Dentre os
tantos papéis que desempenhamos nas nossas relações, aparece, insidioso e
inconformado, o papel do provocador, daquele que sacode a aparente “paz” do
momento. Mas, o que os leva, ou o que nos
leva, a provocar?
O provocador é alguém incomodado com
essa “paz”, para ele ainda mal resolvida. Sente-se movido por seu incômodo, sua
raiva, sua mágoa, sua vergonha, sua frustração... sentimentos lacrados em seu
próprio ressentimento, muitas vezes
insuspeitados por si mesmo. Sente-se, ele próprio, provocado pela paralização
da luta, pela trégua em uma situação ainda não digerida. Cede, então, ao impulso de sacudir o outro,
de chamá-lo para mais um round de luta, buscando uma reação já esperada, numa tentativa de reacender a questão não
aceita.
O provocador formou-se em meio a
lutas e aprendeu a conhecer as fragilidades, os pontos fracos, dos outros. Está
inconformado, revoltado, e resolve agir aproveitando quaisquer situações para
tentar “reaquecer a relação”. E existem tantas formas de provocar a reação das
pessoas à nossa volta! Podemos relembrar
fatos passados, num culpar sem fim... Podemos nos tornar vigilantes dos passos
do outro para acusar e culpar no presente.
Podemos “criar” silêncios manipuladores, que induzam o outro à
desconfiança, à insegurança... “O que quer dizer esse silêncio? O que virá
depois?” Podemos trazer assuntos
polêmicos para, mais uma vez, confrontar questões, razões, paixões... Podemos
repisar fracassos, enganos e tropeços para provar superioridade (Bem feito!). Podemos
augurar novos fracassos, misérias ou rogar pragas... Podemos ironizar, debochar, com palavras,
gestos e meio sorrisos... Podemos usar de muxoxos, bater portas, olhar com
agressividade ou desprezo...
As provocações são gritos e
sussurros que traduzem insatisfação e agonia na relação. É importante estar
atenta a mim mesma e reconhecer minhas
provocações, mesmo as mais “ingênuas” e sem intenção...
E então me perguntar
: o que me levou ou me leva a provocar? Ou o que ainda me incomoda tanto nessa
pessoa ou nessa situação? O que ainda dói tanto nessa relação, onde, afinal, só
posso cuidar e modificar a mim? Preciso
estar me relembrando que o passado é imutável, mas o agora pertence a mim. O que quero para mim: provocações e mesquinharias
sem fim ou a paz da aceitação do que não puder modificar? Como construir minha paz interior?
E como lidar com os provocadores e suas provocações? É muito
doído estar em constante luta, principalmente com aqueles que amamos! Atenção para não entrar no jogo de quem está
mal, revidar e deixar-se aprisionar nessas disputas. Atenção a mim: por que
ainda me deixo irritar e intimidar com provocações? Preciso das minhas respostas para me libertar! Atenção
para não aceitar provocações e poder comunicar, com gentileza firme e
assertividade, que agora só aceito o compartilhar de ideias e sentimentos de
modo honesto e respeitoso – e pacífico.
Como sempre, nas relações, em quaisquer relações, tudo se resolve a
partir do respeito aos limites de cada um e da comunicação honesta. Diziam os antigos: Quando um não quer, dois
não brigam... A princípio, é irritante e difícil, mas é verdade!
Ficam as reflexões: Tenho sido uma provocadora em algumas
relações ou em alguns momentos? Tenho
acolhido, e até revidado, as provocações? Estou aprendendo a me “blindar” de
provocações? Só o que interessa é o que posso modificar: Não provocar e não
aceitar provocações!
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