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terça-feira, 11 de julho de 2017

CUMPLICIDADE




         Embora usemos muitas vezes o termo “cumplicidade” para dizer que estamos juntos, amigos para “o que der e vier”, essa palavra, também traz com ela o peso de coisas escondidas, não ditas, mentidas, omitidas... Somos cúmplices do que não deve ou não pode ser revelado, quando entendemos que aquilo não é o “certo” e aquela verdade deve ser escondida. Nas historias contadas em livros, filmes, televisão... Nas histórias entre desconhecidos e conhecidos, entre amigos e, principalmente, em família... o “mal”, o erro, os desencontros, criam-se, desenvolvem-se e se perpetuam a partir dos não ditos, dos segredos, dos quais nos tornamos cúmplices Em nome do que será “melhor”, em nome da amizade, do “amor”, da lealdade a uns, tornamo-nos cúmplices da traição a outros! Somos cúmplices, também, por não querermos nos envolver em problemas “dos outros”! Somos cúmplices quando nos omitimos para não quebrar nossa imagem de “legais e discretos”. Somos cúmplices quando assim fugimos à responsabilidade de tomarmos uma atitude honesta, de sermos leais à Verdade. Somos cúmplices ao acobertarmos atitudes que achamos erradas, mas que nos trazem algum tipo de consequência desejada ou favorecem o nosso controle sobre pessoas e situações.  Existem tantas outras formas de fugirmos à Verdade, de nos tornarmos cúmplices de omissões e mentiras!... E é tão difícil sermos honestos, desafiarmos nossas desculpas e nossos medos!  Parece tão mais cômodo não ver, não dizer, não se colocar...

            Mas a cumplicidade traz um preço doloroso. Sempre seremos responsabilizados, senão pelos traídos, mas por nossa consciência, num eterno combate interior, cheio de autojustificativas, que não logram definitivamente nos convencer.  Querendo ou não, fizemos uma escolha ao calar verdades. Quaisquer que sejam os motivos que nos movam: medo, proteção aos indefesos, proteção aos que amamos, aos nossos interesses, pretensão e prepotência na tentativa de controle da vida dos outros... Na verdade, calar as verdades nos tornam cúmplices das mentiras!

            A Honestidade é uma atitude muito difícil num mundo tão desonesto em tantos sentidos, num mundo de lutas onde nos sentimos tão acuados, num mundo onde aprendemos a justificar sempre a mentira...   Mas, mesmo nas relações mais próximas, não preciso tomar partidos, posso me negar a ser depositário, e ficar refém, dos segredos e mentiras alheios.  Posso devolver ao outro seu segredo e avisar que me sinto desobrigado de ser o guardião de suas escolhas ou de seus deslizes, que não me omitirei à verdade.

            Mantenha-o Simples! Não Complique! ”A Verdade vos Libertará”!   Evitarei não   me deixar subjugar pelos meus medos e “motivos”, criando meus próprios segredos e mentiras e tentarei não aceitar ser cúmplice dos outros!

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