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sábado, 20 de fevereiro de 2016

A GRAÇA DE UM PAI




            Cada uma das pessoas com as quais nos relacionamos exerce um papel em nossas vidas. Em família, “nosso primeiro e virginal abrigo”, esses papéis são muito poderosos.  

            O papel do Pai é absolutamente básico e estruturante de nossa personalidade. O Pai é a figura vertical que nos transmite proteção, direção, orientação... O Pai é a Lei.  Sua falta nesse nosso começo deixa um espaço vazio em nossa estrutura. Outras figuras familiares procuram se desdobrar e multiplicar para cobrir essa falta, mas, ainda assim, fica uma lacuna em nosso psiquismo, que pela vida afora tentamos entender, justificar... Que queríamos preencher.

            A natureza e a cultura tornaram o corpo dos pais mais rijo, mais forte, preparando-os para seus papéis de luta e proteção. Eram impedidos de demonstração de afetividade, sempre atribuída às mães. Essa falta da doçura, ancestral e cultural, privou gerações de ternura e formou gerações de homens impedidos de demonstrar e de desfrutar a expressão dos doces sentimentos de ternura, de carinho... Afinal, foram criados para serem protetores, procriadores, lutadores, defensores!  Não deveriam demonstrar emoções que não estivessem de acordo com seus papéis! Para exercê-los, aprenderam a bloquear lágrimas, a esconder dores... 

            No entanto, na medida em que as mães, nesse mundo tão competitivo, aguerrido e agressivo, precisaram sair para a luta, os pais foram convocados, em maravilhosa contra partida, para o cuidado amoroso dos filhos, dando a todos, pais e filhos, a oportunidade de se aproximarem, de se descobrirem no amor.  Cada vez mais, o Pai forte e distante se “humaniza” e se transmuta em cuidados, carinhos, ternuras, enriquecendo, com muita graça, seu papel, ainda, de proteção e de Lei .

            É uma “graça” poder vê-los, desfrutá-los, nessa doce transformação, nessa bonita evolução, nessa proximidade tão doce e gentil. Eles cuidam, brincam, beijam, participam das várias fases de nossas vidas... Compartilham tudo! Eles riem e até já podem chorar!  Essa é a “graça de um pai!


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