parceria ... sem precisar ser superior,
adversário ou condutor.
A todo instante, ainda, somos
convocados a “lutar contra”, mas, hoje, já não acredito ser esse o caminho
duradouro para quaisquer transformações,
individuais ou sociais. A luta desgasta, radicaliza posições, retarda nossa
caminhada. Acredito em tomarmos atitudes de parceria, de chegar junto, de aceitação, de compartilhar, de ouvir,
de refletir, de nos colocarmos com firmeza e honestidade, com generosidade, igualdade,
solidariedade... e seguirmos, com perseverança e paciência, em direção a um tempo melhor, porque já estou entendo
que o curto/impaciente “tempo dos
homens” está dentro do Tempo de Deus.