Nosso
orgulho se baseia em crenças inconscientes que somos mais e melhores, que
merecemos mais: mais atenção, mais
cuidados, mais aplausos... Merecemos que Deus cuide de nós, e dos nossos, de um
modo especial.
Orgulhosos, acreditamos, ou queremos acreditar e parecer, que
somos “sobre humanos”, porque temos medo de parecer ou demonstrar fraqueza, de
parecer sermos menos ou de demonstrar nossa humanidade tão igual...
Quando não somos reconhecidos e valorizados, quando somos
humilhados, para esconder nossos sentimentos de frustração e revolta,
enganamo-nos ou tentamos enganar, fingindo indiferença (“eu nem ligo o que vem
de baixo”), porque sentimos também muita vergonha de não estarmos sendo
valorizados, respeitados ou reverenciados...
E nos obrigamos a seguir com nossos disfarces ou optamos por desprezar
os outros, abandoná-los e nos isolar, antes que sejamos isolados e abandonados.
O orgulho nos faz “deletar” ou sermos
“condescendentes” com aqueles que não têm nossos valores ou nossas opiniões,
porque, afinal, as achamos mais lúcidas,
mais inteligentes, melhores enfim... O orgulho, sem que percebamos, nos faz sermos
intrometidos, arrogantes, prepotentes, autoritários, presunçosos...
O orgulho nos recobre de uma “pele
fina”, por isso nos sentimos facilmente agredidos, melindrados. Os deslizes
alheios conosco nos causam susto, confusão, irritação, raiva, mágoa,
humilhação, ressentimento... por acharmos que não estarmos sendo bem tratados, cuidados
e valorizados.
O orgulhoso é patético
no seu auto engano de ser mais, mas ele não é triste. As pessoas simples,
quando vêm que se enganaram em suas expectativas ideais, se decepcionam, ficam
tristes, mas acabam por aceitar que se enganaram e têm um aprendizado. O
orgulhoso, irritado e ressentido, nada
aprende, porque ele já sabe mais e melhor.
Em nossas relações mais próximas, sob a força de nossos
afetos, ante as decepções, teimosos e
orgulhosos, vemos esses sentimentos e ressentimentos nos encarcerarem. Como
é difícil lidar com nossa dor pelo abandono, pela traição, pelo nosso próprio engano...
Como é difícil aceitar a realidade, quando ela desmente nossas crenças
delirantes, nossas ilusões de privilégios, nossos desejos mais caros... Como é difícil ver nosso orgulho sacudido,
“se espatifar no chão”! Muitas vezes,
tristemente, defensivamente, acreditamos que, para nos sentirmos valorizados,
só nos resta o nosso orgulho e nos tornamos prisioneiros dele.