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domingo, 17 de julho de 2016

PROVOCAÇÕES




            Dentre os tantos papéis que desempenhamos nas nossas relações, aparece, insidioso e inconformado, o papel do provocador, daquele que sacode a aparente “paz” do momento.  Mas, o que os leva, ou o que nos leva, a provocar?

            O provocador é alguém incomodado com essa “paz”, para ele ainda mal resolvida. Sente-se movido por seu incômodo, sua raiva, sua mágoa, sua vergonha, sua frustração... sentimentos lacrados em seu próprio  ressentimento, muitas vezes insuspeitados por si mesmo. Sente-se, ele próprio, provocado pela paralização da luta, pela trégua em uma situação ainda não digerida.  Cede, então, ao impulso de sacudir o outro, de chamá-lo para mais um round de luta, buscando uma reação já esperada,  numa tentativa de reacender a questão não aceita.

            O provocador formou-se em meio a lutas e aprendeu a conhecer as fragilidades, os pontos fracos, dos outros. Está inconformado, revoltado, e resolve agir aproveitando quaisquer situações para tentar “reaquecer a relação”. E existem tantas formas de provocar a reação das pessoas à nossa volta!  Podemos relembrar fatos passados, num culpar sem fim... Podemos nos tornar vigilantes dos passos do outro para acusar e culpar no presente.  Podemos “criar” silêncios manipuladores, que induzam o outro à desconfiança, à insegurança... “O que quer dizer esse silêncio? O que virá depois?”   Podemos trazer assuntos polêmicos para, mais uma vez, confrontar questões, razões, paixões... Podemos repisar fracassos, enganos e tropeços para provar superioridade (Bem feito!). Podemos augurar novos fracassos, misérias ou rogar pragas...  Podemos ironizar, debochar, com palavras, gestos e meio sorrisos... Podemos usar de muxoxos, bater portas, olhar com agressividade ou desprezo... 

            As provocações são gritos e sussurros que traduzem insatisfação e agonia na relação. É importante estar atenta a mim mesma e reconhecer minhas provocações, mesmo as mais “ingênuas” e sem intenção...  

E então me perguntar : o que me levou ou me leva a provocar? Ou o que ainda me incomoda tanto nessa pessoa ou nessa situação? O que ainda dói tanto nessa relação, onde, afinal, só posso cuidar e modificar a mim?  Preciso estar me relembrando que o passado é imutável, mas o agora pertence a mim. O que quero para mim: provocações e mesquinharias sem fim ou a paz da aceitação do que não puder modificar?  Como construir minha paz interior?

E como lidar com os provocadores e suas provocações? É muito doído estar em constante luta, principalmente com aqueles que amamos!  Atenção para não entrar no jogo de quem está mal, revidar e deixar-se aprisionar nessas disputas. Atenção a mim: por que ainda me deixo irritar e intimidar com provocações? Preciso das minhas respostas para me libertar! Atenção para não aceitar provocações e poder comunicar, com gentileza firme e assertividade, que agora só aceito o compartilhar de ideias e sentimentos de modo honesto e respeitoso – e pacífico.  Como sempre, nas relações, em quaisquer relações, tudo se resolve a partir do respeito aos limites de cada um e da comunicação honesta.  Diziam os antigos: Quando um não quer, dois não brigam... A princípio, é irritante e difícil, mas é verdade!  

Ficam as reflexões: Tenho sido uma provocadora em algumas relações ou em alguns momentos?  Tenho acolhido, e até revidado, as provocações? Estou aprendendo a me “blindar” de provocações? Só o que interessa é o que posso modificar: Não provocar e não aceitar provocações! 

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