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domingo, 18 de setembro de 2016

FRAGILIDADE




            É a sensação que nos invade quando nos sentimos fracos, sem defesa, sem a proteção de nos sabermos  queridos, amados, valorizados...   A fragilidade pode ser um traço de caráter, que trazemos desde sempre conosco... Pode ser sentida apenas numa fase, quando nossas vidas foram violentamente sacudidas por acontecimentos dolorosos...  Pode ainda se refletir em apenas alguns momentos, quando tudo parece tomar uma grande proporção e é dessa forma que nos sentimos atingidos. 

            Vivendo em sociedades competitivas, nossas relações, afetivas ou não, familiares ou não, caracterizam-se por serem marcadas pelo medo de perder e sofrer. Então, todos nos fechamos, desconfiamos, nos defendemos e, muitas vezes até inconscientemente, machucamos e somos machucados. 

            Aqueles que, por temperamento, desde sempre se sentiram ou se fizeram de frágeis, se encolhem, se escondem ou buscam abrigo nos mais fortes. E assim se acomodam, correndo o risco de jamais tentarem descobrir quem são ou o que podem. 

Outros de nós, sacudidos por grandes perdas, sentimo-nos paralisados, confusos, inseguros, frágeis... e, ao retomarmos nosso caminhar, buscamos, muitas vezes, relações equivocadas, por escolhas feitas em momentos marcados pelo medo, vergonha, culpa...dor.

  Também as grandes mudanças no ciclo de nossas vidas, como a passagem da infância para a vida adulta, o tornarmo-nos pais, a aposentadoria, o envelhecer...  nos fazem sentir despreparados, frágeis, desprotegidos, para essas  novas fases. Inseguros, os mais jovens, com a “pele ainda fina” reagem defensivos, agressivos, às observações mais experientes, tentando disfarçar o medo e a fragilidade.  Os adultos, enfrentando novos papéis (o casamento, a paternidade, o divorcio, a disputa no mercado de trabalho, os filhos crescidos, a aposentadoria... ) usam suas máscaras de “saber e experiência” tentando demonstrar bom desempenho  e um bom currículo, enquanto disfarçam suas inseguranças e fragilidades ante os sucessivos desafios.  Os mais velhos, assustados, sentindo-se cada vez menos atuantes, menos ouvidos e mais esquecidos, ficam também mais sensíveis e tornam-se demasiadamente atentos à quaisquer pequenas desatenções, magoam-se facilmente, se fecham e se isolam...

É preciso entender que essas fragilidades e as dores exageradas a que elas nos submetem são naturais, mas também são responsabilidades de cada um de nós. Essas fragilidades são aspectos de nossa sombra ante os desafios que enfrentamos no processo de vivermos e crescermos.  Elas precisam de nossa própria atenção e cuidado. O mundo não vai mudar ou mesmo facilitar para nós.  Temos que aprender a andar e cuidar de nossas próprias dores e fragilidades.

             Cuidar de mim, de minhas fraquezas e fragilidades exige de mim compreensão e um imenso carinho pelo meu modo de ser e pelos meus momentos. Assim, posso entender a mim no fluxo da minha vida. Aceitar para mudar!  Paciência, carinho e constante valorização de como vou caminhando, de minhas pequenas vitórias. Dessa forma, cada vez mais confiante, bem cuidada e querida por mim mesma, poderei  entender  as dificuldades dos outros nas fases de suas vidas, as suas fragilidades, suas eventuais atitudes agressivas/defensivas  e então, estabelecer, fortalecida, meus limites dentro das relações.   Reconhecer , entender e cuidar das minhas fragilidades, dá-me asas cada vez mais fortes para voos mais livres e melhores.

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