Embora
usemos muitas vezes o termo “cumplicidade” para dizer que estamos juntos,
amigos para “o que der e vier”, essa palavra, também traz com ela o peso de
coisas escondidas, não ditas, mentidas, omitidas... Somos cúmplices do que não deve
ou não pode ser revelado, quando entendemos que aquilo não é o “certo” e aquela
verdade deve ser escondida. Nas historias contadas em livros, filmes, televisão...
Nas histórias entre desconhecidos e conhecidos, entre amigos e, principalmente,
em família... o “mal”, o erro, os desencontros, criam-se, desenvolvem-se e se
perpetuam a partir dos não ditos, dos segredos, dos quais nos tornamos
cúmplices Em nome do que será “melhor”, em nome da amizade, do “amor”, da
lealdade a uns, tornamo-nos cúmplices da traição a outros! Somos cúmplices,
também, por não querermos nos envolver em problemas “dos outros”! Somos
cúmplices quando nos omitimos para não quebrar nossa imagem de “legais e discretos”.
Somos cúmplices quando assim fugimos à responsabilidade de tomarmos uma atitude
honesta, de sermos leais à Verdade. Somos cúmplices ao acobertarmos atitudes
que achamos erradas, mas que nos trazem algum tipo de consequência desejada ou
favorecem o nosso controle sobre pessoas e situações. Existem tantas outras formas de fugirmos à
Verdade, de nos tornarmos cúmplices de omissões e mentiras!... E é tão difícil
sermos honestos, desafiarmos nossas desculpas e nossos medos! Parece tão mais cômodo não ver, não dizer,
não se colocar...
Mas a cumplicidade traz um preço
doloroso. Sempre seremos responsabilizados, senão pelos traídos, mas por nossa
consciência, num eterno combate interior, cheio de autojustificativas, que não
logram definitivamente nos convencer.
Querendo ou não, fizemos uma escolha ao calar verdades. Quaisquer que
sejam os motivos que nos movam: medo, proteção aos indefesos, proteção aos que
amamos, aos nossos interesses, pretensão e prepotência na tentativa de controle
da vida dos outros... Na verdade, calar as verdades nos tornam cúmplices das
mentiras!
A Honestidade é uma atitude muito
difícil num mundo tão desonesto em tantos sentidos, num mundo de lutas onde nos
sentimos tão acuados, num mundo onde aprendemos a justificar sempre a
mentira... Mas, mesmo nas relações mais próximas, não
preciso tomar partidos, posso me negar a ser depositário, e ficar refém, dos
segredos e mentiras alheios. Posso
devolver ao outro seu segredo e avisar que me sinto desobrigado de ser o
guardião de suas escolhas ou de seus deslizes, que não me omitirei à verdade.
Mantenha-o Simples! Não Complique! ”A
Verdade vos Libertará”! Evitarei
não me deixar subjugar pelos meus medos
e “motivos”, criando meus próprios segredos e mentiras e tentarei não aceitar
ser cúmplice dos outros!
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