Vivemos diferentes
relações de amor com pessoas escolhidas por nós ou com pessoas escolhidas pela
sabedoria de um Poder Superior. São relações para nos possibilitar sobreviver
ou para nos fazer crescer e viver melhor, desabrochar. No entanto, muitas delas azedaram,
tornaram-se destrutivas! Confusos,
magoados, desiludidos, ressentidos, nos perguntamos: Por que ficamos assim?
Onde foi que nos perdemos? Por que?
Quando? Como? Nós nos amávamos tanto! Dividíamos nossas vidas, às vezes na
mesma casa, no mesmo quarto, até na mesma cama... Tivemos perdas, danos e
ganhos que a vida foi nos impondo. Estávamos unidos por laços de sangue e
parentesco muito poderosos ou porque escolhemos compartilhar nossas vidas,
arrastados por paixões arrasadoras para quem nada seria obstáculo! E agora estamos aqui, assim: armados,
defensivos, ressentidos... Ou indiferentes, distantes e, quando juntos,
sentimo-nos tão solitários! O que foi
envenenando lentamente todo aquele nosso amor tão cheio de ternura, alegria e
gostosura?
Acredito que ficamos tão
maravilhados com o que desfrutávamos que, medrosos de perder o amor, quisemos
possuir, controlar quem amávamos! Usávamos de todos os meios de nos valorizar
(ou de nos anular!), porque tínhamos medo de sermos preteridos, sermos menos
amados... Foram manipulações, segredos e
mentiras, grandes ou “inocentes”, que só nos trouxeram mais medo e insegurança,
criando “viagens” na imaginação de cada um...
Foram as críticas, mesmo as “bobas”, mas tão constantes, que apontavam
para a incompetência de um e geravam o revide do outro... Foram os não ditos, os “sapos engolidos”, a
submissão a que nos forçamos tantas vezes, em nome da paz, mas que nos encheram
de raiva e ressentimento... Foram as cobranças de afeto e comportamento,
contínuas e insuportáveis, movidas pela crença de que o seu amado era seu e era
sua responsabilidade salvá-lo, modificá-lo e controlá-lo... Foi a agressividade, a ironia, o mau humor, a
grosseria, a falta de “cerimônia”, de cuidado, de gentileza... que foram
tomando o lugar do carinho que nos agasalhava.
Foram tantas “coisinhas miúdas” formando, aos poucos, uma formidável
barreira entre nós. Foram tão banais e sorrateiras, tão “normais”, que nem
percebemos o avanço do distanciamento e o encolhimento do Amor!
E agora? O que faço sem o calor amoroso
de pessoas tão queridas? Não adianta “sacudi-las”, cobrar, culpar, me
desesperar... porque isto é o que fiz até agora! Não posso, sequer, obrigá-los
a rever suas atitudes em nossa relação (“Quem errou primeiro? Quem errou
mais?”) O que posso, se quiser, é tentar, eu mesma, mudar minhas crenças sobre
o Amor e as minhas atitudes nas minhas relações. O que posso é aprender a cuidar do amor nas
minhas tantas relações. É entender que cuidar de Amor exige uma diferente
mestria. É preciso aprender a nutri-lo com a Verdade e Respeito, buscando ter
coragem para ser leal comigo e honesta com o outro, sem agressividade, construindo,
aos poucos, uma relação mais confortável, de confiança. É preciso boa vontade, buscando ver qualidades,
elogiando... É tão nutridor fazer elogios! Sentir a alegria, mesmo quando disfarçada,
de quem recebe elogios! É preciso atenção para não criar expectativas
ilusórias, que levem a frustrações e
cobranças... É preciso cuidar de honrar e resguardar limites, como forma maior de Respeito à
individualidade de cada um. Limites garantem a possibilidade de termos
compreensão, compaixão, generosidade e criam uma gostosa camaradagem... É calçar a relação desta forma franca, gentil,
verdadeira, para haver a possibilidade de ver renascer, pelo menos em mim, a
ternura que nos agasalhava e tanta falta faz.
Nesse mundo tão frio, materialista e
aguerrido, nossas relações afetivas precisam de Cuidado. Só elas podem nos
nutrir e confortar. Não deixe para depois esse cuidado só porque a relação
ainda é nova e está sadia, nem desanime porque ela já está velha e adoecida!
Também não é solução descartar pessoas, amores... Nem tente refazer
o passado. Nós mudamos, tudo mudou,
marcas ficaram, mas podemos construir agora, no presente, melhores e afetuosos
laços, mesmo nas relações antigas. Um dia de cada vez...
Somos seres únicos e de relação! É
um paradoxo! Somos seres espirituais que necessitam se nutrir do amor que
recebemos em nossas relações para podermos desabrochar como seres únicos e
individuais! Cuidar de Amor Exige
Mestria! Precisamos ser eternos Aprendizes e ter Mestria na arte de Cuidar
de Amor.