A agonia do
apego chega e se instala em nossas vidas pela fantasia da posse, pela ilusão de
sermos donos/possuidores de coisas, saberes e pessoas! “Somos passantes, seres
de passagem” por um mundo onde nada possuímos e de onde nada levaremos quando,
fatalmente, terminarmos nosso tempo aqui. Ainda assim, loucamente, nos apegamos
a tudo que nos cerca... talvez para, assim, nos enganarmos quanto à nossa
finitude. Montamos nosso mundo e apegamo-nos ao que não possuímos! Afinal,
somos meros depositários de coisas, somos meros pensantes em processo de eterno
aprendizado, somos meros parceiros transitórios de todos que amamos... Ainda
assim, nos apegamos e ficamos, então, reféns do medo das perdas, inesperadas ou
não, precoces ou tardias... Ficamos reféns da agonia do apego.
O apego transforma a generosidade, a
compaixão, a leveza e a alegria da parceria, da amizade, da camaradagem, do
Amor enfim, em luta e disputa pela posse do que não se pode possuir- pessoas.
Esse apego nos faz mentir, manipular, não ouvir, sufocar, tentar dominar. Tudo pelo medo de perder, de
sermos rejeitados, desvalorizados, de ficarmos sós... Reafirmamos a toda hora
nossa “posse” pela força das palavras e só nos referimos a eles pelo
possessivos – meus/minhas... Já não são pessoas em minha vida, mas tornaram-se
partes, pedaços de mim, da minha vida (afetiva ou profissional), do meu
destino! Preciso ter domínio sobre eles, para fazê-los felizes, para poder ser
feliz (com eles!)! Assim também com as coisas/objetos
do meu mundo. Agarro-me a eles, mesmo sabendo que irei deixá-los! Tão apegados
estamos que a perda de qualquer parte, nos “despedaça”, deixa nosso mundo
ilusório muito vazio...
Mas estamos fadados,
inexoravelmente, à desconstrução desse mundo. Afinal, estamos, todos, só de
passagem nesse universo em constante mutação, universo de constante perdas e desafios novos. Até entendemos tudo isso, mas
como é difícil o desapego! Acredito que só o que podemos, hoje, é entender
nossos apegos e tentar ir minimizando-os.
Tentando sofrer menos, preciso estar sempre me lembrando de que, mesmo
aqueles que mais amo, estão apenas de passagem pela minha vida, e eu pela
deles. Preciso lembrar que são pessoas com vontades e destinos próprios.
Preciso aprender a amá-los com cuidado, sem prender ou sufocar, sem direcionar,
sem cobrar fidelidade à posse, sem aceitar ser presa de qualquer “dono” ou dona
de meus queridos apegos. Preciso lembrar a todo instante que eu não sou
daqui... O único modo, acredito, de ir
diminuindo essa agonia do apego é ocupando-me (conhecendo, amando, libertando),
aqui e agora, a cada momento, aquele que, realmente, me foi confiado para
sempre – Eu
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