É a sensação
que nos invade quando nos sentimos fracos, sem defesa, sem a proteção de nos
sabermos queridos, amados,
valorizados... A fragilidade pode ser
um traço de caráter, que trazemos desde sempre conosco... Pode ser sentida apenas
numa fase, quando nossas vidas foram violentamente sacudidas por acontecimentos
dolorosos... Pode ainda se refletir em
apenas alguns momentos, quando tudo parece tomar uma grande proporção e é dessa
forma que nos sentimos atingidos.
Vivendo em sociedades competitivas,
nossas relações, afetivas ou não, familiares ou não, caracterizam-se por serem
marcadas pelo medo de perder e sofrer. Então, todos nos fechamos, desconfiamos,
nos defendemos e, muitas vezes até inconscientemente, machucamos e somos machucados.
Aqueles que, por temperamento, desde
sempre se sentiram ou se fizeram de frágeis, se encolhem, se escondem ou buscam
abrigo nos mais fortes. E assim se acomodam, correndo o risco de jamais
tentarem descobrir quem são ou o que podem.
Outros de nós, sacudidos por grandes perdas, sentimo-nos
paralisados, confusos, inseguros, frágeis... e, ao retomarmos nosso caminhar,
buscamos, muitas vezes, relações equivocadas, por escolhas feitas em momentos
marcados pelo medo, vergonha, culpa...dor.
Também as grandes
mudanças no ciclo de nossas vidas, como a passagem da infância para a vida
adulta, o tornarmo-nos pais, a aposentadoria, o envelhecer... nos fazem sentir despreparados, frágeis,
desprotegidos, para essas novas fases. Inseguros,
os mais jovens, com a “pele ainda fina” reagem defensivos, agressivos, às
observações mais experientes, tentando disfarçar o medo e a fragilidade. Os adultos, enfrentando novos papéis (o
casamento, a paternidade, o divorcio, a disputa no mercado de trabalho, os
filhos crescidos, a aposentadoria... ) usam suas máscaras de “saber e
experiência” tentando demonstrar bom desempenho
e um bom currículo, enquanto disfarçam suas inseguranças e fragilidades
ante os sucessivos desafios. Os mais
velhos, assustados, sentindo-se cada vez menos atuantes, menos ouvidos e mais
esquecidos, ficam também mais sensíveis e tornam-se demasiadamente atentos à
quaisquer pequenas desatenções, magoam-se facilmente, se fecham e se isolam...
É preciso entender que essas fragilidades e as dores exageradas
a que elas nos submetem são naturais, mas também são responsabilidades de cada
um de nós. Essas fragilidades são aspectos de nossa sombra ante os desafios que
enfrentamos no processo de vivermos e crescermos. Elas precisam de nossa própria atenção e
cuidado. O mundo não vai mudar ou mesmo facilitar para nós. Temos que aprender a andar e cuidar de nossas
próprias dores e fragilidades.
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