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segunda-feira, 24 de julho de 2017

IRA E “DESCARREGO”




           “Carregamos” emoções e sentimentos agressivos, a nós e aos outros, durante muito tempo, muitas vezes abafados, acumulando, azedando, transformando-se de frustração em irritação, raiva, mágoa, ressentimento... às vezes, explodindo em ira e aos poucos nos implodindo, envenenando-nos a alegria de viver e a leveza em nossas relações.
            Começam, quase sempre, com coisas pequenas, tolas... Coisas que eu “não esperava”, que se contrapunham à minha vontade e expectativa, situações e pessoas sobre as quais eu não tinha controle (embora achasse que tinha), situações e pessoas que eu idealizava e depois me desiludia, porque não eram reais!    Mas, mesmo assim, “Até que ponto eram importantes?”
            E nossa dimensão emocional foi ficando saturada com emoções negativas, que fomos deixando crescer e se acumula, em consequência de nossa inércia, passividade, e falta de atitudes assertivas em nossas relações. Esperávamos (outra ilusão) que os outros se modificassem para que fôssemos poupados de nos posicionar em respeito a nós mesmos.
            Tantas emoções destrutivas aprisionadas em nosso interior por crenças, necessidade de aprovação, ilusões, medo... podem nos forçar a um descontrole emocional, até a Ira, a fúria. Quando o “saco” está cheio, qualquer palavra ou “sacolejo” nos faz transbordar em cima de quem estiver por perto. Nesse momento, fica difícil controlar a nós mesmos! Ficamos rebeldes, desafiadores. Não queremos, nem conseguimos, nos acalmar, pensar e agir com lucidez, ou até mesmo rezar! A Ira nos arrebata! É muito ruim!
Então, em crise, toda a energia que circula em nós parece estar contaminada, atraindo pessoas e situações semelhantes – pesadas e adoecidas emocionalmente.  Ficamos até fisicamente adoecidos, estamos “pesados”, sentimos que precisamos nos limpar, nos “descarregar” desse excesso doentio e negativo. Buscamos limpezas energéticas, que recebemos de fora através de rezas, reick, passes mediúnicos, águas bentas, exorcismos, jorey... Essas práticas nos ajudam na medida em que buscam “queimar” e transmutar essas energias negativas, enquanto despertam energias sadias recebidas através dessas vivências de boa vontade e amor. Mas é necessário que não voltemos a criar essa massa doentia em nós!
É necessário um “descarrego” interior. No momento da crise, da Ira, tenho necessidade, antes de tudo, de me acolher, me aceitar, sem sermões, sem auto censura...  Respeitar meus limites naquele momento, dar-me um tempo para esvaziar e tentar reaver meu equilíbrio... Depois, preciso drenar fisicamente o excesso de energia desencadeado por minha intensa raiva: correr, cansar, gritar, chorar... Drenar psicologicamente, simbolicamente, desenhando, escrevendo, queimando, compartilhando... Após um tempo, preciso buscar o silêncio da natureza para me refazer e onde posso conversar com quem, realmente, me sente e entende – Deus.
           Toda crise nos sinaliza que há necessidade de mudança. É importante iniciar um processo de drenagem contínua desse lixo emocional que criamos com nossas crenças equivocadas, com nossas expectativas idealizadas e absurdas, frutos de orgulho, vaidade e infantilidade e da nossa falta de coragem por não sermos honestos e assertivos em nossas relações. Quando não aprendemos com a crise, somos condenados a repetir, repetir, repetir... até murchar ou “morrer de raiva”!

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