Pesquisar este blog

segunda-feira, 17 de julho de 2017

RESGUARDANDO LIMITES




           Resguardar limites é o que garante respeito à dignidade e à individualidade de cada um de nós em quaisquer relações. Mas, quanto mais próximas essas relações, estabelecer e resguardar esses limites, revela-se muito difícil e até muito doloroso!

            Queríamos poder ser pais, mães, avós, irmãos, amigos... perfeitos e heroicos, abraçando e protegendo aqueles que tanto amamos. Desejávamos ser para eles o sustento, a direção, a condução... Mas, hoje aprendemos que eles precisam caminhar sozinho, e nós também! Mesmo quando temos destinos próximos, todos somos únicos e, quando tudo se mistura e embaralha, sentimo-nos aleijados, dependentes, presos e lutamos, instintivamente, pela necessidade de nos desvencilhar uns dos outros.

            Até chegarmos a esse entendimento e optarmos por estabelecer esses limites, quantas experiências, quantos erros, quantas decepções, quantas culpas, quantas tentativas, quantas idas e vindas tão dolorosas! Parece ter que ser assim. Só aprendemos e avançamos aos trancos, no “tranco”, na dor!

            Estabelecer e resguardar limites, quaisquer limites, é abrir mão da tentativa de poder, de controle do outro. É a retomada de poder sobre nós mesmos e do nosso espaço; é o aprender a viver a própria vida, sem se escorar naquele que pretendíamos controlar; é abrir mão do laço apertado de apego, ao qual nos acostumamos ao amar. Exige uma revisão do que é “amor”, do que é amor a nós mesmos e do que é amor aos outros. Exige, também, muita honestidade com meus propósitos, com meus sentimentos, meus medos, minhas próprias dependências, com o limite do que posso, do que ainda aguento, nesse embaralhar de vidas e caminhos. Exige, sobretudo, coragem para olhar o Outro, suas mágoas e espanto, quando nos negamos a aceitar seus hábitos invasivos e suas expectativas em relação a nosso espaço e disponibilidade, antes tão dedicados a ele. Exige, também, coragem e perseverança para resistir às culpas, ao medo de perder, de ser rejeitado, às manipulações e às tentativas contínuas de volta aos velhos hábitos e apegos. Exige abrir mão de nossa imagem de “legal, de bonzinho, de herói”! 

            Nossos medos e apegos é que nos levaram a aceitar mentiras, desculpas arranjadas, manipulações tolas, promessas repetidas de mais respeito na relação... Eles nos levaram a acreditar no inacreditável, para adiar ou rever a tomada de atitudes que resguardassem nossos limites. “É a última vez...” “Você promete?...”   Tudo é tão difícil!  Dói Tanto!

             Em qualquer desligamento de nossas simbioses, como num desmame, um chora porque se sente abandonado e injustiçado e o outro sofre porque se sente culpado e esvaziado. É muito doloroso, mas é necessário.    É o preço que temos que pagar pela Liberdade, pela Verdade, pela Dignidade, pelo Direito de sermos o que somos, de sermos o que podemos e queremos ser e para permitirmos que o Outro siga de seu jeito, ainda que a princípio reclame e não queira.

            Respeitar regras estabelecidas e atualizadas, ser assertivo, estabelecer, comunicar e resguardar meus limites é o que garante o respeito a mim e ao Outro; é o que faz valer a pena nossas relações.

Um comentário:

Se preferir, envie também e-mail para mariatude@gmail.com

Obrigada por sua participação.